quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Comportamento: Teorias sobre a homossexualidade (I Parte)

Imagem:estranhoquotidiano
I-As explicações científicas sobre a origem e natureza do fenómeno da homossexualidade dividem-se em dois grandes grupos, conforme a consideramos como congénita ou como adquirida, quer dizer, como uma perversão ou como uma perversidade, estabelecendo-se, entretanto e respectivamente a teoria do terceiro sexo e da bissexualidade, e discutindo-se também a questão da homossexualidade dever olhar-se como um fenómeno psicológico ou anatómico e dos indivíduos homossexuais serem ou não psicopatas.

Antes de entrar no detalhe das diferentes opiniões sobre este assunto, devemos fazer notar que, no estado actual da Psicopatologia Criminal e da Sexologia, uma parte dos homossexuais não é realmente constituída por doentes, mas, tão somente, por anormais.

II- A maioria dos sexólogos e psiquiatras têm a convicção de que a homossexualidade é de natureza congénita. Assim pensam, entre outros Magnus, Hirschfeld, Casper, Ulrichs, Westphal, Forel, Wacke, Chevalier, Halban, Numatius, Meissner, Sanger, Rohleder, Freud, Kraftt-Ebing, etc.

Para explicar a origem e natureza da homossexualidade, pretende o Prof. Magnus Hirshfeld que, respectivamente, os homossexuais e os uranistas, não sejam mais degenerados que as outras pessoas e representem uma espécie de terceiro sexo, anteriormente normal e de analogia notável com a dos himenópteros. Em sua opinião a existência da homossexualidade é natural, e, a sua falta seria de estranhar, porque as transições existentes entre um e outro sexo, podem provar-se relativamente a todos os órgãos e a todas as funções, por isso o instinto sexual não deveria constituir excepção. É inexacto, diz o Prof. Hirschfeld, como se julga, que a diferenciação dos sexos seja tanto mais distinta quanto mais altamente colocado se encontra um ser vivo e que a natureza trabalhe para a diferenciação, cada vez mais acentuada, dos sexos.

As diferenças sexuais, tanto entre os animais inferiores como entre os superiores, provam a existência dos tipos de transição nos homens, em todas as épocas e em todos os climas. É certo, que na natureza a unidade dos sexos é o mais vulgar, pelo que a separação dos dois sexos marca o grau superior da sua evolução. Em compensação, nos graus intermédios, verifica-se o progresso para a polisexualidade. O terceiro sexo não é, pois, uma coisa simples, mas sim complexa.

A homossexualidade é, assim, para o doutro Magnus Kirschfeld, uma doença que consiste numa espécie de ausência de materiais de construção orgânica, cuja variação dá origem aos chamados graus intermediários, que marcam as transições entre o homem e a mulher (hermafroditas e pseudohermafroditas). Do mesmo modo que estes seres se intercalam ao homem e à mulher e pela sua deficiente disposição congénita demonstram a existência de estados de transição entre homem e mulher, o mesmo sucede também com os homossexuais. A homossexualidade, para o Doutor Hirschfeld e a sua escola, é incurável.

Como exemplos dessas transições de graus intermediários, figuram, no dizer do Hirschfeld, os homens com peito feminino ou as mulheres com atributos masculinos, (mulheres com barba, viragos, etc.) e os indivíduos que, pela disposição do aparelho genital ou pelo instinto sexual invertido, etc., se aproximam do sexo oposto.

Nesta cadeia, quase ininterrupta e extensa, do homem normal ideal à mulher normal típica, encontram-se os transvertidos eróticos.

O instinto de trocar o fato, no parecer do Prof. Hirschfeld, unicamente revela o sinal duma tendência para desempenhar o papel do outro sexo e é o símbolo duma efeminação maior ou menor do homem, e duma virilização, quando se trata da mulher, ou seja, dum impulso instintivo e congénito para a feminização.

Quanto à transvestimentação, o Prof. Hirschfeld considera-a como uma anomalia singular que se denuncia, na maioria dos casos, em pessoas de sexo masculino de instinto sexual não invertido, a quem atormenta o desejo, às vezes impulsivo, de usarem as roupas de outro sexo, por encontrarem esta nesta transformação uma verdadeira felicidade, condizente com o seu modo de ser.

Dr. Ladislau Thot
Condensado do Livro Psicopatologia Criminal

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