Martinho Júnior | Luanda
1- A ultra-periferia económica e financeira a que tem sido condenada África vai continuar pois o republicano Donald Trump deu intensa luz verde nesse sentido.
Em finais do ano de 2016, num discurso proferido em Nebraska e respondendo a um jornalista sul-africano, ele argumentou:
“It is shameful for African leaders to seek exit from ICC.
In my view, these leaders want to have all the freedom to oppress their poor people without anyone asking them a question.
I think there is no shortcut to maturity and in my view, Africa should be recolonized because Africans are still under slavery.
Look at how those African leaders change constitutions in their favour so that they can be life presidents.
They are all greedy and do not care about the common people.
When I saw them gang up against ICC yet they can’t even find an amicable solution for the ongoing quandary in Burundi, I thought to myself these people lack discipline and humane heart.
They can’t lead by example.
The only thing they are interested in is accumulating wealth from poor tax payers. Before they think of exiting from ICC, they should first restore peace in Burundi and other war-torn countries rather than gathering like hyenas with the aim of finishing the poor people”.
2- Com esse tipo de argumentos e justificações, África vai continuar à mercê dos apetites dos abutres, que agora receberam este novo incentivo às suas acções.
O jovem Macron que agora chegou ao poder em França, deve-se sentir muito lisonjeado, pois do lado da “FrançAfrique” era necessário pelo menos um “piscar de olhos”, até por que os gastos em termos de inteligência e em termos militares dos “gendarmes” franceses aumentaram consideravelmente, o que é um evidente sinal que as multinacionais francófonas implicadas na“FrançAfrique” aumentaram o saque, o saque que tem sido África a custear em todas as suas implicações, inclusive na moeda CFA... agora sob o efeito duma visão “economicista” do continente.
A Costa do Marfim, uma das “portas de entrada” mais suculentas para o “hinterland” está“configurada” ao sistema e essa “funcionalidade” junta-se no oeste-africano ao Senegal e ao Gabão, onde as bases militares francesas são permanentes, ainda que com composição variável face à tipologia de ameaças (e em África o que não faltam, à mão-de-semear, são riscos e ameaças).
Se juntarmos os “bons ofícios” de Marrocos, enquanto colonizador e por osmose “correia de transmissão” neocolonial, então pode-se considerar que na costa ocidental africana, a“FrançAfrique” move-se completamente à vontade e em amplos circuitos que agenciam irreversivelmente e década após década, os poderes dos países africanos de toda a região e Sahel adentro.
O progressista Michel Colon em relação à evolução da situação na Costa do Marfim, tradicional“pedra-angular” da “FrançAfrique”, alerta:
“Con las limitadas fuerzas de nuestro equipo de Investigaction, es imposible tratar cada una de estas intervenciones como debería ser!
He trabajado mucho sobre la agresión contra Libia, produciendo un libro y una película corta.
Era verdaderamente una guerra contra toda África.
Pero Costa de Marfil es también un ejemplo flagrante de injerencia y neocolonialismo.
Encarcelar en La Haya a un presidente que solo quiso defender la independencia de su país sirve para intimidar a todos los que en África querrían liberarse de la África francesa.
En mi opinión, se ha podido hablar muy poco y gran cantidad de público ha mantenido una impresión confusa, fabricada por los medios de comunicación.
Las técnicas de satanización mediáticas han funcionado bien.
Así que, comprobar los hechos con testigos directos me parecía indispensable para sensibilizar a un público más amplio y empezar a cambiar el equilibrio de fuerzas”…
Tal qual o assalto que está a acontecer à América Latina, duma forma ou de outra África sofrerá ainda mais impactos neocoloniais (no caso de Marrocos com a âncora colonial do Sahara) e nem a África Austral está a salvo da voracidade terminal da hegemonia unipolar!
A consultar:
“There Is No Shortcut To Maturity, Africa Should Be recolonized” – https://www.africametro.com/world-news/us-canada/donald-trump-no-shortcut-maturity-africa-recolonized
Entrevista a Michael Collon – "Costa de Marfil es un ejemplo flagrante de injerencia y neocolonialismo" –http://www.investigaction.net/michel-collon-la-cote-divoire-est-un-exemple-flagrant-dingerence-et-de-neocolonialisme
Opération Licorne – https://fr.wikipedia.org/wiki/Op%C3%A9ration_Licorne
Fotos e ilustrações: Só faltava o Trump para “sentenciar” sobre África; “peração Licorne, para garantir a“FrançAfrique” na Costa do Marfim; Ouatara, o Presidente-fantoche da “FrançAfrique”.
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