Febres vai ter um Núcleo Museológico do Ourives Ambulante, equipamento cultural que vai ser criado no edifício contíguo à sede da Junta de Freguesia. Para esse efeito, o executivo camarário atribuiu à autarquia um subsídio de 284.605 euros, montante que corresponde ao valor total da empreitada de reabilitação do imóvel. O respetivo auto de consignação foi assinado no âmbito de uma visita ao local da presidente da Câmara Municipal, Helena Teodósio, e do presidente da Junta de Freguesia, Carlos Alves, marcando assim o início do prazo de 240 dias para a execução da obra.
O objetivo é perpetuar a história dos ourives ambulantes, mas também dos relojoeiros e conserteiros de joalheira e relojoaria da região da Gândara, prestando a devida homenagem às sucessivas gerações que se têm dedicado a essas atividades. Nesse sentido, o edifício de dois pisos onde ficará instalado o núcleo museológico vai ser sujeito a profundas obras de reabilitação, processo que contempla a demolição de alguns elementos construtivos, o reforço da estrutura e de algumas paredes em betão armado e a substituição de toda a cobertura. Prevista está também a recuperação das alvenarias e das cantarias, o revestimento e pintura de paredes, pavimentos e tetos e a colocação de novas caixilharias e serralharias, bem como a construção de equipamentos sanitários, a instalação de um elevador e a execução das redes elétrica, de ITED, de segurança contra risco de incêndios e de águas e esgotos.
A memória descritiva do projeto da autoria da arquiteta Anabela Neto refere que, “embora a atual construção não tenha características particularmente interessantes, pretende-se preservar a sua memória das diversas utilizações de carácter social que teve ao longo do tempo e que fazem parte da memória coletiva da gente de Febres”.
Segundo a autora, “por um lado recriou-se com fiabilidade o que se pensa ser a construção original e, por outro, procurou-se dotar o edifício de um carácter diferente surpreendente e inovador”.
O exterior do edifício será marcado pela estrutura metálica que ficará sobreposta às fachadas frontal e lateral direita, estrutura essa que “suporta painéis de aço corten recortados, apresentando um grafismo desenhado com a simbologia da temática do núcleo museológico. Esses painéis constituem o elemento principal da composição arquitetónica que, à noite, será acentuada pela iluminação interior e que ficará “parcialmente interrompida por um painel de betão à vista com a designação do edifício num letring gravado em baixo relevo”.
De acordo com as pretensões da Junta de Freguesia, a seu âmbito, o Núcleo Museológico do Ourives Ambulante terá um carácter específico e bastante diferenciador relativamente a outros equipamentos congéneres, quer ao nível da linguagem expositiva, quer quanto ao modelo educativo e pedagógico a implementar, “abrindo caminho ao desenvolvimento de um segmento da história da região que está um pouco esquecida e que precisa ser revitalizada.” Daí que o projeto tenha sido concebido de modo a conferir-lhe uma função retrospetiva e outra prospetiva: “retrospetiva dentro da noção mais tradicional e elementar de um museu – a salvaguarda e preservação dos elementos que constituem parte integrante da vida e da cultura dos ofícios dos Serradores braçais que deram seguimento aos ourives ambulantes, relojoeiros, conserteiros e agora também designers; prospetiva enquanto instalação viva e dinâmica que deverá contribuir como mais um polo potenciador e dinamizador de atividade cultural da freguesia, do concelho, da região e do país. Em síntese, deverá ser um núcleo museológico mostrando o passado, mas com os olhos postos no futuro. Mais: deverá, no próprio presente, reatualizar o passado, sem demagogias – condição fundamental para a construção de um futuro de progresso e qualidade, com responsabilidade”.
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