quinta-feira, 2 de maio de 2024

Conferência em Ançã assinalou 140.º aniversário do seu nascimento. Jaime Cortesão recordado enquanto “resistente e intelectual de excelência”

 
Resistente, singular, intelectual de excelência foram apenas algumas das virtudes de Jaime Cortesão destacadas na conferência sobre o 140.º aniversário do seu nascimento. Nela marcaram presença dois prestigiados académicos, estudiosos, mas sobretudo admiradores confessos, da vida e obra do homenageado.
Esta iniciativa, que decorreu na Quinta da Sobreira Quinhentista, em Ançã, freguesia na qual nasceu e viveu, foi organizada pela Junta de Freguesia de Ançã, com o apoio do Município de Cantanhede.
A conferência, moderada pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Pedro Cardoso, contou com os contributos de José Manuel Mendes, escritor, antigo professor universitário e presidente da Associação Portuguesa de Escritores, e de António Rafael Amaro, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20), onde coordena o grupo de investigação “História e Memória”.
Ao intervir no início da sessão, Pedro Cardoso destacou a oportunidade da “justa e merecida homenagem” a Jaime Cortesão, “um homem que nunca se vergou aos poderes ditatoriais e um lutador pela liberdade”. “Numa altura em que festejamos os 50 anos do 25 de Abril, é particularmente simbólico resgatarmos do esquecimento a vida e obra de uma figura inspiradora, um grande patriota e resistente, com a particularidade de ser feita por dois prestigiados conferencistas, académicos de referência”, assinalou.
Também José Manuel Mendes enfatizou as diversas dimensões da vida e obra de Jaime Cortesão, que presidiu à Sociedade Portuguesa de Escritores, organização que viria a estar na génese da Associação Portuguesa de Escritores e que se assume “fiel ao legado” do homenageado.
A vastidão de domínios que cobriu merece ser sublinhada e nada nele era volátil ou fortuito”, observou, descrevendo a sua escrita como “ponderada e metodicamente organizada”.
Já António Rafael Amaro lembrou a sua dimensão intelectual, mas sobretudo cívica, caraterizando-o como “um dos maiores de Portugal” e, assim, merecedor da “dimensão” que lhe é dada. O investigador citou o antigo Presidente da República, Mário Soares, que considerou Jaime Cortesão, “porventura, o maior português do seu tempo”, “que pela força tranquila que irradiava, deveria ter vivido essa aurora de liberdade tão esperada”, como foi o 25 de Abril.
A conferência contou ainda com a intervenção do presidente da Junta de Freguesia de Ançã, Cláudio Cardoso, que falou do homenageado como “um homem de caráter e convicções fortes, de palavra e de ação”. “É dos nossos. Saibamos seguir o seu exemplo”, concluiu.


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