Desporto
Por Bruno Roseiro, Editor de Desporto
Tariq Panja é um repórter do The New York Times que veio passar uns dias a Portugal. Tinha um objetivo concreto de trabalho, que estava ligado ao desporto mas que não tinha nada a ver com futebol, mas acabou por interessar-se por uma outra história. No meio da viagem, aproveitou para assistir ao vivo a um jogo em Lisboa. Nesse dia, teve contacto com o hábito muito nacional das roulottes e das imperiais na antecâmara do apito inicial, mas antes chegou a encontrar-se com um antigo ministro. Contactou várias pessoas, de diversos quadrantes. Por cá, quem sabia da passagem contava os dias para que fosse publicado o artigo. Ele chegou na última terça-feira à noite, quarta de manhã por cá. E surpreendeu por focar-se num ponto muito específico de um assunto que levaria páginas e páginas a contar – a guerra entre Benfica e blogues por causa dos emails.
“Benfica, um grande clube que está a ir atrás de pequenos bloggers” foi o título do artigo que tinha informações que eram até então desconhecidas, nomeadamente a comunicação da Google a alguns blogues que, no âmbito da queixa apresentada pelos encarnados no Tribunal Central da Califórnia, tinha sido notificada para fornecer os seus dados. O Observador contactou um desses blogues, faz o filme do que se passou antes, durante e depois desse inesperado email e resume o que está em causa.
As reações, mesmo ficando restritas apenas às redes sociais e à blogosfera, não demoraram a multiplicar-se. Há quem seja 100% a favor da posição do Benfica, há quem defenda a posição de alguns dos blogues arrolados neste processo. Ainda assim, e daquilo a que se foi assistindo, este é um tema que ainda dará muito que falar. Um verbo bom para descrever a semana: falar.
A Seleção Nacional de Fernando Santos, que cumpriu quatro anos na Federação, falou bem. Sem contar com o “melhor dos melhores”, Cristiano Ronaldo, Portugal fez um jogo muito interessante em Chorzow, teve momentos com nota artística elevada, ganhou por 3-2 à Polónia e está muito perto de garantir a qualificação para a fase final da Liga das Nações, tudo iluminado por uma nova geração com alguns wonderboys do momento, casos de João Cancelo, Rúben Neves ou Bernardo Silva.
O novo advogado de Cristiano Ronaldo, Peter S. Christiansen, falou o que pode no caso que continua a fazer manchetes. “Cristiano Ronaldo não nega que aceitou celebrar um acordo, mas as razões que o levaram a fazê-lo estão, no mínimo, a ser distorcidas. Esse acordo não representa de modo algum uma confissão de culpa”, destacou num extenso comunicado. Mas houve muito mais esta semana: foi divulgado o acordo secreto assinado entre o avançado e Kathryn Mayorga; a polícia de Las Vegas admitiu ouvir o jogador; Ruby, a mulher que em 2010 teria acusado o dianteiro de pagar por sexo, voltou a desmentir essa história; o Der Spiegel assegurou que todos os documentos que tem apresentado são autênticos; o Real Madrid negou que alguma vez tenha pressionado o internacional a assinar o acordo com Mayorga; e os advogados da americana contactaram, entre muitas outras instituições, o Ministério Público e a Ordem de Advogados. Pelo meio, CR7 marcou em mais uma vitória da Juventus na Serie A e foi anunciado como candidato à sexta Bola de Ouro da carreira, ao passo que Paulo Dentinho acabou por abandonar o cargo de Diretor de Informação da RTP com suspeitas de haver um complot contra si depois de um post no Facebook.
No Real Madrid, pode falar-se de tudo menos daquele nome. Os merengues somaram mais uma derrota com o Alavés, estão há quase sete horas seguidas sem marcar sequer um golo, mas existem outros problemas que começam a colocar o lugar de Julen Lopetegui em causa, como se percebeu pelo “toque” dado por Florentino Pérez ao técnico na semana passada. Além dos resultados, as notícias sobre a crise falam de azias no balneário, quebras físicas e falta de empatia entre o novo líder e os jogadores. No meio de tudo isso, o presidente do clube quer apagar de vez com um fantasma chamado Cristiano Ronaldo.
Conor McGregor falou demais. No aguardado (e muito mediatizado) combate pelo título no UFC, o irlandês levou uma “sova” pelo atual rei da modalidade, Khabib Nurmagomedov, mas foi no antes e no depois desse momento da desistência que se centraram as atenções – uma história que envolve tiros após discussões em discotecas, agressões em hotéis de Nova Iorque e muito trash talk que acabou com uma cena de pancadaria geral em Las Vegas, dentro e fora do octógono.
Bruno de Carvalho queria falar mas não falou. O antigo presidente do Sporting, que mais tarde confirmaria ter tomado conhecimento de um rumor que circulou nos últimos dias que falava num hipotético mandado de detenção contra si, decidiu deslocar-se de forma voluntária ao DIAP (antes esteve no DCIAP, onde acabou por fazer apenas um requerimento) mas acabou por não ser ouvido no âmbito do caso das agressões na Academia do clube, que passou a ter com Bruno Jacinto, antigo Oficial de Ligação aos Adeptos, um total de 38 suspeitos (e também ele ficou em prisão preventiva).
Este fim de semana, com a paragem da Primeira Liga e olhando para a agenda, não haverá muito para falar. E, entre a final do Masters de Xangai em ténis e o arranque do Campeonato de hóquei em patins com um dérbi entre Sporting e Benfica, todas as atenções deverão estar centradas nos jogos grandes da Liga das Nações (no domingo, dia do Polónia-Itália, Portugal joga com a Escócia um encontro particular), em especial o Espanha-Inglaterra e o França-Alemanha. No entanto, quando menos se espera, há sempre qualquer coisa nova para falar. E, muitas vezes, de forma inesperada, como aconteceu com as alegadas suspeitas de manipulação de resultado que recai no encontro a contar para a Champions entre PSG e Estrela Vermelha.
EU, A TV E UM COMANDO
O JOGO EM PALAVRAS
PÓDIO
- 1
Khabib, a máquina que aos nove lutava com um urso /premium
Nurmagomedov derrotou McGregor mas foi notícia pela batalha campal sem precedentes na UFC que rodou mundo. Perfil do lutador que só tem medo do pai, antigo militar conhecido como "Sargento de Ferro". - 2
Fábio Carvalho, o miúdo a dar nas vistas no Fulham
Tem 16 anos, joga no Fulham, é capitão dos sub-17 da seleção inglesa mas já foi convocado para a portuguesa. Fábio Carvalho foi selecionado como um dos 20 talentos a observar em Inglaterra. - 3
Terry, o inglês da braçadeira, acabou a carreira
Vinte anos depois de se ter estreado na equipa principal do Chelsea, John Terry terminou a carreira. Foi parceiro de Desailly, braço direito de Mourinho e capitão de equipa durante mais de 15 anos.
A HISTÓRIA
LIVROS
Nobel. O júnior do Vitória foi o primeiro a saber
Em outubro de 1998, um professor universitário na Suécia recebeu a notícia pelo telefone. Rui Miguel Tovar falou com ele da mesma maneira, sobre Saramago e sobre a vez em que viu Matateu jogar.
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