domingo, 1 de maio de 2022

Milhões de confinados na China, dezenas de fábricas fechadas


Polícia força família a ficar em quarentena

  • Luis Dufaur

Aincógnita, a fome, a paralisia econômica e os distúrbios populares se misturam em doses caóticas e inexplicáveis na China.

Nesse país dominado pelo regime comunista, no início da pandemia os anúncios oficiais informaram número extremamente reduzido de vítimas. Algo estranho no país que foi o grande foco virótico para o mundo inteiro.

Porém, nas últimas semanas, enquanto no mundo a pandemia está sendo reduzida à mínima expansão, ela explode na China, notadamente em Xangai, a área urbana mais densa do país e a cidade mais populosa do mundo, com uma estimativa de mais de 26 milhões de habitantes.

Portos paralisados

As medidas de confinamento contra a doença estão sendo tão drásticas que paralisaram a economia da cidade mais rica do país-continente.

Na área industrial a crise atingiu a produção de peças para carros e produtos eletrônicos para o mundo, e provocou retardamentos nos portos, fechamentos de fábricas e atrasos no transporte marítimo.

Por volta de 500 navios cargueiros ficaram atravancados no porto de Xangai. Como exemplo, a montadora Opel de Zaragoza (Espanha) não recebeu as peças e teve que paralisar duas linhas de produção, suspendendo 1.000 trabalhadores na fábrica e aproximadamente 20.000 funcionários de empresas auxiliares. (Cfr.: El atasco de 500 barcos en el puerto de Shangái).

O caos de Xangai afeta a economia mundial e é agravado pelo fechamento da vizinha cidade de Kunshan onde grandes fábricas produzem componentes essenciais para Apple, Dell e Microsoft entre outras empresas.

Cidadãos presos em seus apartamentos

Empresas taiwanesas produtoras de placas fecharam suas portas. Tesla suspendeu a produção de automóveis.

Em mais quatro grandes cidades com um total de 55 milhões de habitantes, as pessoas se encontram trancadas em suas casas. As medidas de confinamentos em algumas cidades já duram quatro semanas.

A ditadura socialista sonha com uma política fracassada de “contágio zero”. No caso de Xangai, a população foi dividida em dois blocos: de 11 milhões de um lado e 16 de outro. Sobre eles impõem-se alternadamente drásticos cortes.

Em Xangai, o consulado dos EUA autorizou seus empregados a abandonar o país com a família e o governo americano recomendou a seus cidadãos não irem para a China por causa das draconianas medidas de confinamento que podem afetar até na separação de pais e filhos.

Mais de 40% dos bairros da cidade estão em regime estrito de fechamento a ponto de muitos terem que lutar para conseguir alimentos e remédios desafiando a repressão.

As redes sociais publicam casos de pessoas que morreram por outras doenças porque não puderam apresentar testes negativos e, sem eles, não puderam sair de sua casa ou bairro para ir ao hospital ou foram recusados pelos mesmos.

Desde as janelas dos prédios, as pessoas clamam por ajuda e berram “estamos morrendo de fome”. Os protestos tomaram às ruas, fato inusual na ditadura chinesa.

Uma fome geral na cidade mais rica da China parece incrível, mas é o que está acontecendo, disse o canal NTD, transmitindo as cenas de desespero.

E quem pode chegar até o supermercado não encontra alimentos. O governo enviou drones que vigiam e ameaçam os residentes repetindo: “Quem alterar a ordem pública será severamente castigado”.

Os saques se multiplicam e cidadãos perguntam à polícia se, ficando presos receberão alimento no cárcere, pois já não têm nada e só tem água da torneira para subsistir.

A NTD informou com imagens de moradores que pularam de seus prédios e se suicidaram em desespero.

Ruas bloqueadas em Xangai e contrabando’ de alimentos

“Os supermercados estão fechados! Estão nos matando!”, bradava um residente pelo celular numa cena vazada para preservar sua identidade. A falta de dinheiro, trabalho e provisões acrescida de dívidas num país ateu é enlouquecedora.

O referido morador bradava perguntando “onde está o Partido Comunista? Onde está o regime comunista? O governo não cumpre sua palavra! Marcaram data em abril para o fim do enclausuramento! O governo mente! Como poderemos viver?”

O governo fala em 100.000 contágios de Covid-19, mas o verdadeiro número seria muito superior. Ele diz que não houve falecidos e nos hospitais e que os óbitos são atribuídos a outras doenças. Entretanto, as denúncias de mortes reais feitas por parentes desmentem os dados oficiais.

Pode-se dizer que o confinamento atinge de um modo ou de outro aos 26 milhões de habitantes de Xangai.

O sistema de censura das redes sociais funciona incessantemente ameaçando aos que falem da contaminação pelo Covid-19 com severas sanções puníveis pelo crime de espalhar “boatos” nas redes.

ABIM

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