quarta-feira, 11 de julho de 2018

Presidente Nyusi reconhece que o modelo económico de desenvolvimento de Moçambique "afigura-se insustentável" e anunciou o início do "pós crise"

Foto da Presidencia da República
O Presidente Filipe Nyusi reconheceu nesta segunda-feira (09) que modelo económico que colocou o nosso país a crescer a uma média de 7 por cento até antes da descoberta das dívidas ilegais “afigura-se insustentável”, não tendo no entanto apresentado uma alternativa de desenvolvimento que não aumente o número de pobres. Discursando numa das únicas empresas pública que não está em falência o Chefe de Estado anunciou triunfalista que os nossos principais indicadores económicos “marcam o início do pós-crise” em Moçambique.
A comemoração dos 123 anos de criação dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), a 8 de Julho de 1895 entrou em funcionamento a chamada linha de Lourenço Marques-Transval, serviu de mote para o Presidente Nyusi regressar à empresa onde trabalhou antes de entrar para o Governo e fazer mais uma auto avaliação triunfalista da sua governação já em tom de pré-campanha para a sua reeleição em 2019.
“Os Caminhos de Ferro foram e são uma plataforma crucial na construção da cidadania moçambicana. Por isso estamos aqui mais uma vez para prestar homenagem a milhares de moçambicanos que, ontem e hoje, deram e continuam a dar a sua contribuição, através desta empresa para manter em pé este país. Estamos aqui para reconhecer a entrega dos moçambicanos, que hoje não se rendem perante as dificuldades e que com o trabalho se vingam contra todo o tipo de crises”, começou por declarar o estadista.
Discursando após o Presidente do Conselho de Administração dos CFM apresentar a boa saúde financeira desta empresa que ao longo dos anos tornou-se rendeira, Filipe Nyusi apontou-a como um exemplo a ser seguido por outras empresas nacionais e desafiou: “Nenhum gestor deve encontrar a palavra crise para justificar o seu insucesso. Estamos colocados nos postos para vencer as crises”, sem no entanto admitir que a crise moçambicana foi precipitada pela descoberta das dívidas ilegalmente contraídas durante o mandato de Armando Guebuza e quando o actual Presidente ocupava o pelouro da Defesa.

Nyusi reconhece que o modelo económico de desenvolvimento de Moçambique "afigura-se insustentável"
Foto da Presidencia da República
Diante de perto de um milhar de trabalhadores dos Caminhos de Ferro, a quem nem sequer foi servido um almoço, o Chefe de Estado aproveitou para auto avaliar-se: “No lançamento do novo ciclo de governação em 2015 assumimos como compromisso a construção de uma economia robusta e inclusiva, por isso queremos usar este espaço para avaliar o estágio da nossa economia e actualizar os moçambicanos os níveis dos nossos esforços”.

“Apesar da média de crescimento de 7 por cento que Moçambique conquistou ao longo das últimas décadas tínhamos a consciência que o modelo económico afigura-se insustentável pelos baixos índices de produtividade e competitividade apresentados e pela crescente acumulação de dívida externa acompanhada pelo despesismo acentuado do Estado” admitiu Nyusi, um facto constatado e alertado durante o período pelos poucos académicos não alinhados com o partido no poder e na altura apelidades de “Apóstolos da desgraça”.
O Presidente de Moçambique disse que o seu Governo está a fazer “reformas estruturais” para “o combate à Pobreza”, paradoxalmente as estatísticas oficiais mostram que o número de pobres não pára de aumentar no nosso país.

“Estes sinais da nossa economia marcam o início do Pós-Crise”
Filipe Nyusi fez referencia a conhecida “diminuição do fluxo de Investimento Directo Estrangeiro”, mas não admitiu que parte dessa redução está ligada às dívidas ilegais que impedem Moçambique de financiar-se nos mercados internacionais.
“A outra característica desta crise foi a diminuição da ajuda directa estrangeira aos países com economias em desenvolvimento e em Moçambique agravada pelo endividamento excessivo que esteve na origem da diminuição da capacidade de investimento. Perante este quadro impunha-se uma abordagem rigorosa de gestão de contas públicas tendo como premissas a consolidação das contas públicas, em linguagem mais perceptível falamos do levantamento e registo de todas as dívidas sob a responsabilidade directa e indirecta dos Estado na contas públicas” deu a mão à palmatória sem no entanto referir que o seu Executivo também está a contribuir para o aumento da Dívida Pública.
O Estadista moçambicano prometeu que é intenção do seu Governo “conferir uma gestão transparente e eficiente da dívida e uma redução das despesas para permitir ao Estado continuar a fazer investimentos estratégicos. Afirmo que ainda temos que fazer muito, muito mais porque continua a falta de transparência e a tendência de se consumir o que não se produz. Contudo demos passos concretos iniciando um processo de consolidação fiscal que permitiu inverter a tendência decrescente de investimento público, que se registava desde 2015”.
Na óptica de Nyusi a política monetária implementada pelo Banco de Moçambique, que simplesmente secou toda liquidez da economia e canibalizou o crédito da banca nacional para o Estado, é “assertiva, porque permitiram a reversão de tendências negativas dos principais indicadores onde se destacam a redução da inflação, de mais de 20 por cento em 2016 para menos de 5 por cento em 2017, a estabilização da taxa de câmbio do metical face ao dólar, a subida das reservas internacionais líquidas para garantir sete meses de importação de bens e serviços, a redução das taxas de juros de crédito comercial”.
O Presidente que afirma que o povo é o seu patrão terminou a sua intervenção anunciando que os “principais indicadores económicos são reveladores do trabalho que fizemos coletivamente. Estes sinais da nossa economia marcam o início do Pós-Crise, onde muito trabalho ainda há por fazer em particular na consolidação orçamental e de ajuste estrutural das finanças públicas com destaque para gestão da dívida”.

Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique

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