Um estudo
pioneiro da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de
Coimbra (FCTUC) revela, pela primeira vez, o valor económico dos
polinizadores para a agricultura em Portugal: mais de 2 mil milhões
de euros em 2023, dos quais cerca de metade (1,1 mil milhões de
euros) são diretamente atribuíveis à ação dos insetos
polinizadores, como abelhas selvagens, moscas-das-flores e outros
insetos.
O estudo,
publicado na revista Regional
Environmental Change,
foi desenvolvido por investigadores do FLOWer Lab que integra o
Centre
for Functional Ecology: Science for People & Planet
do Departamento de Ciências da Vida: Catarina Siopa, Hugo Gaspar,
Helena Castro, João Loureiro e Sílvia Castro.
Os investigadores
revelam que 54% das culturas agrícolas produzidas em Portugal
dependem diretamente dos polinizadores. Catarina Siopa, primeira
autora do estudo, explica que «o
valor económico calculado tem origem não só nas culturas altamente
dependentes da polinização como também nas culturas com menor grau
de dependência, mas de grande importância económica. As culturas
mais beneficiadas pela polinização incluem maçã, framboesa, pera,
abacate, tomate industrial, mirtilo, amêndoa, kiwi, laranja e
morango».
Os polinizadores
não influenciam apenas a quantidade produzida, mas também a
qualidade nutricional, o tempo de prateleira e a capacidade de
conservação dos produtos agrícolas, gerando benefícios múltiplos,
muitos deles ainda difíceis de quantificar. Embora a área agrícola
total em Portugal tenha diminuído 49% desde 1980, a área dedicada a
culturas dependentes de polinizadores aumentou 36% na última década,
refletindo a expansão de culturas mais rentáveis e que dependem da
polinização, como frutas frescas, frutos secos e hortícolas.
A nova
investigação alerta para as ameaças crescentes aos polinizadores,
incluindo a intensificação agrícola, a simplificação da
paisagem, as alterações climáticas e a urbanização, que podem
comprometer a sustentabilidade da produção agrícola e gerar
défices de polinização.
«Os
polinizadores são um verdadeiro pilar da economia agrícola
nacional. Sem eles, muitas das culturas mais valiosas em Portugal
deixariam de ser economicamente viáveis»,
afirma a docente e investigadora Sílvia Castro, autora do estudo.
Os resultados
apresentados fornecem uma base científica sólida para o
desenvolvimento de políticas agrícolas e ambientais, reforçando a
necessidade de integrar medidas de conservação de polinizadores na
gestão agrícola, nos programas de apoio ao setor, e nos planos de
ordenamento do território, assegurando a resiliência e
sustentabilidade da agricultura em Portugal.
*Sara
Machado
Assessora
de Imprensa
Universidade
de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia



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