sábado, 11 de novembro de 2017

Isso que comeis, não são (só) ervas, não



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Fugas
 
 
  Sandra Silva Costa  

Antes de mais, o seu a seu dono: o título desta newsletter é uma adaptação de um verso do poema “Verdes são os campos”, de Luís de Camões, e aparece aqui porque, no brainstorming que fizemos a propósito do nosso especial de gastronomia, que hoje servimos, a Alexandra Prado Coelho trouxe a voz de Zeca Afonso e a lírica de Camões para animar a conversa.
Reposta a verdade, vamos ao que realmente interessa: comida. Uma vez por ano, dedicamo-nos inteiramente a descobrir histórias apetitosas que queremos partilhar consigo. Escolhemos um tema principal e depois compomos um ramalhete com outros assuntos sumarentos e deliciosos. Nesta edição, privilegiamos as experiências na área do vegetarianismo e do veganismo que se vão implantando pelo país e chegamos a conclusões bem saborosas. A primeira é esta: há muita vida para além da carne (e novo parêntesis para entregar o seu a seu dono: este título foi sugestão da nossa designer gráfica Daniela Graça, vegetariana por convicção há quase dez anos). Descobrimos, então, que há queijos e iogurtes que podem ser comidos sem culpaschocolates de alfarrobabolos crusalheiras de cogumelos – e a lista continua, até chegar a um redondo dez. Bons exemplos não faltam, como pode ver aqui – e perceberá que os vegetarianos e veganos não comem apenas legumes, como muito boa gente poderá pensar. Só mais uma achega: o Tiago Pais entrevistou Paul Ivic, um dos poucos chefs com estrela Michelin à frente de um restaurante exclusivamente vegetariano (TIAN, Viena, Áustria), que lhe explicou que “o vegetarianismo não é uma tendência, é uma necessidade”.
Mas nem só de “ervas” vive o nosso especial de gastronomia. A Alexandra Prado Coelho, por exemplo, andou por Bragança a perceber como se fazem (e como são exactamente) os cuscos e pelo meio experimentou dois restaurantes bem diferentes: o Batoque, que privilegia os cogumelos na confecção dos seus pratos, e o Porta, a nova aventura do chef André Silva.
E depois de Bragança fez-se à estrada até Santarém, onde foi conhecer as experiências de Rodrigo Castelo na sua Taberna Ó Balcão – e não só, que o chef vai abrir uma marisqueira na Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa.
Já o Luís Octávio Costa meteu as mãos na massa em Sernancelhe para ficar a conhecer um doce que não é doce. O título da reportagem é bem sugestivo: "O forno que pariu os fálgaros". E não, não é só um trocadilho: diz-se por lá que os populares chamavam “ao forno onde coziam os fálgaros ‘prenheiro’, como se de uma barriga grávida se tratasse”.
Para o fim – ou quase – fica o texto do José Augusto Moreira, que de certa forma antecipa o Natal que aí vem. Ele e o Nelson Garrido foram visitar a Lugrade, empresa que se dedica à comercialização de bacalhau. Seco e salgado, como convém às mesas portuguesas, mas também, e cada vez mais, demolhado e ultracongelado. A história está toda aqui.
Sugestão de despedida: porque não testar os seus conhecimentos de gastronomia no quizz que o Miguel Pires nos preparou? Eu fiz – sem batota – e obtive um resultado que nem me desmerece de todo.
Volto para a semana à hora do costume. Até lá, bom apetite. E já sabe, aqui há sempre sugestões a pensar em si.

Vale a pena voltar aqui



Vida número três: a multinacional ficou para trás, venha a viagem

Carlos Melo Ribeiro, ex-CEO da Siemens, dividiu a vida em três partes. Entrou, há pouco mais de um ano, na terceira e já completou uma viagem, ao Butão. A experiência saiu agora em vídeo, pelas mãos do filho, que o acompanhou até à Ásia.

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