A XXIV edição do festival Caminhos do Cinema está cada vez mais perto. Entre os dias 23 de novembro a 1 de dezembro, Coimbra vai ser, uma vez mais, tela de uma das artes mais sublimes. Dia 23 de novembro os Caminhos arrancam com o Simpósio – “Fusões no Cinema” – em São João da Madeira, começando no dia seguinte as sessões competitivas, a par da cerimónia de abertura. Desde 1988, este é um festival aberto à celebração da arte cinematográfica. O estabelecer de pontes e marcas culturais na cidade é um imperativo, bem como além-fronteiras. Este ano contou com um total de 762 inscrições, ultrapassando, em larga escala, os números da edição anterior (316 inscrições). Das candidaturas recebidas, – desde longas a curtas, animações a documentários -323 eram portuguesas e as restantes 439 de outros 65 países. O Brasil é o segundo país com mais candidaturas, pelo que a língua de Camões é dominante. Para além da língua, os Caminhos são um reflexo plural da produção anual de cinema nacional, cuidando e promovendo as obras fílmicas produzidas fora do eixo – Lisboa e Porto. Persona Non Grata, Filmógrafo, Zêzere ou ainda as produções do Bando à Parte são essenciais para esta diversidade curatorial. As expectativas são elevadas, com a introdução de novas secções paralelas e, acima de tudo, com o renovar da programação do festival cuja temática predominante, no início das candidaturas, é sempre imprevisível. Contudo, esta edição, o programa conta com mais variedade de géneros, linguagens, metragens e origens da filmografia, apelando à adesão do público. Poderão esperar uma programação vasta e diversa nas secções, que contarão com: 26 longas, 110 curtas, 17 documentários e 21 animações – o que corresponde a um total de 74 horas, 5 minutos e 55 segundos de novos caminhos! Uma das grandes novidades do festival é a nova seleção paralela – “Outros Olhares”. É caracterizada por filmes de caráter ensaístico e experimental. São produções, que não se cingem ao argumento, mas que o trabalham afincadamente no domínio sensorial, estimulado pelo conjunto da imagem e som. Os filmes, como “O Espectador Espantado” (Edgar Pêra), “Cimbalino” (Jerónimo Rocha) ou mesmo “Lupo” (Pedro Lino), ilustram uma nova vaga de cinema que está a surgir. [youtube https://www.youtube.com/watch?v=UvIzAiObYy0?feature=oembed&w=1170&h=658] Em competição, na Seleção “Ensaios” o público vai poder observar como é que trabalham os estudantes do nosso país, ao mesmo tempo que conhecem o trabalho que é feito lá fora. Os “Ensaios” são uma categoria rica culturalmente: possibilitam uma perspetiva comparativa do cinema nacional com as academias do resto do mundo. Ao mesmo tempo que se compara, também abre horizontes, pelas temáticas comuns a muitas das obras, mas a abordagem apresentada é completamente diferente. A experiência artística será sempre enriquecedora. “Manuel Casimiro: Pintar a Ideia” (Isabel Gomes) é um dos destaques da Seleção “Ensaios”. Um documentário que retrata o percurso de 40 anos do artista visual Manuel Casimiro. Além disso, merecem destaque “Rabo Negro” (Tiago Silva) e “Onde o Verão Vai (episódios da juventude)” (David Pinheiro Vicente). Vindos de fora, filmes como “Son of A Dancer” (Georges Hazim) e “Irony” (Radheya Jegatheva) irão abrilhantar as telas de Coimbra. Os Caminhos são um quebrar de fronteiras e dos limites da língua, pois a Arte serve como tradutora universal. Nesta edição, a temática da crise é uma constante. Não obstante, ao contrário dos anos anteriores, é tratada uma crise romântica ou familiar: “Pedro e Inês” (António Ferreira) ou “Os dois irmãos” (Francisco Manso). Por outro lado, há um resgate das temáticas portuguesas – um redescobrir do passado – através de clássicos como “A Aparição” (Fernando Vendrell). Também há espaço, por exemplo, para um cinema direcionado a um público mais amplo – “Cabaret Maxime” (Bruno de Almeida), que cruza referentes estéticos portugueses e americanos.As produções nacionais procuram, muitas vezes, ir ao encontro das estéticas vigentes pelos mercados cinematográficos dominantes. Cria-se uma dicotomia entre uma linguagem visual própria, de leitura mais lenta e aprofundada, e uma padronização estética, próxima dos hábitos de consumo audiovisuais das massas. [vimeo 268490706 w=1170 h=658] Viajando da ficção, é no registo documental que se encontrou a maior competitividade nas escolhas desta edição, devido às fortes temáticas e qualidades estéticas demonstradas pelas candidaturas – “Vidas Cinzas” (Leonardo Martinelli) é uma das provas. Pela fugacidade que os nossos direitos fundamentais podem ter, os documentários provam o incremento da qualidade da programação deste ano, tanto na competição dos “Caminhos”, como dos “Ensaios”. No programa, há ainda espaço para a emoção do terror, na primeira sessão da Seleção Caminhos, bem como para a comédia, o drama da guerra – “Soldado Milhões” (Gonçalo Galvão Teles, Jorge Paixão da Costa) – e a nossa história. Esta confluência de temas é curiosa, uma vez que, sem se conhecerem, realizadores (profissionais ou académicos) de diversas partes do mundo possuem um consciente que se interrelaciona. As 8 animações são a prova dessa união inconsciente, pois abordam todos os temas, desde os clássicos portugueses até às crises de família e das relações. “Agouro” (David Doutel, Vasco Sá) é sinónimo da coerência do estilo de traço e animação – relembrando aquarela viva – de dois dos realizadores do género que mais prémios receberam e recebem nos últimos anos. [vimeo 272325938 w=1170 h=658] Os Caminhos são um percurso contínuo da sua história, e, assim, nomes como o de Rita Azevedo Gomes, João Salaviza, Jorge Pelicano, Leonor Teles, João Botelho e Edgar Pêra continuam a estar presentes no festival. A…
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Reservas de Grupos |
Olhando a uma melhor promoção e reflexão em torno do cinema português junto do público juvenil os Caminhos do Cinema Português disponibilizam, no seu site, inscrições especiais para grupos escolares. As sessões dedicadas ao público juvenil serão realizadas no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), em Coimbra, de 26 a 30 de novembro às 15h00. Com uma programação especial para os jovens, o festival conta com obras que, graças ao seu argumento e harmonia estética, despertam a contemplação à cultura portuguesa, agindo como fonte de inspiração aos mais novos. Deste modo, trata-se de uma forma de fazer despertar e crescer o interesse pela sétima arte nos alunos do 3º Ciclo e Ensino Secundário. Esta é também a oportunidade de conhecerem, em grande tela, as mais recentes e relevantes produções portuguesas e de favorecer o diálogo entre os intervenientes do filme, como o realizador e os atores. Todas as sessões serão acompanhadas, sempre que possível, por uma apresentação com perguntas e respostas sobre os filmes exibidos. A política de grupos implementada pelo festival é igualmente alargada às restantes sessões e secções destes Caminhos do Cinema Português, havendo de igual forma um espaço especial dedicado aos públicos em idade pré-escolas e do primeiro ciclo, os Caminhos Juniores Os Caminhos do Cinema Português é um festival de cinema generalista português que decorre anualmente na cidade de Coimbra. Este ano, a XXIV Edição decorrerá entre os dias 23 de novembro e 1 de dezembro. Para mais informações: https://www.caminhos.info/programacao/politica-de-grupos/ |
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