"Liberdade de Expressão e discurso de ódio: Consequências para o campo jornalístico" é o livro da autoria do jovem investigador marinhense Bruno Frutuoso Costa, da editora Media XXI, que foi apresentado no dia 5 março, no Edifício da Resinagem, na Marinha Grande.
A sessão contou com a presença do presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, Aurélio Ferreira; o autor Bruno Frutuoso Costa; a professora da Universidade de Coimbra, Inês Amaral; o editor Paulo Faustino; e a autora do blogue «A Vida de Saltos Altos», Paula Cosme Pinto.
O presidente da Câmara da Marinha Grande evidenciou o mérito do autor, por abordar um tema que evidencia as situações de desigualdade entre mulheres e homens, no contexto jornalístico. Aurélio Ferreira deixou uma palavra de conforto e incentivo ao jovem Bruno Costa, para continuar a fazer investigação em torno das temáticas da comunicação.
Este estudo, pioneiro em Portugal, investiga a natureza, a frequência e o impacto das violências presenciais e digitais que se dirigem às jornalistas portuguesas, mapeando experiências pessoais e profissionais, perceções e consequências para o campo jornalístico.
Para Bruno Frutuoso Costa, “se, por um lado, as plataformas digitais incorporam um papel de extrema importância no acesso à informação e a formas de comunicação e de expressão, por outro, permitem incorporar e desenvolver formas de proliferar condutas violentas. Sendo as vítimas maioritariamente mulheres, jovens adolescentes e minorias étnicas, perpetua-se um ciclo de violência sobre o universo feminino, que impede o alcance da justiça e da igualdade de género”.
Segundo o autor, “as singularidades e os impactos perversos patenteados em estudos internacionais tornam premente privilegiar este ângulo de abordagem que urge conhecimento científico, principalmente por se tratar de uma temática emergente e pouco estudada em Portugal. A indagação não se direciona para a quantificação ou mensuração dos dados ao considerar a violência sobre as jornalistas portuguesas como um todo estanque, mas para a exploração e a divulgação de bases sólidas referentes à problemática social, com a finalidade de serem impulsionadas respostas institucionais e promovidas mudanças sociais igualitárias”.
Realizaram-se 31 entrevistas semiestruturadas em profundidade com jornalistas dos principais media do ecossistema mediático português.
Posteriormente, a estratégia metodológica articula a análise temática crítica com a perspetiva feminista. A violência perpetrada em redor do jornalismo português e dos seus intervenientes é uma realidade com contornos expressivos e assentam em práticas híbridas entre meios e suportes.
Todas as entrevistadas experienciaram alguma forma de agressão ou estiveram na presença de ambientes hostis. Quando as jornalistas se encontram em climas de grande insegurança, coação e medo, surgem as consequências mais danosas para o exercício da atividade jornalística, tais como a autocensura e a indisponibilidade para determinados temas e secções jornalísticas. Apesar de residuais no panorama português, duas entrevistadas foram alvo de tentativas de homicídio e cinco de agressões físicas. Sendo o discurso de ódio e as diversas formas de violência o rosto dos novos mecanismos censurantes da era digital, as dimensões internas e externas à atividade jornalística culminam em várias interrogações inquietantes.
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