- Heitor Buchaul
Asemana compreendida entre os dias 21 e 28 de maio do ano de 1871 ficou conhecida como “a semana sangrenta”, quando os communards — voluntários ateus e anticlericais que constituíam as hordas a serviço da Comuna de Paris — assassinaram vários reféns.
Entre eles estavam o Arcebispo de Paris, Dom Georges Darboy, e cerca de uma vintena de clérigos e religiosos; havia ainda militares defensores do governo legítimo, refugiado então em Versalhes, e outros personagens civis.
Em honra dos mártires da Comuna foi então construída a igreja de Notre-Dame-des-Otages, Nossa Senhora dos Reféns. Dentre os religiosos assassinados no dia 26 de maio destacava-se o padre Henry Planchat, da Congregação de São Vicente de Paulo, famoso por sua caridade, cognominado “o pai dos pobres”. Graças à sua memória reiniciou-se o processo de beatificação de cinco dos mártires religiosos, o qual havia sido interrompido em 1968, por causa da Revolução cultural da Sorbonne e do espírito de abertura para o mundo, apregoado por clérigos ditos progressistas.
Para comemorar o sesquicentenário da imolação dos referidos mártires por ódio à Fé, quis a Arquidiocese de Paris homenageá-los com uma procissão no dia 29 de maio último [foto acima e abaixo], a qual, entretanto, não chegou ao seu fim. Com o mesmo ódio de seus antepassados ideológicos de 1871, novas hordas de communards — atualmente com aspecto ainda mais repugnante — atacaram os participantes da procissão católica, aos gritos de “abaixo as batinas” e “morte aos versalheses”. Os fiéis católicos eram mais de 300, mas protegidos por apenas um policial, que os defendeu corajosamente, como pôde. Os revolucionários arremessaram garrafas sobre a procissão, ferindo dois anciãos, um dos quais teve de ser hospitalizado.
Embora algumas vozes se tenham levantado contra o ocorrido, a parcimônia com a qual as autoridades se portaram chamou a atenção. O ministro do Interior, responsável pelas forças da ordem, escreveu em seu twitter que compreende os católicos, dedicando “seus pensamentos aos católicos da França”. E nada mais! Recordemos que no mês de abril último esse mesmo ministro visitou uma mesquita que havia sido alvo de pichações “islamofóbicas”…
Por mais odioso que tenha sido esse episódio, dele podemos tirar várias lições, a principal das quais é a consciência que devemos ter do ódio das forças revolucionárias — as de ontem como as de hoje — contra a religião católica; ódio que as torna capazes de empreender outras “semanas sangrentas”, para inundar com mais sangue de cristãos as ruas da Cidade Luz e de outras cidades. Mas não nos esqueçamos da célebre frase de Tertuliano: “Sangue de mártires, semente de cristãos”.
ABIM
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