Algumas dezenas de pessoas concentraram-se hoje à tarde na praça Luis de Camões, em Lisboa, numa manifestação "contra o ódio, pela democracia no Brasil", a uma semana da segunda volta das eleições presidenciais brasileiras.
"Dizer basta ao ódio, ao medo e à violência tem de se fazer valer neste momento. É urgente reafirmar a democracia, a liberdade e os direitos humanos", foi o objetivo do protesto, organizado por ativistas e movimentos sociais portugueses e brasileiros, cujo alvo é o candidato presidencial Jair Bolsonaro do Partido Social Liberal (PSL) e que juntou na baixa de Lisboa algumas dezenas de cidadãos brasileiros e portugueses.
O antigo dirigente do Bloco de Esquerda Francisco Louçã foi um dos participantes na concentração e disse à Lusa que o seu objetivo de se juntar à iniciativa foi "lutar pela defesa intransigente da liberdade" e chamar a atenção para "o discurso de ódio que alimenta o ódio que Bolsonaro representa".
"Há dias que não podemos ficar calados. E se Bolsonaro que é um homem que detesta as mulheres, despreza os pobres que promove a ideia do assassinato como forma de ação política e, portanto, pisa a democracia e se apresenta nas eleições, creio que é preciso defendermos os democratas e a liberdade no Brasil", comentou.
O protesto, o segundo que acontece na praça Luis de Camões durante a campanha eleitoral para as eleições presidenciais brasileiras, demonstra, segundo Louçã, que "há gente que não se acobarda e não se refugia no silêncio da vergonha", acreditando que a democracia ainda pode ganhar no Brasil.
Sobre o recrudescer de políticas de extrema direita na América e na Europa, Francisco Louçã considerou que "a vitória do Trump nos Estados Unidos significa uma grande deslocação para a extrema-direita", elencou vários países europeus que têm políticas xenófobas e muito agressivas, "mas nenhuma se compara à de Bolsonaro".
Ederson, um estudante brasileiro de 39 anos que vive em Portugal, contou à agência Lusa que se juntou ao protesto para "lutar contra o fascismo, a favor da democracia, das mulheres, da sexualidade, dos pobres, dos negros, a favor do povo brasileiro".
A vitória de Jair Bolsonaro fará, segundo Ederson, prejudicar a estrutura da saúde "que já é muito precária no Brasil", assim como o ensino em países estrangeiros.
"As bolsas dos estudantes para estudarem fora do país por exemplo de mestrado para doutoramento já foram todas cortadas e há muita coisa que os pobres estão a perder cada vez mais e a classe alta cada vez mais beneficiada", exemplificou.
Jair Bolsonaro (PSL) venceu a primeira volta das eleições presidenciais brasileiras com quase 47% dos votos, seguido de Fernando Haddad (PT).
Ederson não acredita que o voto em Bolsonaro seja um voto de protesto pelas ações políticas do PT e de Michel Temer, mas ainda assim diz ter esperança numa reversão de resultados e que Bolsonaro não consiga ser o próximo presidente do Brasil.
Os organizadores leram vários textos contra "o ódio no Brasil" e os manifestantes muniram-se de vários cartazes onde se lia "democracia sempre, fascismo nunca mais", "hoje são vocês, amanhã somos nós" era a frase um cartaz com as cores de Portugal.
A vereadora brasileira Marielle Franco, vereadora, ativista e defensora dos direitos humanos, morta há seis meses no Rio de Janeiro, foi uma das "vítimas" lembradas
O crime causou uma forte comoção nacional, porque Franco, de 38 anos, negra, lésbica, nascida num complexo de favelas violentas e militante de esquerda do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), se destacou por denunciar abusos policiais nas favelas e pela defesa dos direitos humanos.
Lusa
Nenhum comentário:
Postar um comentário