David Dinis, Director
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Ora viva!
Começo por uma notícia que se adivinhava ontem:
Leonardo da Vinci deu cabo do recorde de Picasso: o quadro Salvator Mundi foi ontem vendido por uns loucos 382 milhões de euros, o dobro do que tinha conseguido Le Femmes d´Alger Algiers do pintor espanhol. Os especialistas já lhe chamam o "Santo Graal do mundo da arte".
Um grupo de conservadores quer comprar a Time. Segundo o New York Times, os irmãos Koch estão a angariar financiadores para controlar uma das revistas mais influentes da América - e do mundo. O preço será pouco mais do que um... da Vinci.
Trump disse que o futuro da América "nunca foi tão brilhante". O Presidente marcou uma conferência de imprensa para descrever a sua viagem pela Ásia e fez um rasgado... auto-elogio. Enquanto isso, no Senado, um pequeno grupo de republicanos prometia guerra ao seu plano fiscal, conta o NYT.
Há um planeta extra-solar que está a vir ao nosso encontro. E muito perto de nós, diz-nos a Teresa Firmino. Sem nos querer assustar: é que, em linguagem astrofísica, "muito perto" quer dizer isto.
O que marca o dia
A nossa manchete é sobre a guerra entre Governo e professores. Para lhe contar que a UGT admite um acordo faseado, “até por futuras legislaturas”. Na entrevista ao PÚBLICO e Renascença, Carlos Silva diz que mandou “pela primeira vez” um SMS a Costa a pedir negociação pelos professores. E que falaram na segunda-feira à noite. A UGT sente “uma certa orfandade”. Mas está aberta a negociar um acordo comportável para Centeno.
Mas talvez não chegue. É que, hoje, dia em que as negociações são retomadas, a FNE não diz exactamente a mesma coisa à TSF. E a Fenprof, claro, muito menos (ver aqui). Do Governo já se sabe: até 2020 não há dinheiro para as reivindicações dos professores. E da manif de ontem também conhecemos o final - sabor a vitória, mas muita incerteza. O João Miguel Tavares tem um belo título para isto: descongela e põe no frigorífico.
Já agora, sobre funcionários públicos, registe um dado novo: recuperaram 85 euros em seis anos (em média).
Voltando a problemas adiados: o orçamento para a floresta e incêndios vai ser negociado até ao fim do prazo (certo, certo, no Orçamento, é que há dinheiro para manuais gratuitos para o 2º ciclo, diz o Negócios).
E que tal mais um caso adiado? Quase duas semanas depois, pouco se sabe sobre a origem do surto de Legionella.
E sobre Legionella e Tancos, o que diz Marcelo? Que tem "memória de elefante".
Já que falamos do Presidente, vale a pena saber como Ricardo Salgado envolveu Marcelo Rebelo de Sousa com Álvaro Sobrinho - a pré-publicação de "A Conspiração dos Poderosos", um livro do meu amigo Luís Rosa sobre Os Segredos do Saco Azul do Grupo Espírito Santo.
E já que falamos de Angola, anote uma notícia do Correio da Manhã: Proença de Carvalho foi acusado de negociar um perdão para a elite angolana.
Para mantermos os olhos bem abertos: em apenas um mês, mais de cinco mil militantes do PSD pagaram quotas para poderem votar.
Para mantermos os olhos bem abertos II: a Altice diz que mudou de estratégia e que pôs fim às aquisições, para dar prioridade à redução da dívida (e onde é que isto deixa a TVI?).
Para mantermos os olhos bem abertos III: a Galp quer adiar o furo de petróleo no Alentejo para 2018 - e o Governo está a avaliar o pedido.
Para ter fé de que o esforço compensa: um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos mostra como ter um mestrado protegeu os jovens dos efeitos da crise.
Um mundo inquieto
1. Para onde irá Angola? O novo Presidente começou uma limpeza, atingindo em cheio o coração do clã do ex-Presidente com o afastamento de Isabel dos Santos (e não só). Um ex-primeiro-ministro angolano fala de um "resgate nacional", mas vários observadores registam ainda a dúvida: será mesmo uma viragem? O Diogo mostra-se optimista no nosso Editorial. Alex Vines, director do Programa para África da Chatham House, dá respostas à Sofia Lorena: "O estado da economia angolana tornava estas mudanças urgentes". Mas as mudanças ainda não chegaram aqui. E a Portugal? Que impacto terão? A pergunta chega, desde já, ao BCP.
2. A Alemanha vai ter uma Jamaica? Termina hoje o prazo fixado por Angela Merkel para as pré-negociações para uma coligação de Governo, mas as conversas entre os partidos estão a mostrar-se mais difíceis do que o previsto. A Maria João Guimarães mostra-nos onde estão os problemas - e como eles se cruzam connosco. Numa curta entrevista para nos ajudar a ler a bola de cristal, Carsten Koschmieder, professor de Ciência Política, avança com uma previsão: as conversas não acabarão aqui.
3. Golpe ou não golpe, no Zimbabwe? Houve um golpe, mas o importante é que o país mudou para sempre após intervenção militar. Explicam a Maria João e a Sofia Lorena: "Durante quatro décadas de poder, Robert Mugabe sempre conseguiu controlar os acontecimentos que ameaçaram o seu poder: de sanções internacionais a uma oposição destinada a vencer eleições. Mas acabou por ser uma acção sua que pôs em movimento uma cadeia de acontecimentos de desfecho imprevisível." Até esta manhã, estava neste ponto. Se quiser mais contexto, anote quem foi o alvo dos militares. E, sobretudo, anote a explicação do nosso Jorge Almeida Fernandes: "E se o confronto derrapar e se tornar num conflito aberto? É um cenário que tira o sono aos vizinhos do Sul e do Leste de África".
Agenda do dia
Os sindicatos de professores reúnem-se com o Ministério da Educação, tentando retomar negociações sobre o descongelamento das carreiras. Na economia, registo para os dados finos do INE sobre as exportações (que desaceleraram) e também para o fim do prazo para os accionistas do Montepio venderem acções à Mutualista.
Lá por fora, teremos que confirmar se há acordo na Alemanha, assim como seguir o que acontece no Zimbabwe, mas o ponto alto está entregue à Tesla, que nos vai mostrar o seu primeiro camião eléctrico.
Por aqui, no PÚBLICO, a nossa ambição é contar-lhe tudo isto e mais alguma coisa. E o nosso desejo é só um: que tenhamos todos um dia tão produtivo quanto feliz.
Até amanhã!
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