Os políticos, muitas vezes, cometem um pequeno erro. Falam e, depois, acreditam no que disseram. Compreende-se a razão. No mundo dos "reality-shows" tudo o que surge na televisão é "verdade". E os ministros acreditam nos "reality-shows" que mandaram realizar.
Olhe-se para o que dizem os antigos ministros da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues e Nuno Crato. E, depois, confronte-se com os resultados reais do que fizeram. Mesmo com estratégias de limpeza da sua imagem, feitas por comentadores muito dignos da nossa praça, sabe-se que o sector da educação (e, melhor, do ensino, porque são coisas diferentes) se degradou até níveis inimagináveis.
A educação e o ensino são as úlceras maiores deste país. São lesões que o vão corroendo. Porque o real estado do ensino não pode ser aquilatado por "rankings" do "sucesso" em escolas impossíveis de comparar, pelos números do PISA ou pelo lugar que ocupamos na lista da OCDE. Sabe-se porquê: ensinar é abrir horizontes e promover a discussão e a interrogação. E não criar apenas bons funcionários do saber que interessa.
De vez em quando alguém vem dizer que a educação é a paixão do seu Governo. Aconteceu com António Guterres. Acontece agora com António Costa. É um sentimento comovente. Mas que, como muitos outros em Portugal, está condenado: os interesses instalados (pessoais, de facção ou económicos) no sector do ensino são tão fortes e tão contraditórios que é difícil agitar o mamute. E cada vez que este dá um passo a terra treme. Esquece-se que o ensino é a base de uma democracia robusta.
Neste sector as paixões passam e os problemas (sobretudo no ensino público, chacinado por sucessivos ministros e clãs de interesses) ficam. É uma espécie de "O Fantasma da Ópera" da sociedade portuguesa: assombra toda a gente, de famílias e professores. Mas, no fim, os fantasmas vão continuando à solta. E nenhuma paixão parece capaz de salvar o que resta do ensino em Portugal.
Fonte:jornaldenegocios
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