Mais de 30 anos após a sua descoberta, o buraco da camada de ozono sobre a Antártida está a dar sinais de recuperação. Esta aparente melhoria está, em boa parte, relacionada com a proibição do uso de certos gases em produtos como os aerossóis.
Com base em dados recolhidos entre setembro de 2000 e setembro de 2015, cientistas dos EUA e do Reino Unido concluíram que o buraco na camada de ozono, descoberto em 1985, encolheu cerca de quatro milhões de quilómetros quadrados, o que corresponde a uma área maior que a Índia.
“É uma grande surpresa”, disse Susan Solomon, investigadora do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), à revista Science, explicando que não esperava que se chegasse a tais resultados tão cedo.
O artigo científico, publicado na Science, revela que grande parte desta recuperação se deve à implementação das medidas definidas com o Protocolo de Montreal, um tratado internacional de 1987 ratificado pelas Nações Unidas que promoveu a proibição do uso dos clorofluorocarbonetos (CFC), compostos utilizados desde os anos 1920 em aerossóis, produtos para refrigeração e produtos de limpeza.
“É expectável que a camada de ozono recupere em resposta a estas medidas, ainda que a um passo muito lento”, lê-se no artigo.
Os CFC podem permanecer na atmosfera entre 50 a 100 anos, pelo que os seus efeitos nefastos ainda se farão sentir por largos anos, e por isso a “cicatrização” completa do buraco na camada de ozono não deverá acontecer antes de 2050 ou 2060, realçam os cientistas.
O estudo conclui que os sinais são positivos para o ambiente e comprovam que os vulcões também desempenham um papel essencial na destruição da camada de ozono.
Este impacto das erupções vulcânicas na camada de ozono ficou comprovado em 2015, quando aerupção do vulcão Calbuco, no Chile, interrompeu a tendência registada até então de encolhimento do buraco na camada de ozono devido às partículas projetadas pelo vulcão para a atmosfera.
“Depois de uma erupção, o enxofre forma partículas minúsculas que se tornam as sementes das nuvens estratosféricas polares”, explica Susan Soloman à BBC. “Estas nuvens aumentam quando se verifica uma erupção vulcânica e isso leva a uma maior perda de ozono”, acrescenta a investigadora.
“Quando os vulcões se unem aos químicos produzidos pelo Homem, é uma mistura tóxica e a Antártida é particularmente vulnerável”, explicou a investigadora do MIT ao The Guardian.
Localizada a cerca de 10 quilómetros da superfície da Terra, esta camada sofre variações cíclicas no seu tamanho.
Considerada uma das barreiras protetoras da Terra, a camada de ozono protege o planeta dos raios ultravioleta prejudicais à saúde. A ONU estima que cerca de dois milhões de casos de cancro da pele por ano poderiam ser evitados através da eliminação progressiva dos CFC.
ZAP
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