A criação de uma associação que promova a Rota das Aromáticas a nível nacional e do futuro Instituto de História da Medicina D. Mendo Dias, em Proença-a-Nova, foram duas das novidades que saíram da I Conferência Internacional Rota das Aromáticas na História da Medicina que se realizou no auditório municipal de Proença-a-Nova esta quinta-feira, 21 de março, no dia em que se comemora a Árvore e as Florestas. Para João Lobo, presidente da autarquia proencense, o projeto de se criar a Associação Rota das Aromáticas tem como objetivo dinamizar os territórios que a ela se pretendam associar, havendo já exemplos de iniciativas desenvolvidas a nível nacional, “potenciando a criação de emprego e o turismo de natureza”.
Na sessão de abertura da conferência, o autarca destacou o elevado valor económico que se pode retirar das plantas aromáticas e medicinais: “Já temos empresas dentro deste sector em Proença-a-Nova que se dedicam, por exemplo, à extração de óleos essenciais, mas podemos igualmente potenciar este produto do ponto de vista turístico, traduzindo mais esta oferta a nível nacional e, localmente, com um equipamento como o Centro Ciência Viva da Floresta que tem a capacidade de dar uma resposta diferenciada, havendo a vontade de aumentar as suas valências para que se possa afirmar e dar condição de valor a todo o território”, referiu João Lobo. Adicionalmente, há ainda a componente social desta Rota das Aromáticas, traduzida no projeto BioAromas, destinado a alunos com necessidades educativas especiais da Escola Pedro da Fonseca que se dedica à produção de plantas aromáticas e medicinais. “Fizemos uma candidatura ao Portugal Inovação Social para que possamos ampliar o projeto para um centro laboratorial que dê resposta a estes alunos depois de completarem os 18 anos, capacitando-os para serem elementos ativos da nossa sociedade”, adiantou o presidente da autarquia.
Organizada pelo Município de Proença-a-Nova, o Centro Ciência Viva da Floresta e Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, a conferência conjugou a temática das plantas com a história da medicina que, como referiu Ana Mafalda Reis, docente de História da Medicina no ICBAS, sempre estiveram interligadas, alertando para as alterações climáticas e os seus impactos na biodiversidade e na vida do ser humano, num ciclo vicioso. Na sua perspetiva, “temos que ir atrás na história para perpetuar aquilo que é o nosso saber e o conhecimento”. Nesse sentido, está a ser preparada uma parceria para desenvolver o Instituto de História da Medicina Mendo Dias em Proença-a-Nova, desafio que toma forma pelo sucesso alcançado na I Conferência Internacional Rota das Aromáticas na História da Medicina.
Naquela que foi a última intervenção do dia, o Secretário de Estado da Valorização do Interior destacou a importância de se valorizar economicamente a biodiversidade. “A melhor forma de criar emprego e atividade económica é começar pela valorização dos recursos endógenos, das aromáticas e de tantos outros que temos e que estão claramente subaproveitados”, afirmou João Paulo Catarino. Na sua perspetiva, as instituições de ensino superior, implementadas nestes territórios, têm um importante papel para a transferência de conhecimento para o sector empresarial. “Precisamos de produzir conhecimento ajustado às especificidades de cada território”, acrescentou, dando o exemplo dos laboratórios colaborativos que estão a aproximar as empresas à academia. João Paulo Catarino destacou ainda um dos dados referidos ao longo do dia: só 10% da flora nacional está estudada: “então temos 90% para investigar, para melhorar e para por ao serviço da economia e dos portugueses e também no âmbito da medicina”.
Ao longo da conferência, os quase 150 participantes tiveram a oportunidade de ouvir especialistas de diversas áreas, nomeadamente Germano de Sousa (Alto Comissário para o Museu da Saúde), Romero Bandeira (Universidade do Porto), Maria do Sameiro Barroso (Universidade de Lisboa), Fernanda Delgado (Escola Superior Agrária de Castelo Branco), Lígia Salgueiro (Universidade de Coimbra), Maria João Santos (ICBAS), Juan Antonio Rodriguez-Sanches (Universidade de Salamanca), Mauro Raposo (Universidade de Évora), os alunos do 1º ano do Mestrado Integrado de Medicina do ICBAS e os moderadores Rosalia Vargas (presidente do Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica) e Pedro Melo Freitas (vice-presidente do Conselho Português para o Cérebro).
Para assinalar o Dia Mundial da Árvore e da Floresta, foram plantadas várias árvores e plantas aromáticas durante a pausa para o almoço, no Centro Ciência Viva da Floresta, e o Coral do ICBAS, orientado pelo Maestro António Sérgio Ferreira, encerrou o evento.
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