De acordo com a Organização Mundial de
Saúde (OMS), o comércio ilegal de órgãos ocorre quando os órgãos são retirados
do corpo com a finalidade comercial. Muitos habitantes de países ricos viajam
para zonas desfavorecidas do planeta onde pessoas pobres estão dispostas a
ceder um rim ou um pedaço de fígado a troco de dinheiro. Embora para uns seja
uma solução para a carência financeira; para outros trata-se de um comércio
repugnante e imoral.
Estima-se que, todos os anos, cerca de
um milhão de pessoas em todo o mundo precisa de um órgão, mas apenas uma em
cada dez consegue obtê-lo. De facto, muitos chegam a esperar uma
década para recebê-lo.
Na China, no Paquistão, nas Filipinas,
no Norte de África ou na América Latina, é relativamente fácil obter uma peça
vital com o livro de cheques na mão, e é assim que se passa por cima das listas
de espera por um transplante. Pouco tempo depois, o transplantado regressa a
casa com um órgão novo e uma esperança de vida renovada. É o que se denomina
"turismo de transplantes", uma actividade que proporciona,
anualmente, entre 5% e 10% dos órgãos transplantados. A maior parte desses
turistas são provenientes dos Estados Unidos, do Japão e de Israel, mas também
há europeus, sobretudo ingleses, alemães e holandeses.
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- Conexão Repórter - Tráfico de Órgãos - 28/10/10
No mercado negro, os únicos órgãos
vitais que podem ser provenientes de um dador vivo são os rins e o fígado. Na
maior parte dos países, os órgãos são obtidos de forma altruísta, tal como os
tecidos do corpo, embora estes possam estar sujeitos a comercialização. Seja
como for, as máfias nunca perdem uma oportunidade para fazer negócio:
Córneas, pele e ossos: Trata-se de
tecidos relativamente fáceis de transplantar, pois não é preciso que o dador
esteja vivo. Além disso, ao contrário do que acontece com os órgãos vitais,
como o coração, o fígado ou os rins, não há restrições rígidas em termos de
tempo. As córneas, a pele e os ossos provêm de cadáveres, e apesar de poderem
ser comercializados, não circulam no mercado negro. No entanto, embora haja
mais doações do que procura, ocorrem roubos esporádicos de córneas e ossos nas
morgues.
Fígado: Embora esta glândula possa
regenerar-se, certas intervenções ou doenças eliminam essa capacidade e tornam
indispensável um transplante. O fígado (inteiro ou parte) pode vir de uma
pessoa viva ou de um cadáver. No primeiro caso, a recuperação do dador costuma
ser um pesadelo; daí que não abundem os voluntários. Países como o Japão, que
sofrem um défice de doações, são os que mais necessitam de efectuar este tipo
de transplantes. Assim, procuram dadores, sobretudo na China e nas Filipinas.
Rins: Segundo a Organização Mundial de
Saúde, realizam-se anualmente no mundo 70.000 transplantes renais, e um quinto
dos órgãos provêm do mercado negro. Durante muitos anos, a Índia foi o
principal mercado mundial deste e de outros órgãos.
De facto, a povoação de Villivakkam é
conhecida pelo nome de Kidney Village, devido ao número de habitantes que
venderam um rim. Recebiam cerca de 800 dólares, o equivalente ao salário de um
ano inteiro. O receptor pagava cerca de 37.500 dólares: a diferença ia parar
aos bolsos dos traficantes.
Sangue: Dada a sua grande capacidade de
regeneração (o dador recupera o meio litro que doa em menos de um mês), o
"ouro vermelho" não tem interesse como mercadoria. Todavia, até à
década de 1970, havia em muitos bairros pobres das cidades centros de recolha
que gratificavam os dadores. Actualmente, apesar de o tráfico de sangue ser
proibido, a verdade é que há quem faça negócio disso em alguns países em vias
de desenvolvimento. Na Índia, por exemplo, descobriu-se em 2008, que havia
máfias que se dedicavam a sequestrar pessoas para as reter e extrair sangue
várias vezes por semana.
A Global Financial Integrity emitiu um
relatório estimando que o comércio ilegal de órgãos gera lucros entre 600
milhões de dólares e 1.2 bilião de dólares por ano. O negócio ilegal dos órgãos
abrange inúmeros países: Paquistão, Índia, África do Sul, Filipinas, Israel,
Colômbia, região dos Balcãs, Turquia, Europa Oriental, E.U.A., Reino Unido,
Macedónia e Canadá.
Os principais exportadores do comércio
ilegal de órgãos são a Índia e o Paquistão onde segundo a OMS, a cada ano pelo
menos 2000 pessoas vendem os próprios órgãos a intermediários sem escrúpulos.
