sexta-feira, 5 de agosto de 2022

COMUNICADO: METROBUS: UMA POLÍTICA DE ARBORIZAÇÃO PREOCUPANTE

 

Uma notícia recente do Público anuncia que cinco plátanos da Avenida Emídio Navarro em Coimbra, os últimos sobreviventes do abate que na última década eliminou quase todos os plátanos do separador central da avenida, serão removidos por se encontrarem no caminho da linha de Metrobus. A sociedade Metro Mondego (MM), empresa responsável pela empreitada para implementação do Sistema de Mobilidade do Mondego, justifica o abate destas árvores dizendo que esta “é a solução que penaliza menos o tráfego rodoviário”.

A Concelhia de Coimbra do Bloco de Esquerda demonstra, desde já, preocupação com esta justificação que se revela contraditória com o que deveriam ser os objetivos do Metrobus: constituir uma solução de mobilidade mais sustentável, dando resposta às necessidades da população e, assim, reduzir o tráfego rodoviário.

Mas as incoerências não ficam por aqui. No Plano para Reforço da Estrutura Arbórea, elaborado pela MM em colaboração com a Câmara Municipal de Coimbra (CMC), são apontados quatro objetivos: “melhorar a integração do canal do Metrobus na paisagem”, “preservação da biodiversidade”, “reforço da estrutura ecológica urbana” e “Fomentar laços entre as populações, o sistema Metrobus e os novos espaços”. Porém, no total das quatro fases da empreitada está previsto o abate de 663 árvores, a "substituir" por 664 novas árvores.

Plantar 664 novas árvores em substituição de 663 árvores já inseridas no seu ambiente, muitas delas adultas, de grande e médio porte, com dezenas de anos, é uma mitigação falsa. É preciso não esquecer que as árvores não são apenas elementos decorativos da paisagem urbana, são seres vivos de grande importância na criação de ambientes urbanos de maior qualidade ambiental, mais biodiversos, confortáveis e saudáveis.

Serão necessários muitos anos até que as novas árvores possam efetivamente substituir as árvores abatidas em todas as suas funções, nomeadamente na capacidade de fazer sombra, na diminuição da poluição sonora, na regulação da temperatura do espaço urbano, na purificação do ar e filtração de água, na retenção de humidade e ainda na manutenção da biodiversidade, como alimento e habitat de outras espécies.

A questão não fica, portanto, pelos cinco plátanos da Avenida Emídio Navarro. Outros locais, como por exemplo a Praça 25 de Abril ou a Avenida Fernando Namora, também já sofreram uma “limpeza” de árvores, perante a surpresa e incompreensão de residentes locais.

Enquanto estas árvores vão desaparecendo da cidade de Coimbra, as respostas da MM são claramente insatisfatórias, gerando ainda mais preocupação, e a CMC mantém-se silenciosa e escudada atrás da MM, havendo um dever de informação e transparência que está a ser negligenciado.

Não basta que a informação exista, é necessário que a mesma seja indubitavelmente pública e acessível, bem como garantir que chega até às pessoas. Projetos que alteram de forma tão significativa o espaço público devem ser especialmente divulgados, permitindo o debate e participação de quem vai conviver e viver com as alterações.

Os objetivos apontados por MM e CMC fazem sentido - integrar o canal do Metrobus na paisagem, preservar a biodiversidade, reforçar a estrutura ecológica urbana e fomentar laços entre as populações, o sistema Metrobus e os novos espaços - o caminho seguido é que diverge dos mesmos. O Bloco de Esquerda defende a coerência dos princípios da mobilidade sustentável, da ecologia urbana e da participação pública.

Coimbra, 5 de agosto de 2022

A Comissão Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda


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