As pessoas estão cada vez mais conectadas, mas também mais vulneráveis, porque se esquecem da importância de se protegerem, alerta David Brumley, especialista norte-americano em cibersegurança que ensina os alunos a serem ‘hackers’.
No dia em que inicia uma série de conferências em Portugal, o especialista disse à Lusa que a cibersegurança é hoje uma das questões fundamentais para empresas e governos, mas também para o cidadão comum. A segurança dos computadores, salientou, custou este ano 114 mil milhões de dólares (99 mil milhões de euros), um valor que deve subir para os 124 mil milhões no próximo ano.
David Brumley é professor associado da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, Pensilvânia, uma instituição vencedora de grandes competições de ‘hackers’, especialistas profundos das vulnerabilidades de computadores e redes informáticas, e com muitos dos alunos que formou a trabalhar na NSA, Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, conhecida pela utilização intensiva de sistemas de vigilância e rastreio eletrónicos.
O responsável dá a partir de hoje, a convite da embaixada dos Estados Unidos em Portugal, uma série de conferências sobre cibersegurança em universidades de Lisboa, Coimbra, Aveiro, Porto e Braga.
“Hoje há cada vez mais dispositivos ligados à Internet. E nomeadamente quando olhamos para o incremento da Internet das coisas (todos os aparelhos com capacidade para estarem permanentemente conectados), vemos que temos cada parte das nossas vidas ligada à Internet. É muito bom estarmos conectados, mas também comporta muitos riscos”, avisou.
E ainda assim, acrescentou à Lusa, em termos gerais ninguém pensa no assunto quando usa um telefone móvel ou quando entra na rede social Facebook. “Não pensamos muito na quantidade de informação que colocamos no Facebook, não pensamos que alguém pode entrar no nosso computador e usar a nossa informação pessoal, roubar os nossos cartões de crédito. As pessoas não pensam nisso até lhes acontecer”.
Por tudo isto é fundamental a segurança, mas também são fundamentais os especialistas. Questionado pela Lusa, David Brumley explicou que não concorda com a associação que muitas vezes se faz dos chamados ‘hackers’ à criminalidade. Porque, disse, um ‘hacker’ pode ser um especialista em computadores e na sua segurança.
“Distingo sempre um ‘hacker’ de um criminoso. Há ‘hackers’ que saem das universidades e que entendem profundamente de computadores, e confundir um ‘hacker’ com um criminoso não está correto”, disse.
Na universidade onde é professor ensina-se aos alunos o que chamam “etical hacking”, consistindo em mostrar como quebrar um sistema de segurança, porque ao saberem fazê-lo saberão também como defendê-lo.
“É como se fosse um polícia a aprender as táticas dos criminosos para assim se saber defender delas. Os profissionais de segurança dos computadores têm de saber a mesma coisa”, disse.
Por isso, salientou, a profissão de ‘hacker’ é já hoje importante e vai ser ainda mais no futuro. E para ilustrar essa importância David Brumley cita números: os novos empregos cresceram nos Estados Unidos 8% mas na área da segurança informática o aumento foi de 18%.
A este crescimento junta-se outro número, o dos salários, que são mais elevados na área da cibersegurança, podendo mesmo chegar aos 250 mil dólares por ano (217 mil euros).
“Há uma grande procura e os salários são elevados, porque não há profissionais suficientes para preencher os lugares”, justificou.
Ao contrário do que acontecia há 15 anos, disse o especialista, há um aumento crescente de necessidades de profissionais de cibersegurança, de empresas a indústrias e governos. Mas não só. A cibersegurança, no entender de Brumley, tanto é para empresas como a Google como para aquele que cria um produto cujo design quer proteger ou para a mãe que compra uma câmara para vigiar o seu bebé.
Bumley estará hoje a falar destas questões na Universidade Nova (Faculdade de Ciência e Tecnologia em Almada) e no Instituto Superior Técnico, em Lisboa.
Fonte: noticiasdecoimbra
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