Manifestantes do movimento "coletes amarelos" estão de volta às ruas de Paris, em França, hoje, para o décimo oitavo sábado de mobilização. Foram registados confrontos com a polícia com a polícia de choque junto ao Arco do Triunfo.
O jornal francês Le Monde, que está a acompanhar os protestos dos "coletes amarelos" este sábado em Paris, fala de um regresso em força dos manifestantes, depois de o número de manifestantes ter diminuído nos últimos fins de semana.
Os manifestantes lançaram bombas de fumo, petardos e outros objetos contra os agentes ao longo da avenida dos Campos Elísios - cenário de repetidos tumultos - e começaram a bater nas janelas de uma carrinha da polícia, enquanto outros ergueram barricadas, noticia a agência Lusa.
O dispositivo da polícia de choque recuou, assim como um canhão de água, com os manifestantes a pontapear a lateral do grande camião.
Mais tarde, gás lacrimogéneo e o canhão de água foram usados pelas autoridades numa rua lateral para tentar afastar os manifestantes agrupados entre duas lojas.
Fontes policiais dizem que foram feitas 31 detenções desde o início da manhã.
A mobilização de hoje acontece um dia depois do fim oficial de um debate nacional promovido pelo Governo e espera reunir "a França inteira em Paris” para emitir um “ultimato” ao Governo.
O debate, que resultou em 10 mil reuniões em França e mais de um milhão de contribuições pela Internet, foi considerado uma "farsa" e uma "campanha de comunicação" por numerosos "coletes amarelos".
Os manifestantes classificam o debate como vazio e consideram-no uma jogada de campanha de Macron a pensar nas eleições para o Parlamento Europeu, em maio.
O ministro do Interior francês já condenou a violência registada. Christophe Castaner escreveu na sua conta oficial do Twitter: "[Alguns protestantes] apelam à violência e estão lá para semear o caos em Paris. Profissionais da desordem equipados e mascarados estão infiltrados na multidão". O ministro pede às forças policiais para que respondam "com a máxima firmeza a estes ataques inadmissíveis".
Preparando-se para um potencial aumento do número de manifestantes e de violência, a capital francesa distribuiu hoje mais polícias do que nos fins de semana anteriores. A polícia fechou várias ruas e espalhou-se pela margem direita do rio Sena.
Cerca de cinco mil homens e seis veículos blindados das autoridades policiais estão mobilizados para a capital.
Uma boa parte do centro da cidade está sujeita a restrições de trânsito, informou a polícia local.
Para além de Paris, há manifestações dos "coletes amarelos" organizadas noutras cidades francesas, num dia em que se realizam também protestos por toda a França de apelo à defesa do clima e da justiça social.
Os protestos começaram em 17 de novembro de 2018, com uma manifestação contra o anúncio do aumento do preço dos combustíveis que juntou, na altura, cerca de 282 mil manifestantes.
A subida do preço dos combustíveis não chegou a ser aprovada, em virtude da contestação, mas o motivo dos protestos, que se têm repetido todos os sábados desde então, foi, entretanto, alargado a toda a política fiscal e social de Emmanuel Macron.
Um balanço efetuado no dia 7 de março reporta a morte de mais de vinte pessoas durante as manifestações, 1.800 feridos e, de acordo com dados do ministério do Interior de França, mais de oito mil detenções.
Madremedia / Agências
Foto: Geoffroy VAN DER HASSELT / AFP
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