- Paulo Roberto Campos
Com enorme participação popular, transcorreu na Cidade Eterna no último sábado, 22 de maio, a “10ª Marcha pela Vida”. Superando a expectativa, surpreendeu a mídia e aos organizadores observar a Via dei Fori Imperiali repleta de famílias inteiras com suas crianças e diversas associações que lutam contra a prática abortiva na Itália.
Segundo o Corriere della Sera, o maior diário de Milão, mais de cinco mil pessoas estiveram presentes, apesar dos receios próprios à pandemia do coronavírus. O evento, cuja primeira edição foi realizada em 2011, teve início com a recitação do Santo Rosário presidido pelo Cardeal Raymond Burke e diversos outros prelados e personalidades, como os embaixadores da Polônia e da Hungria junto à Santa Sé, Janusz Kotanski e Eduard Habsburg [foto ao lado].
A presidente da “Marcha pela Vida”, Virginia Coda Nunziante [foto ao lado e abaixo ], agradeceu a presença das eminentes personalidades. “Precisamos de nossos políticos, para revogar o 194 e mudar essas leis de nosso país, que se opõem ao direito natural”. Ela afirmou também que todos precisavam denunciar essa lei 194, tão injusta que legalizou o assassinato de bebês e que “já executou, em 43 anos, mais de seis milhões de inocentes”.
A seguir, transcrevemos as palavras pronunciadas no evento pelo embaixador austríaco, o Arquiduque da Casa d´Áustria, Eduard Habsburg. Trata-se da tradução, que gentilmente nos foi concedida pelo site Dies Irae (Portugal), do texto publicado originalmente em italiano no portal Corrispondenza Romana.
“Urge uma mudança de atitude”
Sou Eduard Habsburg, Embaixador da Hungria junto da Santa Sé. Mas, acima de tudo, sou um homem, pai de família com uma belíssima esposa e seis lindos filhos (alguns deles estão aqui hoje). Antes do cargo diplomático, trabalhei, durante cinco anos, em questões relativas à família para a Conferência Episcopal Austríaca. Podeis acreditar que os temas de família e da vida, aborto, eutanásia, são-me muito caros. Parabéns a todos que, apesar dos tempos difíceis em que vivemos, viestes dar testemunho pela vida. Porque o compromisso com a vida e com a família faz a diferença em todas as sociedades do mundo.
Quero contar-vos uma pequena história. Estou em Roma há cinco anos. Já conheço muitos caminhos porque gosto imenso de andar a pé e de carro. Bem, há dois anos, depois de três anos em Roma, paro num sinal vermelho e vejo uma senhora, que estava visivelmente grávida, a atravessar a rua. Que lindo! — pensava eu. Uma mulher grávida! Depois, pensei um pouco mais e apercebi-me que, nesses três anos, era a primeira vez que via uma mulher grávida na rua. E pensei: esta é a Itália! A Itália deveria ser o país das crianças! E era até há poucos anos atrás — de fato, vendo o filme La Strada, de Fellini, podemos ter uma última visão de aldeias cheias de crianças.
Mas, posteriormente, aconteceu algo que, de forma semelhante, também aconteceu em muitos países europeus. E, hoje, as aldeias, as ruas estão vazias e vêem-se poucas mulheres grávidas. Mas não deve ser assim! Trago-vos uma bela mensagem da Hungria. A mensagem central é esta: é possível encorajar as famílias a dizerem sim à vida! O governo húngaro trabalha, desde há nove anos, com uma política familiar ativa para esse fim e temos alcançado resultados belíssimos. Aconteceram: um aumento dos matrimônios de 40%, uma queda nos divórcios de 25%, uma diminuição dos abortos de 30%. Só em 2019 tivemos um crescimento de 9,4% nos nascimentos e um crescimento de 100% nos matrimônios.
O que é necessário para tal mudança? A vontade do governo de trabalhar pela família. Para ajudar as famílias e transmitir a mensagem de que muitas crianças são um presente para a sociedade, é preciso ajudar economicamente as famílias: com empréstimos a fundo perdido, com redução ou abolição de impostos, com auxílios financeiros para o lar ou para um novo family van.
Mas as medidas não param por aqui. Urge uma mudança de atitude. Precisamos da visibilidade da família no cenário público. Políticos, celebridades, atores com famílias e filhos que também se apresentam ao vivo.
E, para concluir, é sempre uma grande ajuda se os principais membros do governo não são apenas Cristãos, mas se falam e agem como Cristãos. Porque a fé cristã e a família caminham juntas! Coragem para as vossas famílias! Obrigado pelo vosso testemunho pela vida! Rezemos por uma Itália novamente cheia de crianças!
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