Task force criada pela administração de Joe Biden para perseguir o rasto de criptoativos usados em atividade criminosa teve primeiro resultado de peso, ditando um trambolhão das moedas no mercado.
O mercado das criptomoedas está em queda, depois de as autoridades norte-americanas terem conseguido recuperar bitcoins que tinham sido transferidas por uma empresa para os autores de um ataque informático.
As desvalorizações são generalizadas, mas a moeda mais famosa afunda mais de 13%. O valor de cada bitcoin negoceia esta terça-feira abaixo dos 31.500 dólares, num movimento que poderá estar relacionado com preocupações de privacidade.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou esta segunda-feira que recuperou bitcoins avaliadas em 2,3 milhões de dólares, parte do resgate pago pela Colonial Pipeline ao grupo de hackers Dark Side, que conseguiu bloquear o software que gere um dos maiores oleodutos no país. O ataque fez subir os preços dos combustíveis e gerou grandes filas em muitas gasolineiras.
Este foi o primeiro resultado de peso da task force criada pela administração de Joe Biden para perseguir o rasto de criptoativos usados em resgates a criminosos e branqueamento de capitais. Henrique Tomé, analista da XTB, sublinhou que a recuperação deste dinheiro levanta “algumas questões sobre a privacidade das criptomoedas que se dizem anónimas”.
“Os Estados Unidos confirmaram que Joe Biden irá falar sobre as criptomoedas e eventuais relações com os ataques de ransomware, durante a próxima reunião com os líderes do G7 já este fim de semana”, acrescentou.
As perdas da bitcoin (que é a maior, com 41,5% do domínio) estão a estender-se às restantes criptomoedas. A segunda maior, o Ethereum, recua 8%, para 2.376,57 dólares, segundo dados da CoinMarketCap.
Atualmente com mais de 10.300 criptomoedas, o market cap total ascende a cerca de 1,41 biliões de dólares, tendo vindo a refletir a aceleração das quebras dos últimos dias. Só na última semana, o mercado perdeu mais de um bilião de dólares em capitalização.
O apertar do cerco nos EUA vem juntar-se a outros fatores. Elon Musk tem, recentemente, causado variações nas criptomoedas, tanto positivas como negativas. Em fevereiro, a Tesla anunciou um investimento de 1,5 mil milhões de dólares na bitcoin, o que deu grande alento aos fãs das moedas virtuais.
O problema é que terá perdido o interesse na bitcoin e passou a focar-se numa criptomoeda alternativa que derivou de uma piada na internet, chamada Dogecoin. Em meados deste mês, surgiu a bomba: Musk admitiu no Twitter que a bitcoin tem uma pegada carbónica demasiado elevada e deixou de aceitar bitcoin como meio de pagamento. Naturalmente, o valor da moeda afundou. Mas este não terá sido o único fator a prejudicar as criptomoedas.
A China — que está a desenvolver uma moeda virtual suportada pelo banco central — resolveu também apertar o cerco às criptomoedas. As instituições financeiras foram proibidas de transacionar criptomoedas ou de oferecerem serviços baseados em criptoativos. Sendo o principal mercado destes ativos de risco, o valor das criptomoedas ressentiu-se.
Leonor Mateus Ferreira / ECO
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