segunda-feira, 8 de junho de 2020

Marchas de Lisboa lamentam não descer a avenida e algumas ponderam iniciativas simbólicas

Alto do Pina é o grande vencedor das Marchas Populares de Lisboa ...
As coletividades das marchas populares de Lisboa mostram-se tristes por não haver desfile na Avenida de Liberdade este ano na noite de Santo António, devido à pandemia da covid-19, estando algumas a equacionar iniciativas simbólicas.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Grupo Desportivo da Mouraria, Pedro Santos, admitiu que as pessoas se sentem tristes por não haver marchas e arraiais em 2020.
"A marcha popular da Mouraria sai para desfilar desde 1934, é muito tempo. É das primeiras marchas de Lisboa. As pessoas sentem-se um bocado tristes por não haver as marchas, não haver os arraiais, mas, pronto, temos de estar todos juntos", referiu.
De acordo com o dirigente, apesar de não haver desfile, a coletividade está a preparar uma pequena surpresa no bairro, no dia em que marcharia na Avenida da Liberdade.
Marchas Populares. A história de como tudo começou
"Em princípio, se correr tudo bem, no dia 12 fazemos uma pequena brincadeira com os músicos da marcha, mas é uma coisa muito residual. Vai ser só uma marcação de posição, a saída do Santo António e mais nada. Não há desfile, não há nada. É só uma brincadeira com os músicos que será transmitida pelo Facebook e pelo Instagram", adiantou.
Também os responsáveis pela marcha da Madragoa estão a ponderar em organizar "uma coisa mais familiar" no bairro.
"Estamos a tratar de toda a logística, porque sabemos de todas as medidas de segurança que têm de ser tomadas. A nossa ideia era fazer uma volta ao bairro. Cada um vestia uma farda dos anos anteriores e dávamos a volta ao bairro, uma coisa simbólica", realçou Mariana Peres, da comissão organizadora da marcha da Madragoa.
Segundo a representante, o Esperança Atlético Clube está a tentar juntar os marchantes para não "deixar passar a data [12 de junho] em vão". Todo o trabalho "ficou em 'standby'" por causa do cancelamento das marchas.
"O sentimento não é feliz para nós que vivemos no bairro", sublinhou.
Por seu turno, o presidente do Ginásio Alto do Pina, Pedro Jesus, disse que não está a pensar realizar eventos alternativos às marchas populares, por causa da posição da Câmara Municipal da Lisboa, que proibiu os eventos com grandes aglomerações de pessoas durante o mês de junho.
"Uma vez que a câmara municipal mantém a sua posição de não haver qualquer tipo de eventos no mês de junho, a marcha do Alto do Pina é solidária com a posição. Não, não estamos a pensar", referiu.
Para o representante da atual campeã em título, em janeiro já era conhecida a dimensão da pandemia da covid-19, devido a uma viagem a Macau e a Hong Kong.
"Nós já sabíamos qual era a dimensão da pandemia. Quando recebemos a notícia, recebemo-la com tranquilidade, porque já estávamos preparados para essa situação", observou Pedro Jesus.
Segundo o responsável, há também "um sentimento de enorme tristeza" por não haver o desfile na avenida, mas, atendendo à situação, o Alto do Pina vai procurar aperfeiçoar os seus trabalhos.
"É um sentimento de enorme tristeza não haver marchas para os nossos associados. Agora, esta situação dá-nos uma ótima oportunidade de aprimorarmos os nossos projetos e, portanto, para o ano, no caso do Alto do Pina que é o campeão em título das marchas, fazermos melhor e tentarmos renovar levar esse título", declarou.
A marcha de Carnide também considerou que não se justifica realizar iniciativas na noite de Santo António, devido ao contexto pandémico em Portugal.
"Nós temos de ser compreensivos nesse ponto e pronto, não dá. Mesmo com medidas de segurança e se as pessoas respeitassem as distâncias era muito difícil, porque as marchas são um marco tão importante na nossa cidade e ia chamar muita gente. Obviamente, nunca iríamos conseguir cumprir com todos os requisitos que são necessários para haver segurança", disse Pedro Rosa.
O presidente da Associação de Coletividades do Concelho de Lisboa (ACCL), Pedro Franco, disse à Lusa que não "há alternativas" às marchas populares e que é "muito perigoso" abrir as coletividades durante as Festas de Lisboa.
"Algumas poderão abrir para fazer umas pequenas festas, um bocado à revelia, porque enquanto não houver uma ordem da Direção-Geral da Saúde ou do Governo as coletividades não podem abrir e arriscam denúncias", referiu.
De acordo com Pedro Franco, as coletividades já foram avisadas para que não façam arraiais.
"Nós estamos a dizer às coletividades para não fazerem nada. As que abrirem, a responsabilidade será delas. Elas estão avisadas para que isto não aconteça", esclareceu.
Lusa

Nenhum comentário:

Postar um comentário