A principal causa do desmatamento em Moçambique é “crescente demanda da terra para a prática da agricultura itinerante” constatou um recente estudo do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural(MITADER) que revela que “foram perdidos 2,9 milhões de hectares de floresta entre 2003 e 2016.”
Existem no nosso país 34,2 milhões de hectares de floresta, representando cerca de 42 por cento do território, comparativamente aos 37 milhões de hectares que existiam há pouco mais de uma década, “os dados mostram uma tendência histórica de aumento do desmatamento no período de 2003 a 2013 e tem sido mantida desde 1972”.
“A principal causa do desmatamento neste estudo foi a crescente demanda da terra para a prática da agricultura itinerante, que é consistente com os estudos anteriores” refere o documento do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural que acrescenta ao rol de causas do desmatamento as “o assentamento humano com 12 por cento e exploração florestal para fins de combustíveis lenhosos e madeira com 15 por cento do total”.
De acordo com o Estudo as “Províncias de Nampula, Zambézia e Manica são as que mostraram as maiores perdas de florestas entre 2003-2013, sendo responsáveis por 58 por cento de toda a área florestal perdida nesse período”.
Os 2,2 milhões de hectares de floresta que existiam na Província de Nampula em 2003 reduziram para 1,5 milhões de hectares em 2013 e para 1,4 milhões de hectares de floresta em 2016 estando os pontos do desmatamento muito concentrados na parte Este Central, Norte e Sul do que no Oeste que faz fronteira com a província do Niassa.
Na Zambézia “o desmatamento está distribuído por toda a província com excepção da região da Reserva do Gilé nos Distritos de Gilé e Pebane”, reduzindo a área de floresta de 5,6 para 5,1 milhões de hectares em 2016.
Na Província do Niassa, onde em 2003 existiam 8,3 milhões de hectares de floresta, “ocorreu uma forte pressão na parte Oeste, principalmente na fronteira com Malawi, Sul e Nordeste da Província e há baixa pressão na Região Norte e Central”, reduzindo a área de floresta para 7,9 milhões de hectares em 2016.
“Na Província de Nampula, a Reserva de Mecuburi e Matibane estão pressionadas pela agricultura itinerante, na Província da Zambézia, a Reserva do Derre sofre grande pressão do desmatamento devido a prática da agricultura, em Manica a Reserva de Moribane, que é considerada como um dos poucos exemplares de floresta higrófila no País sofre pressão pela população devido à produção da banana”, refere o documento que o @Verdade teve acesso.
Maputo sem floresta enquanto Gaza, Inhambane tem solos pobres para agricultura por isso têm pouco desmatamento
A província de Manica, que tinha 2,3 milhões de hectares de floresta devido ao desmatamento em toda parte Oeste dos distritos de Guro, Catandica, Sussundenga, Gondola, teve a área total reduzida para 1,9 milhões de hectares em 13 anos.
Os 2 milhões de hectares de floresta que existiam na Província de Sofala em 2013, devido a muita pressão por desmatamento na zonas o sudoeste e o centro, diminuíram para 1,7 milhões de hectares em 2016.
Em Cabo Delgado houve muita pressão mais na parte Sul, no limite com a Província de Nampula reduzindo a área de 4,1 para 3,9 milhões de hectares de floresta.
Na província de Tete, maior pressão do desmatamento ocorreu na fronteira com Zâmbia e Malawi, e a área de floresta reduziu de 4,1 para 3,9 milhões de hectares entre 2003 e 2016.
As províncias de Maputo, Gaza, Inhambane registaram “baixa concentração de pontos de desmatamento” na última década de acordo com esta “Análise do Desmatamento em Moçambique 2003 -2016” que nota “em Maputo, a média do desmatamento diminuiu significativamente, como resultado da redução da área florestal que hoje é insignificante”.
Relativamente às províncias de Gaza e Inhambane os académicos indicam com causa do baixo desmatamento o facto da maioria dos solos serem pobres e impróprios para a prática da agricultura e com níveis de precipitação baixos por isso “as áreas de produção agrícola estão concentradas junto às margens dos rios e zonas baixas, que foram desmatadas há muitos anos”.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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