Resistente,
singular, intelectual de excelência foram apenas algumas das
virtudes de Jaime Cortesão destacadas na conferência sobre o 140.º
aniversário do seu nascimento. Nela marcaram presença dois
prestigiados académicos, estudiosos, mas sobretudo admiradores
confessos, da vida e obra do homenageado.
Esta
iniciativa, que decorreu na Quinta da Sobreira Quinhentista, em Ançã,
freguesia na qual nasceu e viveu, foi organizada pela Junta de
Freguesia de Ançã, com o apoio do Município de Cantanhede.
A
conferência, moderada pelo vice-presidente da Câmara Municipal de
Cantanhede, Pedro Cardoso, contou com os contributos de José Manuel
Mendes, escritor, antigo professor universitário e presidente da
Associação Portuguesa de Escritores, e de António Rafael Amaro,
professor
da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e investigador do
Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20), onde
coordena o grupo de investigação “História e Memória”.
Ao
intervir no início da sessão, Pedro Cardoso destacou a oportunidade
da “justa
e merecida homenagem”
a Jaime Cortesão, “um
homem que nunca se vergou aos poderes ditatoriais e um lutador pela
liberdade”.
“Numa
altura em que festejamos os 50 anos do 25 de Abril, é
particularmente simbólico resgatarmos do esquecimento a vida e obra
de uma figura inspiradora, um grande patriota e resistente, com a
particularidade de ser feita por dois prestigiados conferencistas,
académicos de referência”,
assinalou.
Também
José Manuel Mendes enfatizou as diversas dimensões da vida e obra
de Jaime Cortesão, que presidiu à Sociedade Portuguesa de
Escritores, organização que viria a estar na génese da
Associação Portuguesa de Escritores e que se assume “fiel ao
legado” do homenageado.
“A
vastidão de domínios que cobriu merece ser sublinhada e nada nele
era volátil ou fortuito”,
observou, descrevendo a sua escrita como “ponderada
e metodicamente organizada”.
Já
António Rafael Amaro lembrou a sua dimensão intelectual, mas
sobretudo cívica, caraterizando-o como “um
dos maiores de Portugal”
e, assim, merecedor da “dimensão”
que lhe é dada. O investigador citou o antigo Presidente da
República, Mário Soares, que considerou Jaime Cortesão,
“porventura,
o maior português do seu tempo”,
“que
pela força tranquila que irradiava, deveria ter vivido essa aurora
de liberdade tão esperada”,
como foi o 25 de Abril.
A
conferência contou ainda com a intervenção do presidente da Junta
de Freguesia de Ançã, Cláudio Cardoso, que falou do homenageado
como “um
homem de caráter e convicções fortes, de palavra e de ação”.
“É
dos nossos. Saibamos seguir o seu exemplo”,
concluiu.
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