Pedro Passos Coelho acusou o Governo de pôr em causa a confiança no país e disse esperar que não se repita em Portugal o que aconteceu na Grécia.
Numa conferência em Oeiras esta quinta-feira, o líder do PSD sublinhou que a reação da Europa ao orçamento do executivo do PS era previsível, recordando que em dezembro já tinha perguntado ao primeiro-ministro, António Costa, o que pensava fazer caso a Comissão Europeia colocasse dúvidas ao cumprimento das metas orçamentais.
“Na altura, ele não respondeu, como de resto acontece com frequência”, disse Passos Coelho.
“Não quero que aconteça ao meu país o que aconteceu na Grécia. Não quero que aconteça aquilo que aconteceu no passado”, declarou Pedro Passos Coelho, que apontou como “muito significativo” o que se passou esta quinta-feira na reunião do Eurogrupo.
“Na verdade eu não sou um adivinho e, ao contrário do que agora para aí sugerem, não tenho poderes ocultos em Bruxelas”, defendeu-se o líder social-democrata.
“Até porque, não sei se se recordam, eu era assim uma espécie de lacaio em Bruxelas”, ironizou Pedro Passos Coelho. “Ora, os lacaios não mandam nos patrões, portanto, não cola uma coisa com a outra”, concluiu o ex-primeiro-ministro.
Passos Coelho defende que o executivo do PS tomou opções orçamentais “demasiado imprudentes e arriscadas” e de forma consciente: “Podia ter feito de outra maneira, sabendo que era isto que ia acontecer, evitava criar esta incerteza”.
“Insistiu em apresentar uma coisa que sabia que não tinha viabilidade”, reforçou o deputado, acrescentando que isto obrigou o Governo a “andar às arrecuas e a explicar-se a toda a gente e a telefonar às agências de rating e a tentar convencer as pessoas que não, que aquilo não é o que parece”.
“Nós conhecemos é estes mecanismos, o que é uma coisa diferente. Sabemos como as coisas são”, completou.
O ex-Primeiro-ministro sublinhou que o ministro das Finanças, Mário Centeno, se comprometeu a preparar medidas adicionais, embora dizendo estar convicto de que não serão necessárias.
“Esperamos todos que elas não venham a ser necessárias, mas não foi um acaso que tivessem sido pedidas. Como não foi um acaso que já tivesse sido pedido pela Comissão Europeia, antes, outras medidas que não constavam das intenções iniciais”, sustentou.
“Eu, como já ouvi esta conversa antes e já vi este filme aqui e lá fora, preferia que esse filme não corresse. Que façam lá as coisas que entendam, cumpram um programa diferente, sem semear a incerteza, a imprevisibilidade, a insegurança no país”, pediu.
PS tem um “impulso patológico” para arranjar um “bode expiatório”
Já no debate quinzenal desta sexta-feira, no Parlamento, Pedro Passos Coelho voltou ao ataque e perguntou a António Costa “qual é o plano B” do Governo “para acudir à situação orçamental”.
O presidente do PSD considerou que “parece cada vez mais necessário” haver um “plano B” do Governo, e insistiu para que o primeiro-ministro dissesse “que tipo de medidas” estão a ser preparadas e “sobre que áreas atuam”, defendendo que “o país tem direito a saber”.
O primeiro-ministro, no entanto, afirmou que todas as medidas com que o executivo do PS já se comprometeu “são públicas” e não antecipou novas medidas.
“O que iremos fazer, naturalmente com espírito construtivo, é começar a preparar medidas que manteremos em carteira, responsavelmente, para utilizar caso venham a ser necessárias. Agora, a nossa convicção é que elas não serão necessárias“, sublinhou Costa.
Respondendo às críticas sobre o processo orçamental, o PM referiu que no ano passado, quando o PSD e o CDS-PP estavam no Governo, o Eurogrupo também afirmou que havia “risco de não cumprimento com as recomendações do procedimento por défices excessivos” e que eram “necessárias medidas adicionais”.
Segundo António Costa, as novas medidas eram apresentadas em 2015 como algo “necessário e efetivo”, porque o défice era considerado “inalcançável” – conforme se veio a verificar -, enquanto na situação atual “a questão se coloca de um modo eventual e meramente preventivo”.
“Temos muita confiança na nossa capacidade de executar, porque sabemos que as medidas que adotámos, mesmo as que adotámos a contragosto, são medidas que não terão efeito negativo no conjunto da economia, no rendimento dos portugueses, na vida das empresas. E, sobretudo, não contribuirão para uma dinâmica recessiva, como a estratégia que o seu Governo adotou”, acrescentou.
Passos Coelho retorquiu que “não vale a pena ir buscar 2015″, afirmando mais tarde que “o PS tem um impulso patológico para arranjar sempre um bode expiatório quando as coisas correm mal. E é assim que está ser”.
O líder social-democrata insistiu que foi o atual Governo que abalou o crédito dos investidores ao seguir uma política que coloca maior “vulnerabilidade” na economia.
“Em 2015 a Comissão Europeia não nos pediu à cabeça medidas nenhumas”, lembrou o ex-Primeiro-ministro, sublinhando que Mário Centeno, ontem, “disse que ia trabalhar já nessas medidas, que elas seriam analisadas na reunião do Eurogrupo em abril e, caso fossem necessárias, executadas”.
Passos Coelho concluiu que “o Governo não quer informar o país de quais são as medidas que estão a preparar”, que “com certeza” serão preparadas “em conjunto com o PCP e com o BE” e conhecidas depois de reuniões com esses partidos.
ZAP
Nenhum comentário:
Postar um comentário