sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Proença-a-Nova | Richard Zimler conversa com alunos da Escola Pedro da Fonseca sobre Holocausto


No âmbito da atividade “Evocação do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto: um olhar sobre os direitos humanos”, dinamizada pela Escola Básica Secundária Pedro da Fonseca, do Agrupamento de Escolas de Proença-a-Nova, o escritor Richard Zimler esteve à conversa – via zoom - com alguns alunos sobre este tema que é abordado em obras como “Os Anagramas de Varsóvia”, “A Sétima Porta” e “Os Dez Espelhos de Benjamin Zarco”. No início, Zimler citou um dos narradores de uma das suas obras: “No mínimo dos mínimos devemos aos nossos mortos o estatuto de pessoa única”. Na sua perspetiva, “ninguém gostaria de ser lembrado como uma estatística”. “É muito importante ter uma ideia da dimensão deste crime contra a humanidade porque seis milhões de judeus foram mortos nas condições mais abomináveis que possamos imaginar, 500 mil ciganos, 100 mil homossexuais, milhares de comunistas. Mas as estatísticas não transmitem emoções”. Para ter uma reação emocional, Richard Zimler convidou os alunos a ler testemunhos diretos de quem viveu estas experiências extremas, como Anne Frank ou Primo Levi. O autor norte-americano, que vive em Portugal desde 1990, aborda temas paralelos relacionados com o Holocausto nas suas obras, como o fardo de quem sobreviveu, a guerra que os nazis moveram contra os deficientes ou os guetos de judeus.

Richard Zimler convidou ainda os presentes a estarem atentos à atualidade, considerando que há países onde hoje em dia os direitos humanos básicos continuam a ser atropelados. “Tudo isto podia ser irrelevante se não houvesse no nosso mundo ditaduras, pré-conceitos, situações de injustiça, crimes contra a humanidade”. E alguns exemplos são dentro de portas, nomeadamente quando um partido político de extrema direita de Portugal – que pode vir a eleger mais deputados para a Assembleia da República - sugere a criação de campos especiais para ciganos durante a pandemia: uma atitude que considera fascista. Apesar de ser um tema pesado, a esperança é também uma constante nas obras de Zimler. “Em geral, as minhas personagens lutam muito para ultrapassar os seus traumas e ultrapassar o sofrimento. São pessoas de coragem. Todos nós precisamos de coragem na nossa vida, ninguém escapa da vida sem sofrer e há momentos da vida das pessoas que são absolutamente terríveis. Então, mais tarde ou mais cedo todos nós precisamos de muita coragem para continuar a viver, continuar a amar, continuar a trabalhar e continuar a ter esperança”, adiantou.

O escritor tem também apostado na edição de livros infantis – que escreve em português, a sua segunda língua – e que surgiu da observação, enquanto professor universitário, de uma certa passividade dos seus alunos: “Se eu desejar criar uma geração de jovens mais dinâmicos, mais ativos, que querem exprimir as suas paixões, que não têm tanto medo da opinião dos colegas, eu tenho que começar quando os jovens têm cinco, seis, sete anos. Então é isso que estou a fazer, estou a criar livros para tentar motivar os mais jovens e as crianças a viver a sua vida, a realizar os seus sonhos. Acho que isso é importantíssimo em qualquer criança: essa confiança de sonhar grande, sonhar muito grande, de voar na sua cabeça, de usar a imaginação e recusar ser esmagado pela sociedade, pelas autoridades”.

Para além da exposição patente na Biblioteca Escolar sobre o “Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto: um olhar sobre os direitos humanos”, com trabalhos realizados pelos alunos do 9º ano, decorre até dia 3 de fevereiro uma Feira do Livro de Autor com livros de Richard Zimler.

Nenhum comentário:

Postar um comentário