- Plinio Maria Solimeo
Odiar a Deus e amar o demônio é tão absurdo que só os mais empedernidos na magia negra chegam a tanto. Um bom número dos que, por diversão ou curiosidade, se entregam a práticas como tarô, ouija, tabuleiros falantes, Reiki, yoga e coisas do gênero, não sabem que o termo final de tudo isso é o culto do próprio demônio, com desfechos os mais inesperados.
O site católico espanhol Religiónen Libertad traz a esse propósito o depoimento de um ex-satanista, no qual ele descreve como entrou para uma igreja satânica onde se praticavam até sacrifícios humanos.
A iniciação
David Arias era um jovem mexicano de 16 anos que se mudou como tantos de seus conterrâneos para os Estados Unidos, indo morar em San Fernando, no vale de Los Angeles. Provinha de família católica não praticante.
No colégio, sob o pretexto de ensiná-lo a se comunicar com os espíritos, alguns de seus novos companheiros o introduziram na prática da tábua ouija, então muito generalizada entre os adolescentes, que “estão sempre buscando alguma novidade, e abertos por isso às experiências. Era assim fácil atraí-los, e logo prendê-los com o sexo ou com as drogas” — comenta.
No início Arias se entregou a isso como a um passatempo, considerando essa experiência como a de ir à noite aos cemitérios para vencer o medo. Aos poucos foi convidado a participar de reuniões “subterrâneas”, nas quais abundava a promiscuidade sexual e o abuso de drogas. Por fim, após um período de entrosagem, começou a participar da igreja de Satanás. O rapaz foi sendo levado a esse extremo de forma gradual e inconsciente.
No grupo em que estava, havia gente de todas as idades e raças, sendo ele um dos mais jovens a ser atraído. Muitos se vestiam com trajes informais, trabalhando como médicos, advogados ou engenheiros. Outros, porém, mais coerentes, se vestiam com o chamado estilo “gótico”, isto é, com um traje peculiar, completamente negro, com os lábios pintados da mesma cor.
Das missas negras aos sacrifícios humanos
Definindo um satanista como alguém que “rechaça, odeia e maldiz a Deus”, Arias comenta que o grupo ao qual pertencia era composto por cerca de 80 membros dirigidos por um “sacerdote” de Satanás. Eles se reuniam uma vez ao mês para celebrar missas negras.
Segundo Arias, embora os membros dessa seita satânica procurassem não chamar a atenção, eles “estavam envolvidos em uma ampla gama de atividades criminosas, do consumo de droga à violação de adolescentes, e inclusive de assassinatos”. É claro que a isso só chegavam os mais iniciados, pois entre os membros havia uma gradação.
Em primeiro lugar estávamos principiantes, os quais se limitavam a observar os diversos rituais. Vinham depois os membros mais experimentados, que já participavam dos sacrifícios de animais, como ratos e gatos. Pelo ritual, esses membros deviam beber o sangue das vítimas, enquanto proferiam maldições sobre determinadas pessoas que queriam prejudicar.
Finalmente vinham os líderes do grupo, que realizavam sacrifícios humanos. As vítimas podiam ser as adolescentes “descontroladas” ou — o que era mais comum — os bebês das mulheres do grupo que se engravidaram após terem sido violadas.
Por isso o processo de atração de novos membros tinha preferência pelas moças que pudessem engravidar, a fim de que seus bebês pudessem ser sacrificados em rituais satânicos.
A ação da graça
Como pôde David Arias romper com esse grupo adorador de Satanás, após fazer parte dele durante quatro anos? É um mistério da graça de Deus, que age quando e onde menos se espera.
Ocorreu que o rapaz, sem causa aparente, começou a ser trabalhado por uma graça divina, que o fazia sentir um vazio, uma falta de sentido, um desgosto pela vida que levava. Como esse sentimento ia num crescendo, certo dia, sem saber o que fazer, ele começou a caminhar a esmo, sem rumo definido pelas ruas. Deparou-se então com uma igreja católica, e resolveu entrar. Sentou-se em frente de um Crucifixo, e limitou-se a olhá-lo fixamente. Fez então uma pergunta a Deus: “Podeis oferecer-me algo melhor que Satanás?”.
Nesse instante, de modo inesperado, David começou a considerar o horror da vida que levava, e sentiu um desejo profundo de mudar radicalmente. Decidiu então abandonar a seita, embora isso fosse muito perigoso, pois os que dela se afastavam e contavam o que lá se passava eram ameaçados de morte.
O primeiro passo que deu para isso foi mudar-se do vale de San Fernando, onde vivia com a família, para San Bernardino, longe dos grupos satânicos. Voltou então à Igreja Católica e começou a freqüentar os Sacramentos. Casou-se, e hoje tem três filhos.
Conselhos aos desavisados
David Arias passou a dedicar seu tempo livre à evangelização sobre os perigos do ocultismo e do satanismo. Diz ele: “Os pais devem estar cientes daquilo que seus filhos estão fazendo. Hoje, as crianças têm acesso fácil a muitas coisas que lhes são prejudiciais” — como à internet, aos celulares, e aos aparentemente inocentes jogos de adivinhação, comuns em escolas.
Sobre a influência satanista em nossos dias, Arias cita apenas um: o aborto: “O Maligno quer sacrifícios humanos, e os abortos são sacrifícios” que agradam ao Pai da Mentira. Ele comenta que um dos membros de sua seita era um médico abortista.
Sobre os modos de lutar contra o poder infernal, ele mostra, com base na própria experiência, que um dos principais é o sacramento da confissão, ir regularmente à Missa e receber a Sagrada Comunhão, pois os satanistas também reconhecem que nela está realmente o Corpo de Cristo. É por isso que procuram roubar hóstias consagradas para suas missas negras. O ex-satanista indica também a importância da confissão frequente para se conservar na graça de Deus, tornando-se mais refratários à ação do demônio, e a recitação do Santo Rosário: “Quando alguém reza o Rosário, o Mal se assusta” – afirma.
David Arias vive sem medo das possíveis represálias dos satanistas com os quais conviveu: “O Senhor está comigo; com Ele não tenho nada a temer”.
ABIM
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