Já fez 13 anos que a Associação de Dadores de Sangue do Concelho de Aveiro (ADASCA) se constituiu oficialmente, e tem desenvolvido um trabalho sem paralelo em prol da dádiva de sangue neste Concelho.
Tenho estado atento à evolução dos acontecimentos, não só aos relacionados com Covid-19, mas, sobretudo, aos comunicados que a imprensa tem divulgado relacionados com o stock dos grupos sanguíneos, nem sempre coerentes entre si.
Preocupa-me o facto de surgirem duas estruturas a proclamarem-se representantes de associações de dadores de sangue ou de grupos, ou até mesmo de dadores quando estes nem sequer sabem do que se trata, promovendo assim a confusão.
Somos fortes quando nos juntamos, fracos quando nos dividimos. Existe no mundo da dádiva de sangue muita confusão, interesses duvidosos. Neste campo a verdade anda nua; é feia, às vezes torna-se repulsiva. Neste campo há quem semeie amor, dedicação, desprendimento, e acaba por colher o fruto da ingratidão.
Uma vez que falamos de gratidão, importa ter em conta que, a gratidão, como o amor, não vive só nas palavras, mas nos actos concretos e na verdade. A gratidão trabalha, a gratidão sofre, a gratidão persiste, a gratidão ama. Sem gratidão não pode haver consciência tranquila.
Aqui chegados, durante todas as conferencias de imprensa da DGS alguém ouviu uma palavra direccionada às associações e aos dadores de sangue? Simplesmente esquecidas/os, enquanto nos comunicados pedia-se-lhes que marcassem presença nos locais de colheitas de sangue.
A ADASCA durante a sua existência nunca cancelou uma sessão de colheitas de sangue, também não o fez agora durante este crítico período. Esta temática encerra segredos inconfessáveis. A respeito dos comunicados é preciso filtrar os elementos de um vírus que mina a escassa unidade entre algumas associações de dadores de sangue, a saber: Hipocrisia, fingimento, a demagogia, o querer ficar bonito na foto, etc., etc.
São necessários dirigentes com personalidade, cujas qualidades sejam a integridade, a rectidão, a honestidade, a solidariedade, a franqueza, dando testemunho da sua dimensão humana, que abominem a súmula moral: ser e não parecer.
Sem margem para dúvidas, vivemos uma profunda crise de confiança. Um dos mais alarmantes sintomas de desagregação social, já rubricado por Le Play como constante histórica comum a todos os períodos de decadência colectiva, é a crise de confiança nos princípios do agregado institucional, e a tendência doentia à aceitação de quantos sofismas os homens se atrevam forjar, do outro lado da trincheira, por mais disparatados que eles sejam, quer em si mesmos, quer em função do complexo ideológico e sentimental, em que se define o sentido da grei. Sinal evidente dos tempos.
A natureza humana não mudou no transcurso dos séculos nem vai mudar, aconteça o que tiver de acontecer.
Estranha enfermidade mental.
Joaquim
Carlos
Director
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