Os resultados de um estudo sobre o emprego de artigos pirotécnicos em dias de risco de incêndio, realizado por uma equipa de investigadores da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), sob coordenação do catedrático Xavier Viegas, vão ser apresentados na próxima quarta-feira, dia 29 de maio, às 10 horas, no auditório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), na Avenida do Brasil, 1001, Lisboa.
Este estudo teve como objetivos efetuar o levantamento de dados estatísticos sobre a ocorrência de incêndios florestais causados por artefactos de pirotecnia; a caraterização do risco de incêndio florestal, em função das condições meteorológicas, do coberto vegetal e da topografia; a caraterização dos principais artefactos de pirotecnia e modos de lançamento; e apresentação de recomendações sobre cuidados ou limitações no emprego de artigos pirotécnicos em cenários de risco de incêndio.
No âmbito do estudo foram realizados ensaios sobre a dispersão e queda de possíveis resíduos do lançamento de diferentes artigos de pirotecnia e a temperatura desses resíduos ao atingir o solo, e a possibilidade de ignição de biomassa no coberto do solo.
A apresentação e discussão dos resultados deste estudo «revestem-se de particular interesse para os profissionais do setor e para as entidades envolvidas no licenciamento de espetáculos de pirotecnia, durante o período crítico», afirma José Carlos Góis, docente e investigador da FCTUC que participou no estudo.
«Importa dar a conhecer as diferentes tipologias de artigos de pirotecnia e em que condições é seguro ou não o seu emprego e não decidir apenas com base nas condições climatéricas. Em caso de maior risco, importa definir as condições mínimas que garantam a mitigação do risco e salvaguardem a segurança de pessoas e bens. Existem diferentes categorias de artigos de pirotecnia de venda livre, certificados por organismos notificados que podem ser utilizados de forma segura, de acordo com as regras definidas na rotulagem que acompanham o artigo», salienta o também presidente da Associação Portuguesa de Estudos e Engenharia de Explosivos (AP3E).
Apesar de a legislação em vigor se aplicar de forma igual em todas as regiões do país, «não existem critérios uniformes e fundamentados para muitas decisões de proibição. Tal situação tem conduzido, de forma indiscriminada, à não aprovação ou cancelamento de espetáculos de pirotecnia em eventos culturais ou religiosos onde o fogo-de-artifício é uma tradição, que atrai a população e marca os pontos altos das festividades», observa o especialista em engenhos explosivos.
José Carlos Góis refere ainda que «durante o período crítico e mesmo com risco máximo de incêndio existem locais com condições para o lançamento de alguns tipos de artigos de pirotecnia, sem risco de incêndio, podendo, contudo, ser adotadas algumas medidas de segurança (exemplo desses locais: praias, rios, lagos, zonas urbanas ou até rurais sem qualquer vegetação próxima da zona de lançamento). Importa relembrar que no período crítico os foguetes estão proibidos».
Cristina Pinto
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