Nesses países, nos últimos anos, foram criadas organizações especializadas no
turismo dos transplantes, encarregando de por em contacto o doador e o
comprador e organizando as intervenções em hospitais e clínicas complacentes
localizadas em países do Extremo Oriente e no Hemisfério Sul. Os preços variam
muito segundo a procedência: de 20.000 dólares por um rim indiano a 160.000
dólares por um rim proveniente de Israel. Ao doador é dada apenas uma pequena
quantia que não ultrapassa 1000 dólares!
O relatório da OMS comenta que no
mercado chinês, os órgãos humanos são extraídos dos prisioneiros, embora
oficialmente, o governo afirma que são doados pelos prisioneiros condenados à
morte: 12.000 rins e 900 fígados apenas em 2005, ano em que os números foram
confirmados! Após esse ano e devido a críticas internacionais, o governo chinês
preferiu silenciar a respeito do assunto.
Recomendo o visionamento do documentário de tráfico de órgãos humanos clicando encima do link que se segue: https://www.youtube.com/watch?v=lNEUEbehkp4
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- Conexão Repórter - Tráfico de Órgãos - 28/10/10)
Na China esses órgãos são vendidos a
preços elevados a cidadãos chineses que possuem recursos ou a pacientes
estrangeiros dispostos a pagar caro para não ter de esperar numa fila de
doações legais. No mercado chinês é possível comprar um rim por 60.000 dólares,
e também um pâncreas, um coração ou um pulmão por cerca de 150.000 dólares.
Apesar de o comércio de órgãos ser proibido por todas as legislações do mundo
(incluindo na China, oficialmente), existe uma excepção: o Irão, onde a cada
ano, segundo as estatísticas, 1400 pessoas oferecem legalmente no mercado, um
dos seus rins por quantias que podem ir até 10.000 mil dólares.
A VIDA É DURA TAMBÉM PARA QUEM DECIDE SE SUBMETER A UM TRANSPLANTE
ILEGAL. SEGUNDO A OMS ESSES PACIENTES CORREM UM DUPLO RISCO:
- As péssimas condições sanitárias em
que são efectuadas essas intervenções;
- O estado de saúde dos órgãos
transplantados nem sempre é saudável, podendo ser portadores de infecções e de
várias doenças, tais como a sida e a hepatite.
A pobreza e as lacunas existentes na
legislação contribuem para o comércio ilegal de órgãos.
A legislação nesses países contribui
para o comércio ilegal de órgãos, especialmente a legislação com lacunas:
- Por exemplo, a Lei dos Transplantes de
Órgãos Humanos da Índia exige que um doador de órgãos deve ser um parente,
cônjuge, ou mesmo um simples doador que pretende doar ao receptor. Mas muitas
vezes, os doadores de órgãos não têm ligação com o destinatário.
- A comercialização deste tipo de órgãos
são ilegais na Índia, mas não há leis sobre fundos doados ao cônjuge. Isso
permite abrir aqui uma brecha para o comércio ilegal;
- Em certos casos, alguns doadores de
órgãos casam-se com os receptores, evitando assim, a lei da proibição.
OS TRAFICANTES DE ÓRGÃOS OPERAM DE VÁRIAS MANEIRAS:
- As vítimas podem ser sequestradas e
forçadas a desistir de um órgão;
- Outras pessoas por desespero
financeiro concordam em vender um órgão;
- Por vezes, são enganadas ao acreditar
que precisam de uma operação cirúrgica e o órgão é removido sem o seu
conhecimento;
- Outras são vítimas de assassinato.
A falta de fiscalização em hospitais e
em autópsias facilita acção das máfias e alimenta o comércio clandestino que
vende órgãos específicos ou até cadáveres inteiros.
Como resultado, os criminosos fazem uma
fortuna em clínicas antiéticas que vão comprar um coração, rim ou pâncreas para
pacientes ricos.
O TRÁFICO DE ÓRGÃOS É FEITO MUITAS VEZES ÀS CUSTAS DE PESSOAS POBRES
EM PAÍSES DE BAIXO OU MUITO POUCO DESENVOLVIMENTO:
Na China, os órgãos são frequentemente
adquiridos de prisioneiros executados. Nicholas Bequelin, da Human Rights
Watch, estima que 90% da extracção dos órgãos na China são oriundos de presos
mortos. Apesar da legalidade do processo no país, há evidências de que o
governo tentou minimizar o alcance de extracção de órgãos através de acordos de
confidencialidade e leis, tais como as normas temporárias relativas à
utilização de cadáveres ou de órgãos de cadáveres de prisioneiros executados.
