terça-feira, 23 de agosto de 2016

MULTIPLICAM-SE AS DOAÇÕES PARA AJUDAR FEYISA LILESA A FUGIR DA ETIÓPIA


 
Franck Robichon / EPA / Lusa
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Foi lançada uma campanha de crowdfunding para ajudar o atleta etíope a conseguir mudar de país e não vir a sofrer represálias depois do seu gesto no fim da maratona.
Além da medalha de prata ganha na maratona dos Jogos Olímpicos, Feyisa Lilesa foi notícia por ter cruzado os braços quando estava a passar a linha da meta.
Aquilo que podia ser um sinal de festejo era afinal um grito de revolta contra o Governo da Etiópia, um gesto tão perigoso que o próprio atleta disse que podia ser morto mal chegasse ao país.
Na conferência de imprensa realizada depois da maratona, o etíope explicou que o gesto é um sinal de apoio aos manifestantes que “foram mortos pelo Governo”.
“Eles faziam o mesmo sinal. Queria mostrar que não estou de acordo com o que está a acontecer. Tenho amigos e familiares presos. O Governo está a matar o meu povo“, afirmou na altura.
Apesar do Governo já ter dito que vai receber Lilesa como um herói, a verdade é que a imprensa estatal nem sequer divulgou as fotografias do atleta a cruzar a meta.
O etíope confessou que gostaria de mudar-se para outro país, vendo nos Estados Unidos uma hipótese, mas que, para já, talvez não saia do Brasil.
Agora, segundo a BBC, já foi lançada uma campanha de crowdfunding para ajudar o maratonista a conseguir asilo.
No momento em que esta notícia estava a ser escrita, a iniciativa, criada por Solomon Ungashe, já tinha atingido quase 50 mil dólares.
A luta que o atleta deu a conhecer este domingo está ligada com o conflito entre as forças governamentais e membros da Oromo, uma etnia seminómada que vive na Etiópia.
Os confrontos tiveram início em manifestações contra um plano do Governo para expandir a capital do país, Adis-Abeba, que punha em causa terrenos de cultivo desse povo.
Segundo a Human Rights Watch, estima-se que já tenham morrido mais de 400 pessoas desde o início dos confrontos.
O Comité Olímpico Internacional proíbe protestos políticos durante os Jogos e, por isso, Lilesa pode arriscar-se a ficar sem a medalha, algo que neste momento não o preocupa.
“Não posso fazer nada quanto a isso. Fiz o que devia. Tenho um problema no meu país, e é muito perigoso fazer lá um protesto”, acrescentou.
O responsável pela campanha, que vive na Califórnia, diz que tinha um objetivo inicial de dez mil dólares, objetivo esse que foi rapidamente ultrapassado em apenas uma hora.
ZAP / BBC

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