Celebra-se esta terça-feira o Dia Mundial da Síndrome de Down, uma condição genética que, apesar de comum, ainda é alvo de estigma por parte da sociedade.
Em Portugal, um em cada 800 bebés nasce com Trissomia 21, uma síndrome de origem genética causada por uma alteração no número de cromossomas 21, que faz com que as pessoas portadoras da Síndrome de Down possuem três cópias do cromossoma 21 ao invés de duas. De acordo com o Programa Harvard Medical School para Portugal, os cromossomas são sequências de ADN que contém informações e ‘instruções’ sobre o crescimento e desenvolvimento físico e mental.
Apesar de apresentar implicações a nível comportamental e cognitivo, verificando-se um desenvolvimento mental mais tardio, esta condição genética carateriza-se pela semelhança física dos seus portadores, sendo este um dos aspetos que permite um diagnóstico mais precoce da Síndrome de Down – que é confirmado após uma análise específica ao sangue.
Como explica a publicação, as pessoas com Trissomia 21 tendem a ter a face e a nuca mais achatadas, os olhos oblíquos, orelhas, nariz e boca mais pequenas, língua mais comprida, mãos e pés pequenos e uma estrutura física também pequena, verificando-se um atraso no crescimento. Esta doença está ainda associada a um maior risco de leucemia e problemas no sistema imunitário, condições cardíacas, malformações intestinais e/ou do sistema renal e urinário, deficiência na audição, problemas de visão, problemas do foro esquelético e ainda hipotiroidismo (condição causada pelos baixos níveis da hormona da tiroide).
A Síndrome de Down não pode ser prevenida e também não tem cura, contudo, está longe de ser uma ‘sentença’ para quem a tem. Embora ainda seja alvo de estigma por parte da sociedade, são cada vez mais os casos de sucesso de portadores de Trissomia 21, seja a nível pessoal ou profissional, como é o exemplo de Mélanie Ségard e Madeline Stuart. Hiba al-Sharfa tem 27 anos, Síndrome de Down e é professora, sendo mais um exemplo de sucesso, assim como Jessica, que se tornou professora de Yoga.
Como conta a Euronews, são vários os países da Europa que têm abraçado programas de integração de pessoas com Síndrome de Down, programas esses que as deixam mais confortáveis e confiantes a nível social e que lhes permite ainda dar início a uma carreira profissional, não olhando para a sua condição como um entrave.
Paolo Grillo, presidente da Associação Italiana de Pessoas com a Síndrome de Down, revela a existência de “projetos comuns de acesso ao mercado de trabalho”, iniciativas que são feitas em conjunto “com Itália, Espanha, Portugal e até França”. “Na hotelaria, por exemplo, organizamos treinos conjuntos para acesso ao emprego”, conta à Euronews.
No ano passado, a jovem italiana AnneRose foi protagonista de uma campanha em que mostra como uma pessoa com Trissomia 21 pode ter uma vida dita normal, mostrando à sociedade que a condição não é uma barreira para o sucesso.
O estigma ainda está presente, mas a mentalidade está preparada para mudar. Exemplo disso é a marca de roupa para criança Matalan, que quis revolucionar a sua imagem e procurou uma criança com síndrome de Down para a sua nova campanha. Como lhe contámos aqui, Lily Beddall, de dois anos foi a escolhida numa competição a nível nacional no Reino Unido.
Em Portugal, a Associação Pais 21, criou o projeto ‘Vamos trabalhar’, uma iniciativa que se centra “na pessoa e nos seus interesses, na sua funcionalidade e vocação”, tendo como objetivo que “todos os jovens com Trissomia 21 possam ter uma atividade em comunidade, baseada na sua participação”.
“Queremos que os jovens capazes assumam as suas responsabilidades civis. Que tenham um emprego remunerado e paguem os seus impostos. Aqueles que por alguma razão não consigam assumir um contrato de trabalho, devem ter uma atividade em comunidade”, lê-se no site da organização.
Celebra-se esta terça-feira o Dia da Síndrome de Down, uma data que serve para mostrar que somos muito mais iguais do que diferentes.
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