terça-feira, 5 de abril de 2016

Sinais de depressão na adolescência são mais frequentes do que imagina

A ideia de que vivem a “idade da parvoíce” não é desculpa para que não se preste atenção aos adolescentes. Períodos de tristeza são frequentes na puberdade. Conheça os sintomas e saiba como deve agir.

Ingressar numa escola que não se conhece, ter dificuldades de relacionamento com os colegas, perder um animal de estimação, ver nascer um irmão ou um dos pais emigrar são situações que motivam, não raras vezes, episódios de depressão ligeira na infância ou adolescência.

Os sintomas começam frequentemente em idade escolar e tendem a agravar-se na puberdade, altura de maior indefinição e mais propícia à angústia. “O adolescente não é respeitado como adulto e não quer ser visto como criança”, explica ao Notícias ao Minuto Melanie Tavares.

A psicóloga do Instituto de Apoio à Criança olha para as crianças privadas de afeto como as mais vulneráveis ao desenvolvimento de pensamentos depressivos, que se caracterizam por “silêncio, isolamento, comportamentos de oposição, instabilidade e agitação”.

Mas tal não deve ser confundido, alerta o pedopsiquiatra Pedro Monteiro, com doença depressiva. “Nesta, a tristeza assume um caráter persistente e invasivo, dominando a experiência interna e condicionando o funcionamento do indivíduo”.

Perda de interesse pala maior parte das atividades, perturbações no sono, crises de choro e diminuição da energia são os principais sinais de alerta. E o tratamento revela-se imprescindível para um desenvolvimento saudável.

A ideia de que vivem a “idade da parvoíce” não é, alertam os especialistas, desculpa para não se avaliar atentamente o estado de espírito dos adolescentes. A conversa e os afetos tendem a ser o melhor remédio. Mas para tal é preciso olhar “com olhos de ver”, frisa Melanie Tavares.

Um estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE) datado de 2014 comprova que 11% dos jovens entre os 15 e os 24 anos apresentam sintomas ligeiros de depressão. Olhando para idades abaixo desta fasquia, Pedro Monteiro arrisca uma percentagem de 25%. Mas só em 4% dos casos se diagnostica efetivamente uma depressão.

O sexo feminino é o mais atacado por estes sintomas, que atingem duas vezes mais raparigas do que rapazes. E também nas manifestações se nota uma distinção. Se as raparigas tendem a isolar-se, os rapazes apostam essencialmente na ação e tornam-se reativos.

E se os episódios de depressão mais ligeiros se ultrapassam naturalmente, o mesmo não se pode dizer dos casos mais graves. Nas alas de psiquiatria, todos os dias são conhecidas tentativas de suicídio de jovens inconformados. Felizmente, nota Pedro Monteiro, “são muito mais as tentativas do que os atos consumados”.


Há ainda quem não vá tão longe mas se deixe igualmente apoderar pelo desespero. “Quando o sofrimento é tão grande e sentem necessidade de purgar a dor, alguns jovens recorrem à automutilação. Desta forma, a dor física sobrepõe-se à psicológica”, explica Melanie Tavares.

No Instituto de Apoio à Criançahá uma linha de apoio gratuito a que os jovens podem recorrer “para falar de tudo e de nada”. As conversas são mantidas de forma confidencial.

Fonte: notíciasaominuto
Fonte: notíciasaominuto

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