De acordo com uma investigação da TVI, dezenas de populares dizem ter sido aconselhados pela autarquia a mudar as moradas fiscais para receber apoios solidários. Presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, já reagiu, pedindo a apreciação do Ministério Público.
Mais de um ano depois, o fatídico incêndio de Pedrógão Grande, que tirou a vida a 66 pessoas e comoveu todo o país, continua a chocar. Só que, desta vez, as lágrimas deram lugar à revolta perante dezenas de denúncias que dão conta de alegadas fraudes na utilização de ajudas solidárias. Pelo menos, de acordo com o que a TVI apurou na sequência de uma investigação jornalística.
Em julho deste ano, começaram a surgir as primeiras suspeitas de esquemas fraudulentos na reconstrução de casas na área ardida em junho do ano passado, que terão resultado no desvio de 500 mil euros para situações que, afinal, não seriam urgentes.
Em causa, estavam pedidos de alteração de morada fiscal de modo a que habitações não permanentes fossem consideradas de primeira habitação e, assim, contempladas com os apoios à reconstrução. Casas essas que, segundo uma reportagem realizada na altura pela revista Visão, estavam em ruínas e já danificadas mesmo antes dos incêndios.
Suspeitas que o presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, apressou-se a desmentir e a classificar como sendo “inveja e “má fé”, mas que o Ministério Público (MP) decidiu investigar.
Agora, as suspeitas voltam a assombrar Pedrógão Grande. Esta quarta-feira, uma reportagem da TVI revelou que o autarca Valdemar Alves e o vereador do Urbanismo Bruno Gomes saberiam, alegadamente, da existência de irregularidades no processo de atribuição de donativos para a recuperação das casas de primeira habitação que arderam nos fogos de junho do ano passado.
Dezenas de populares garantiram mesmo à estação de Queluz que foi a própria autarquia de Pedrógão Grande a sugerir aos habitantes que alterassem as moradas fiscais para conseguirem recuperar casas, de segunda e terceira habitação, com dinheiro dos donativos.
Grande parte dos beneficiários destas ajudas solidárias é familiar dos presidentes das juntas locais ou de funcionários da própria Câmara Municipal de Pedrógão Grande.
Ora, confrontado com estas denúncias, Valdemar Alves voltou a negar as acusações, pedindo a apreciação do Ministério Público (MP) sobre a reportagem que disse ser difamatória e acusando ainda a jornalista de não respeitar “a presunção de inocência".
"Face à gravidade das denúncias veiculadas na reportagem transmitida pela estação de televisão TVI em 22 de agosto [quarta-feira], denominada 'Repórter TVI - Compadrio'" e às "imputações graves e difamatórias" ao presidente e vice-presidente da Câmara e a funcionários camarários, Valdemar Alves pretende "submeter à apreciação do Ministério Público todas as denúncias que foram ali tratadas", pode ler-se numa nota a que a agência Lusa teve acesso.
De acordo com a TVI, o Governo já enviou para o Ministério Público as denúncias de irregularidades reveladas na reportagem.
Fonte: noticiasaominuto
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