Uma delegação da UNITA, o maior partido da oposição angolana, visitou hoje três bairros do Zango III, arredores de Luanda, onde milhares de casas estão a ser demolidas, segundo os moradores por militares.
A delegação da direção do partido, que incluiu igualmente quatro deputados, pretendia constatar no terreno as reclamações de cidadãos que viram as suas casas demolidas, há cerca de uma semana, supostamente sem aviso prévio e sem justificação dada.
Alguns dos afetados contaram à agência Lusa que as demolições iniciaram na passada sexta-feira, nos bairros Walali e Floresta, onde pelo menos 4.000 casas, de vários tipos, foram demolidas por militares que informaram apenas estarem a "cumprir ordens superiores".
Segundo as vítimas, os moradores afetados recorreram à administração da zona para obterem uma explicação sobre o sucedido, mas não lhes foi dada resposta.
No decorrer da visita, dois deputados e um fotógrafo foram obrigados a acompanhar dois militares, que supostamente fazem a guarnição do local, por suspeita de estarem a ser feitas imagens do local.
Em declarações à Lusa, o secretário para os Direitos Humanos da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Joaquim Nafoia, disse que a delegação pretendia chegar até ao local das demolições, cuja passagem está vedada ao público, e ouvir os responsáveis desses atos, quando os militares se aproximaram do grupo e exigiram que os deputados os acompanhassem.
Joaquim Nafoia disse que com a informação recolhida será feito um relatório e o assunto deverá ser levado ao parlamento angolano pela bancada parlamentar da UNITA.
"São quatro mil residências demolidas em três bairros, a população avançou-nos o número de três mortos e alguns feridos desde que começaram as demolições", disse o secretário para os Direitos Humanos da segunda maior força política no país, que classificou como "triste este tipo de situações".
O dirigente da UNITA referiu que apelaram às pessoas para terem "muita calma, prudência e inteligência" no tratamento deste caso.
A Lusa constatou no local a presença de um grupo numeroso de pessoas, que dizem ter já recorrido à administração municipal, ao Governo da Província de Luanda, mas sem solução aparente para o caso.
NME // EL - Lusa
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