Por volta das 08h00 da manhã de sábado (21), mais uma vez, a insensatez ao volante podia ter custado a vida de quase meia centena de pessoas na capital moçambicana. Um sinistro rodoviário ocorrido no bairro de Magoanine, concretamente na zona de CMC, deixou 42 vítimas, 15 das quais em estado grave. Até ao fecho desta edição não havia registo de óbitos, mas uma avaliação dos médicos do maior hospital de Moçambique sugeria que pelo menos nove cidadãos teriam, desde aquele dia, suas vidas transformadas em pesadelo.
O sinistro, que segundo a Polícia da República de Moçambique (PRM) resultou da inobservância de algumas das regras elementares de trânsito, deu-se na Estrada Circular de Maputo e envolveu cinco viaturas, das quais uma carinha de caixa aberta, três minibuses de transporte de passageiros e uma viatura ligeira.
Este desastre, a partir do qual alguns compatriotas terão as suas vidas completa ou parcialmente dependentes de terceiros, é um caso concreto do tipo de condução que não deveria acontecer nas estradas do país nem em qualquer outra parte do mundo, mormente porque não faltam advertências e apelos para a necessidade de se pautar por um condição defensiva.
E se todos aqueles que se põem ao volante de um veículo colocassem a mão na consciência e pensassem nas consequências deste tipo de drama, talvez milhares de vidas seriam poupadas.
Guilherme Quemelo, membro da brigada da Polícia de Trânsito (PT) que acorreu ao local, explicou que a carinha de caixa aberta cortou prioridade a um dos minibuses, que circulava a alta velocidade.
Ao ser cortado prioridade, o motorista do referido miniautocarro tentou, sem sucesso, evitar a desgraça. Ele embateu violentamente num outro minibus e, de seguida, projectou-se contra uma barreira de protecção de um poste de iluminação pública, instalado no separador central da via.
Antes de atingir outras viaturas em circulação noutra faixa de rodagem, o mesmo minibus ziguezagueou, cambaleou e acabou na horizontal, bloqueando por completo a estrada.
Para além de pessoas estateladas e gritando pela ajuda, vários destroços espalharam-se pelo chão regado de sangue, combustível, óleo e outros lubrificantes dos veículos envolvidos na tragédia.
O trânsito ficou condicionado por pelo menos mais de uma hora e foi necessária a intervenção do Serviço Nacional de Salvação Pública (SENSAP) e de outras viaturas particulares de reboque para normalizar a situação. Os dois minibuses transformaram-se em sucatas e irreconhecíveis e houve também danos avultados nas outras três viaturas.
O pior não aconteceu à vítimas graças à ponta intervenção dos transeuntes e moradores daquela zona residencial. Algumas carinhas de caixa aberta, vulgarmente conhecidas por my love, foram mobilizadas em socorro aos sobreviventes.
Madalena Manjate, do Serviço de Urgência no Hospital Central de Maputo (HCM), confirmou que 42 feridos deram entrada naquela unidade sanitária. Dos doentes em questão, nove sofreram fraturas múltiplas e, destes, quatro com fraturas expostas, “o que significa” que foram urgentemente submetidos à cirurgia para estabilizá-los.
“Temos uma vítima que, infelizmente, sofreu amputação do membro inferior esquerdo e está na sala de reanimação”, disse a médica, acrescentando que outros cinco pacientes tiveram “traumatismo abdominal fechado” e outros ainda contraíram fraturas na face e foram assistidas por um especialista maxilo-facial.
A situação relatada por aquela médica movimentou as equipas de “radiologia, maxilo-facial, ortopedia, cirurgia e reanimação”.
Algum automobilista ou passageiro imagina não mais poder caminhar ou ver num abrir e fechar de olhos? Eis parte do destino reservado a alguns concidadãos envolvidos naquele sinistro.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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