sexta-feira, 12 de abril de 2019

Religião | Cardeal Mindszenty

Em seus dias de glória e na sua via sacra

Plinio Corrêa de Oliveira

Nesta fotografia o Cardeal Mindszenty* aparece em seus dias de glória, com a pompa do cardinalato e do principado. Revestido com manto de arminho, usa o solidéu e um belo anel. Ornamentos magníficos, próprios a um Prelado que deve mandar, decidir e lutar.

Embora filho de pais modestíssimos, a atitude do Cardeal é de um verdadeiro príncipe. Demonstra segurança, dignidade e poder de mando. Sua fisionomia profundamente séria revela a compenetração de quem ele realmente é: sucessor dos Apóstolos para toda a Hungria, da qual é o Primaz. A figura dele corresponde ao que deve ser um Cardeal: sério, com a compenetração de sua augusta missão.

A outra foto do Cardeal Mindszenty foi feita durante seu julgamento pelos comunistas que dominavam a Hungria. Usa uma simples batina preta, pois seus algozes não permitiram que aparecesse paramentado. Sentado no banco dos réus, tem os olhos arregalados e muito fixos, devido ao susto e à apreensão, pois sabe que inapelavelmente será arrastado para uma série de tormentos, que podem desfechar em sua morte.

Parecendo temer mais os tormentos do que a própria morte, ele expressa a certeza de quem se encontra nos primeiros passos de uma verdadeira via sacra, mas pronto para enfrentá-la com a deliberação indomável de não ceder, não fazer qualquer composição ao adversário. Seu propósito é: “Aconteça o que acontecer, ainda que despenque sobre mim a dor que tanto receio, não apostatarei!”.

Forma magnífica da coragem católica. Não a do fanfarrão, que procura bancar o corajoso para a galeria, mas treme de medo quando posto na prisão. O Cardeal não toma em consideração o público, mas sim a condição da tremenda dor que vai enfrentar. Olhando para a fisionomia do Cardeal, somos levados a lembrar Nosso Senhor no Horto das Oliveiras.
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Nota: O Cardeal József Mindszenty, nascido em Csehimindsent (Áustria-Hungria), em 29 de março de 1892, e falecido em Viena (Áustria), em 6 de maio de 1975, foi Arcebispo de Esztergom e Primaz da Hungria. Em 1949 foi preso pelos comunistas, e em 1956 obteve asilo na embaixada dos Estados Unidos na capital húngara. Em 1991 seu corpo foi exumado e encontrado incorrupto. Foi aberto o processo de sua beatificação em 1996.

ABIM

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 25 de abril de 1984. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

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