sábado, 2 de julho de 2016

MAIS DE 100 PRÉMIOS NOBEL ACUSAM GREENPEACE DE “CRIME CONTRA A HUMANIDADE”


 
Mais de 100 galardoados com o prémio Nobel resolveram entrar no debate sobre alimentos transgénicos, subscrevendo uma carta à Greenpeace e outras organizações que lutam contra o uso de alimentos geneticamente modificados (OGM).
Os 110 laureados com o Nobel – o número de subscritores está a crescer – afirmam que estas organizações “apresentaram os transgénicos de forma incorreta, incluindo seus riscos, benefícios e impactos, e apoiaram a destruição criminosa de plantações aprovadas para testes e pesquisas”.
O texto pede à Greenpeace que “reconheça as conclusões das instituições científicas competentes” e “abandone a sua campanha contra os organismos geneticamente modificados em geral e o arroz dourado em particular”.
Os investigadores mencionam vários estudos publicados nos últimos anos que mostram que asplantações de alimentos transgénicos são seguras, e não muito diferentes das plantações normais.
“As agências regulatórias e científicas de todo o mundo têm mostrado repetidamente que colheitas e alimentos melhorados com biotecnologia são tão seguros quanto, ou até mais, aqueles derivados de outros métodos de produção”, lê-se na declaração.
Os investigadores concluem que “nunca houve um único caso confirmado de consequência negativa para humanos ou animais pelo seu consumo”.
Os autores da carta recordam que a FAO, o órgão da ONU para alimentação e agricultura, calcula que a produção de alimentos precisa duplicar até 2050 para atender às necessidades da crescente população mundial.
“Somos cientistas. Compreendemos a lógica da ciência. É fácil ver que o que a Greenpeace está a fazer é danoso e anticientífico. O Greenpeace e outros aliados assustam pessoas deliberadamente. É a forma que encontram de levantar dinheiro para a sua causa”, afirmou Roberts ao Washington Post.

Arroz dourado

A carta cita a Greenpeace por se opor ao arroz dourado, um OGM criado em 1999 para fornecervitamina A para a dieta de crianças em situação de pobreza. A falta de vitamina A é a causa principal da morte infantil, matando entre um a dois milhões anualmente e cegando 500 mil crianças por ano, mais do que qualquer outro motivo.
“A Greenpeace tem encabeçado a oposição ao arroz dourado, que tem o potencial de reduzir ou eliminar grande parte das mortes e doenças causadas pela deficiência de vitamina A, que ceifam as pessoas mais pobres da África e do Sudeste Asiático”, afirma a carta.
“Quantas pessoas pobres precisam morrer no mundo antes de consideramos isso um ‘crime contra a Humanidade‘?”, questionam-se na carta aberta, assinada maioritariamente por vencedores do Nobel da Medicina, Química e Física, mas também pelo ex-presidente de Timor Leste José Ramos-Horta, Nobel da Paz em 1996.
A carta faz parte da campanha chamada Support Precision Agriculture (em tradução livre, “Apoie a Agricultura de Precisão”), organizada por Phillip Sharp e Richard Roberts, vencedores do Nobel da Medicina em 1993, este último investigador do New England Biolabs.
“Chamamos os nossos governos para fazer tudo ao seu alcance para impedir as ações da Greenpeace e acelerar o acesso dos agricultores a todas as ferramentas da biologia moderna, especialmente sementes melhoradas através da biotecnologia. A oposição baseada em emoção e em dogmas, ao invés de dados, deve ser impedida”, conclui a carta.
A Greenpeace, por sua vez, responde que o arroz dourado não demonstrou ser eficaz para solucionar a deficiência de vitamina A.
Wilhelmina Pelegrina, ativista da Greenpeace no Sudeste Asiático, defende que “as empresas estão a promover o arroz dourado para abrir o caminho para a aprovação mundial de outras culturas geneticamente modificados mais rentáveis”.
ZAP / HypeScience

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