Mesmo com essa regulamentação ineficiente, a China ainda sofre uma escassez de
órgãos para transplante. Alvo de críticas internacionais, o governo chinês,
aprovou legislação que visa terminar com a venda legal de órgãos. Actualmente,
nenhuma legislação proíbe a retirada de órgãos de presos falecidos que assinam
acordos antes da execução. Recentemente, a China introduziu uma nova
legislação, a fim de uniformizar o processo de colecta de órgãos. Esta legislação
inclui normas que indicam que os hospitais podem realizar operações e qual
seria a definição legal de morte cerebral. Os pacientes estrangeiros
transplantados não são mais aceites. Desde que a China suspendeu a venda legal
de órgãos, os preços globais aumentaram 40%.
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Antes da aprovação da Lei de Transplante
de Órgãos Humanos, em 1994, a Índia tinha um mercado legal bem-sucedido na
negociação de órgãos. O baixo custo e disponibilidade transformaram a Índia no
maior dos centros de transplante renal do mundo.
VÁRIOS PROBLEMAS COMEÇARAM A SURGIR DURANTE O PERÍODO DE COMÉRCIO
LEGAL DE ÓRGÃOS NA ÍNDIA:
- Nalguns casos, os pacientes não tinham
conhecimento que foram sujeitos à retirada de um rim.
- Garantia do pagamento aos pacientes de
uma quantia muito maior do que a que foi realmente paga, pela extracção do rim,
não foi cumprida.
As questões éticas que cercam a doação
de contribuição empurraram o governo indiano a aprovar uma legislação que
proíbe a venda de órgãos. Apesar destes avanços, ainda existem brechas nas leis
actuais que permitem o florescimento desse comércio através de "doações
entre parentes, amigos", o que não é verdade. Em muitos casos, o doador
não pode ser do mesmo país que o paciente, ou até mesmo falar a mesma língua.
No Irão a prática de vender um dos rins
para lucro é legal. Não tendo listas de espera para transplante renal, as
vendas são legais e reguladas. A Associação de Caridade para o Apoio à
Pacientes Renais (CASKP) e a Fundação de Caridade para Doenças Especiais (CFSD)
controlam o comércio de órgãos, com o apoio do governo. As organizações
combinam doadores aos destinatários, e criam testes para garantir
compatibilidade. Os valores pagos ao doador no Irão variam, mas os valores
médios são de 1200 dólares para a doação de rim. Oportunidades de emprego
também são oferecidas em alguns casos. Tem sido argumentado que o sistema
iraniano é em alguns aspectos coercitivos, como mais de 70% dos doadores sendo
considerados pobres pelos padrões iranianos. Há também provas de que os resultados
são negativos, afectando tanto a saúde como o bem-estar emocional dos doadores
iranianos.
Entre a Vida e a Morte - Documentário sobre o tráfico de órgãos de prisioneiros vivos na China 0:18 / 52:35
Entre a Vida e a Morte - Documentário sobre o tráfico de órgãos de prisioneiros vivos na China 0:18 / 52:35
A venda de órgãos foi legal nas
Filipinas, até a proibição entrar em vigor em Março de 2008. Antes disso, as
Filipinas, foi um destino popular para turistas de transplante. A Agência de
Informações das Filipinas, um ramo do governo, promovia pacotes com tudo
incluído de transplante de rim que eram vendidos por cerca de 25.000 dólares.
Desde a instauração da proibição da venda de órgãos, os transplantes caíram de
1046 em 2007, para 511 em 2010.
Em 2005, no Brasil, o Congresso Nacional
realizou uma CPI para investigar o tráfico de órgãos. Os parlamentares
comprovaram a existência de uma máfia brasileira e a comissão indiciou nove
médicos, mas nenhum foi preso. Até 2003, moradores de Recife, capital do estado
brasileiro Pernambuco, iam até à África do Sul para vender seus rins a
europeus, americanos e israelitas, por preços que oscilava entre 3.000 dólares
e 10.000 dólares. Apesar de o Brasil possuir diversos escândalos sobre o
tráfico de órgãos, o país que mais vende órgãos no mercado ilegal é a Índia.
Próximo dele, Israel é o país que mais compra órgãos traficados, tanto que os
recursos do governo são usados irregularmente para a compra nesse mercado
negro.
Última edição por mjtc;
09-11-2013 às 21:41.
Comentário:
este é mundo cão em que vivemos. Provavelmente, os leitores deste Blog devem
pensar que é demasiado escabroso divulgar estas cenas|imagens, pois elas
revelam a forma como milhares de pessoas tratadas por este mundo cada vez mais
desumano.
Quando
desaparecem crianças saudáveis, jovens, adultos com problemas transtornos
psiquiátricos e nunca dão sinais de vida, é caso para nos interrogarmos: que
final tiveram?
Visionei
diversos vídeos disponíveis Youtube que me deixaram com os cabelos em pé,
procurando saber como tudo isto é possível! Cada vez o dito animal homem tem
menos qualidades de humano, de racionalidade.
J.
Carlos
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