A companhia aérea Ryanair condenou hoje a decisão "bizarra" do Reino Unido de retirar Portugal da "lista verde" de viagens internacionais, referindo que a decisão "não tem qualquer base científica ou de saúde pública".
A Ryanair lamenta a decisão, considerando que "75% dos adultos do Reino Unido já receberam uma vacina" contra a covid-19 e também que "as taxas de vacinação em Portugal estão a recuperar rapidamente os níveis do Reino Unido, com mais de 40% dos adultos de Portugal" já vacinados.
A transportadora irlandesa refere ainda que a decisão de retirar Portugal da "lista verde" "não tem base médica ou de saúde pública", uma vez que as taxas de infeção em Portugal estão a descer e "são idênticas às taxas do Reino Unido (com apenas 50 casos por 100.000 habitantes)".
A Ryanair também condenou o ministro dos Transportes, Grant Shapps, de não adicionar outros destinos à "lista verde" do Reino Unido, como Malta - que já ultrapassou o Reino Unido com quase 80% da população vacinada - indicando que as taxas de casos são de apenas 12 por 100.000 habitantes, menos de 25% da taxa no Reino Unido.
A Ryanair apela para que outros destinos, como as ilhas Baleares e as Canárias, sejam adicionadas à "lista verde" britânica, uma vez que as taxas de casos covid-19 são, aproximadamente, 30 por 100.000 habitantes, "consideravelmente menores do que as taxas de casos no Reino Unido".
O presidente executivo da Ryanair, Michael O'Leary, considera, citado no comunicado enviado pela empresa, que "o Governo de Boris Johnson está, novamente, a administrar mal a recuperação da covid-19".
"Esta abordagem de 'pára-arranca' para viagens curtas na Europa é inexplicável e injustificada quando 75% da população do Reino Unido já recebeu uma vacina", refere o responsável, acrescentando que "os cidadãos do Reino Unido que já reservaram uma viagem para Portugal merecem uma explicação".
Operadores turísticos e dirigentes de companhias aéreas criticaram no domingo o Governo britânico por retirar Portugal da "lista verde" de viagens internacionais, receando que o setor do turismo continue sujeito a restrições da pandemia covid-19.
"Este último anúncio é mais um retrocesso para o nosso setor", lamentou o diretor da operadora TUI UK, Andrew Flintham, avisando que "vai causar danos incalculáveis à confiança dos clientes".
O presidente-executivo da transportadora easyJet, Johan Lundgren, considerou "chocante" a decisão de adicionar Portugal à lista amarela e "uma grande desilusão para aqueles que estão atualmente em Portugal e para aqueles que reservaram um encontro com os seus entes queridos, ou uma merecida pausa neste verão".
Para o presidente-executivo da Virgin Atlantic, Shai Weiss, o sistema de semáforo criado pelo Governo britânico para classificar os países de acordo com o risco é claro nem dá confiança aos consumidores e empresas.
Portugal, incluindo os arquipélagos da Madeira e Açores, vai deixar a "lista verde" de viagens internacionais do Governo britânico na terça-feira às 04:00, segundo o anúncio feito pelo Ministério dos Transportes britânico.
Segundo o Ministério, Portugal passa para a "lista amarela" para "salvaguardar a saúde pública contra variantes preocupantes" e proteger o programa de vacinação britânico.
Num comunicado, refere que, de acordo com a base de dados europeia GISAID, foram identificados em Portugal 68 casos da variante B1.617.2, identificada pela primeira vez na Índia, denominada pela Organização Mundial de Saúde por variante Delta, "com uma mutação adicional potencialmente prejudicial".
O Governo britânico diz também que a taxa de positividade dos testes ao coronavírus em Portugal é quase o dobro daquela registada há cerca de um mês atrás, ultrapassando a média nacional no Reino Unido.
Os países na "lista amarela" estão sujeitos a restrições mais apertadas, nomeadamente uma quarentena de 10 dias na chegada ao Reino Unido e dois testes PCR, no segundo e oitavo dia, como já acontece com a maioria dos países europeus, como Espanha, França e Grécia.
A "lista verde" isenta de quarentena os viajantes que cheguem a território britânico, enquanto a "lista vermelha" exige quarentena de 10 dias num hotel designado, além de dois testes PCR.
Lusa
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