O
Caminho da Geira e dos Arrieiros foi percorrido por mais peregrinos
até ao início desta semana do que em todo o ano passado,
contribuindo de forma decisiva para o crescimento homólogo de 8,6%
daqueles que escolhem Braga como ponto de partida para a jornada até
Santiago de Compostela.
As
estatísticas do
Serviço de Peregrinos da Catedral de Santiago
indicam que a Compostela, o documento que comprova a realização do
itinerário jacobeu, foi entregue, até 8 de setembro, a 894 pessoas
que começaram na Sé de Braga, mais 71 do que as registadas na mesma
altura do ano passado.
O
Caminho Central Português registou 479 peregrinos (-6%), seguido do
Caminho da Geira e dos Arrieiros, com 408 (+39%), do Caminho Minhoto
Ribeiro, com quatro (-78,9%), e do Caminho de São Rosendo, com três
(sem registo em setembro de 2023).
Em
termos absolutos, o aumento de Compostelas atribuídas a quem partiu
de Braga deve-se, sobretudo, ao Caminho da Geira (+114), dado que o
Central perdeu 31, o Minhoto Ribeiro desceu 15 e o Caminho de São
Rosendo apenas acrescentou três daqueles certificados.
O
Caminho Central continua a ser o preferido pelos peregrinos que
partem de Braga (53%), à frente do traçado da Geira e dos Arrieiros
(46%), que está cada vez mais próximo. Os Caminhos Minhoto Ribeiro
e de São Rosendo ocupam os lugares seguintes, com valores muito
baixos, e o Caminho de Torres não apresenta partidas de Braga
registadas.
No
total dos pontos de partida, o Caminho da Geira e dos Arrieiros
motivou a emissão de 554 Compostelas – entre as
977 pessoas
que cumpriram o itinerário, segundo as associações – sendo que
540 (97%) iniciaram em localidades lusas, 326 (59%) são de
nacionalidade portuguesa e 159 de origem espanhola (29%). A
Compostela foi entregue, até ao início de setembro, a peregrinos de
18 nacionalidades que cumpriram este itinerário jacobeu, com a
Chéquia a ocupar o terceiro lugar, logo a seguir aos países
ibéricos.
Além
de Braga, os peregrinos que percorreram o Caminho da Geira e dos
Arrieiros partiram de Castro Laboreiro, Campo do Gerês, Terras de
Bouro, Ameixoeira e Santa Cruz, na parte portuguesa. Na Galiza,
iniciaram o percurso em Cortegada, Berán, Entrimo, Ribadavia, Lobios
e Azoreira.
A
maioria dos peregrinos cumpriu este itinerário a pé (85%) ou de
bicicleta (13%), sendo os meses de junho e julho os mais procurados.
Fizeram-no por “motivos religiosos e outros” 68%, sendo que 48%
têm entre 18 e 45 anos, 38% têm entre 46 e 65 anos, e 62% são
homens.
As
estatísticas
publicadas pela Catedral de Santiago indicam que o número de
peregrinos no Caminho da Geira e dos Arrieiros cresceu 54,75% (eram
358 até ao início de setembro de 2023), posicionando-se como o
preferido entre os oito novos itinerários em estudo para homologação
pelo governo da Galiza. No caso do Caminho Minhoto Ribeiro,
registou-se uma diminuição de 91% (eram 146 peregrinos) e no que
respeita ao Caminho Central a descida foi de 5% (eram 75.853
peregrinos).
O
Caminho da Geira tem 239 quilómetros, começa na Sé de Braga e
passa pelos municípios de Amares, Terras de Bouro e Melgaço,
entrando na Galiza pela Portela do Homem.
Nos
últimos seis anos, foi percorrido por quase 5.000 peregrinos,
sobretudo de Portugal, Espanha, do resto da Europa, e de nações
como do Afeganistão, Aruba, Austrália, Azerbaijão, Bahamas,
Belize, Brasil, China, Correia do Sul, Colômbia, EUA, Japão,
México, Porto Rico, Palestina e Uruguai.
Foi
apresentado em 2017, em Ribadavia (Galiza) e Braga, reconhecido pela
Igreja em 2019, e em publicações da associação de municípios
transfronteiriços Eixo Atlântico (2020) e do Turismo do Porto e
Norte de Portugal (2021).
O
percurso destaca-se por incluir patrimónios únicos no mundo: a
Geira, a via do género mais bem conservada do antigo império romano
ocidental, e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés.
Além disso, o seu traçado é um dos poucos que ligam diretamente à
Catedral de Santiago de Compostela.
*José Manuel Almeida (presidente da comissão instaladora)
**Carlos Ferreira
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