segunda-feira, 7 de março de 2022

“O impacto da guerra em todos nós”: Um manual para manter a mente sã nestes dias de guerra…

Muito provavelmente, também a si, a carga informativa sobre a Guerra na Ucrânia, estará a ter efeitos nefastos. Por isso, o Jornal Mira Online entrevistou a Psicóloga Andrea Costa. Ela dá-nos dicas importantíssimas para ultrapassarmos esta fase com o mínimo de dor possível...

Segundo Andrea Costa,  extremamente difícil não estarmos perturbados e preocupados com esta situação da guerra".  Lembrando que "acabamos de passar por uma pandemia longa", a psicóloga dá conta de que, "quando estávamos a começar a "respirar", entrou-nos, pelas televisões, rádios e jornais, uma guerra para nos abalar a todos!"

"Pode parecer estranho para algumas pessoas, pois a guerra está a acontecer a milhares de quilómetros de distância das nossas casas " - diz -  "mas estamos expostos a noticias diariamente e como somos seres humanos, sentimo-nos próximos e acabamos por nos tornarmos empáticos com todos os que estão a passar por esta situação. Assim, a guerra acaba por nos afetar direta ou indiretamente", explica.

Compreender a guerra é algo extremamente difícil, ou mesmo impossível e é expectável que experienciemos diversos sentimentos e diversas emoções.Todos reagimos de forma diferente e “para alguns de nós, toda esta situação pode estar a ter um impacto mínimo, enquanto para outros pode estar a ser avassalador… e, como tal, podem estar mais preocupados, stressados, ansiosos, angustiados, tristes, irritados, zangados e depressivos”.

Não bastasse isso, Andrea Costa faz notar que "também é natural que dúvidas face ao futuro se levantem: quanto tempo vai durar esta guerra? que consequências terá para o mundo? e para o nosso país?. Sentimentos de incerteza e o desagaste face a estes últimos anos, podem aumentar em nós um sentimento de vulnerabilidade e instabilidade, ameaçando a nossa saúde psicológica bem como o nosso bem-estar".

Dito isto, ficam duas questões bastante pertinentes:

 1. Como podemos lidar com toda esta situação e, principalmente, com o que estamos a sentir:

"Infelizmente não podemos mudar as decisões bem como o decurso dos acontecimentos mundiais, mas podemos tentar adaptarmo-nos a esta situação, tentando regular os nossos sentimentos e os nossos pensamentos", sugere para, de seguida, listar uma série de ações que irão contribuir para que a segunda questão - importantíssima, por sinal - possa ser respondida e surtirem efeito:

   2. Como podemos fazer isto?

  • Primeiro devemos aceitar as nossas emoções e os nossos sentimentos – "é perfeitamente natural experienciar sentimentos e emoções diferentes nesta altura. Pode chorar, se assim necessitar. Expresse o que está a sentir de alguma forma, e não reprima. Ao reprimir os sentimentos e as emoções só está a contribuir para o aumento deles em si mesmo/a"
  • Depois tente limitar a exposição às noticias – "Compreendo que seja muito difícil não estar a par das noticias, mas não é nada benéfico estar constantemente a monitorizar todos os detalhes do que está a acontecer na guerra. Viver ao minuto as guerras, pesquisar incessantemente sobre o tema, pode aumentar a ansiedade e o medo. Como pode limitar a exposição às noticias? Vendo só o telejornal ou da tarde ou da noite, e depois mudando ou desligando a televisão; se preferir ler o jornal de manhã e não voltar a ler mais durante o dia; desligar as notificações do telemóvel e controlar o tempo que passa nas redes sociais. Resumindo, consultar as noticias uma ou duas vezes por dia é o suficiente para se manter informado/a acerca do assunto"
  • É essencial consultar informação credível – "Existe muita informação que não é útil, ou mesmo verdadeira. É importante apenas consultar fontes de informação credíveis e atualizadas"
  • É importante evitar pensamentos catastróficos – "É obvio que não conseguimos ignorar a situação da guerra, mas também não ajuda em nada pensar constantemente no pior cenário. Viva o presente!"
  • Manter uma rotina – "Manter uma rotina diária vai ajudar a lidar com os nossos sentimentos e vai dar-nos segurança. Para termos mais segurança também é essencial realizar atividade prazerosas. Como tal inclua na sua rotina atividades de lazer como correr, caminhar ou falar ao telefone com alguém, por exemplo"
  • Fale com amigos, com a família e reforce as suas relações – "Lembre-se que não é o único/a preocupado/a com esta guerra. Partilhar o que estamos a sentir pode ajudar a diminuir o stress, pode fazer com que nos sintamos ouvidos, apoiados e pode aumentar a nossa confiança. Estar com os outros também ajuda. Por isso esteja perto dos seus... protegido, claro!"
  • Aprenda a gerir a sua ansiedade – "Foque-se nas ações que consegue controlar, como por exemplo, planear a semana; planear as refeições da semana; organizar a sua secretária; Distraia-se - faça uma atividade diferente como cozinhar, pintar, desenhar, ver um filme ou uma série. Atividades repetitivas podem ajudar a relaxar e a concentrar-se em algo diferente; Escreva – escrever ajuda imenso a colocar todos os nossos sentimentos e pensamentos mais confusos para fora; Peça ajuda".
  • Ajude de alguma forma – "Procure forma de ajudar através de donativos por exemplo. Vai ajudar a desenvolver em si um sentimento de esperança".
  • Procure ajuda – "Se os pensamentos, emoções e sentimentos estão a interferir com o seu dia-a-dia, se estão a afetar o seu sono e a dominar a sua vida, ou se precisa simplesmente falar sobre o assunto, do que sente relativamente ao mesmo, procure ajuda psicológica. Pedir ajuda nunca é um sinal de fraqueza, mas sim de coragem e responsabilidade!"

Fonte: Jornal Mira Online


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