terça-feira, 21 de março de 2017

Startups - A política tem uma nova namorada

O Parlamento discutiu a proposta do Governo para regulamentar a Uber e Cabify na sexta-feira, sem que nenhum partido chegasse a um consenso, e as palavras de Carlos Moedas – ditas no dia anterior – podiam ter ecoado em repeat nos corredores daquela que é a casa da democracia. “É preciso sentar à mesa” os empreendedores, as autoridades europeias, autoridades nacionais, reguladores, o país, “as diferentes partes do puzzle”. Já se sentaram? Ótimo. Vamos conversar.

Política – Eu gosto de ti, mas já não sei o que fazer contigo.

Tecnologia – Dá-me só mais uma oportunidade.

Para o comissário europeu com a pasta da inovação, não há dúvidas: “quer queiram, quer não”, a política e a inovação tecnológica estão numa relação (ainda que complicada). E se a ideia das startups é revolucionar mercados altamente regulados como o da saúde, energia ou transportes, não há outra solução: o casal mais disruptivo da era digital só sobrevive quando ambos estiverem dispostos a ceder. Não só nas leis, mas nos mecanismos. Na educação. Nas culturas das empresas.

Política – O problema não és tu, sou eu. Que não me atualizo tão depressa.

Tecnologia – Não faz mal. O software espera.

No Caixa Empreender Award, o comissário português lembrou que é preciso “refletir sobre o que se está a passar na Europa”, porque “as pessoas estão desiludidas” e é preciso que os líderes se reconectem com elas. Acho que neste ponto, a política concorda com Moedas. A tecnologia também. Se isto der em casamento, adivinhem lá quem vai ser o padrinho.

Tenham uma ótima semana! Na terça, escrevo-vos outra história de amor.