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O Governo
venezuelano de Hugo Chávez pagou mais de sete milhões de euros à fundação que
daria origem ao Podemos com o objetivo de "propiciar mudanças políticas em
Espanha mais alinhadas com o regime bolivariano", noticia hoje o jornal
ABC.
As verbas em
causa constam de um documento assinado pelo ministro das Finanças venezuelano
da altura, Rafael Isea, e pelo próprio Hugo Chávez. O documento foi hoje
publicado pelo diário espanhol ABC, que o apresenta como "a prova
definitiva em como o partido Podemos [de Pablo Iglesias] nasceu como uma
extensão do Chavismo em Espanha".
No parágrafo
63 do relatório, o ministro explicita que os dinheiros pagos à fundação Centro
de Estudos Políticos e Sociais (CEPS) - o berço do Podemos e à qual pertenceu
toda a cúpula do partido - visam pagar não só as assessorias políticas feitas
na Venezuela, como também tem um objetivo maior.
«Adicionalmente,
segundo o acordado no conselho de ministros, o apoio económico que significará
para a Fundação CEPS esta contratação permitirá estreitar laços e compromissos
com reconhecidos representantes das escolas de pensamento de esquerda,
fundamentalmente anticapitalistas, que em Espanha podem criar consensos de
forças políticas e movimentos sociais, propiciando nesse país mudanças
políticas ainda mais alinhadas com o Governo bolivariano", indica o
relatório.
O documento
especifica que a fundação CEPS - cujas assessorias serviram, segundo o ministro
venezuelano, para "promover os conceitos de emancipação popular, consciência
anticapitalista e controlo social" - recebeu 2.687.390 euros entre 2003 e
2007. O relatório - datado de 28 de maio de 2008 - também serve para pedir
verbas adicionais a Chávez para a CEPS: 1.650.700 euros para o exercício de
2008 e outros 2.830.000 euros para o período 2009-2011.
O total é de
7.168.090 euros, um valor muito superior ao que a própria CEPS admite ter
cobrado ao regime da Venezuela, cerca de 3,7 milhões de euros. A CEPS terá
trabalhado para o regime chavista até 2012, quando Pablo Iglesias já estava em
processo de formação do Podemos, registado oficialmente como partido em janeiro
de 2014.
Na fundação
CEPS trabalharam não só o líder do Podemos, Pablo Iglesias, como o seu número
dois, Íñigo Errejón, e as suas principais figuras: a deputada Carolina Bescansa
e o antigo ideólogo e número três da formação, Juan Carlos Monedero.
O documento
hoje mostrado pelo ABC está já na posse da Unidade de Delinquência Económica e
Fiscal (UDEF) da Polícia Nacional espanhola, que já estava anteriormente a
investigar o alegado financiamento ilegal do Podemos. Pela lei espanhola, é
ilegal um partido político ser financiado por um regime externo.
Sobre Pablo
Iglesias, recai ainda uma suspeita de que possa ter sido financiado pelo regime
iraniano, já que um canal de televisão afiliado ao regime de Teerão efetuou
vários pagamentos ao líder do Podemos por comentários políticos.
Os dirigentes
do Podemos sempre negaram a existência de financiamento ilegal do seu partido,
instando a que as autoridades investiguem a fundo as suas contas.
Fonte: rtp
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