domingo, 27 de agosto de 2017

Fotógrafo Felix Wong do jornal South China Morning Post foi detido pelas autoridades de Macau

O fotógrafo Felix Wong do jornal South China Morning Post foi detido pelas autoridades de Macau e acusado de colocar em “risco a estabilidade e segurança interna” do território. Associações de jornalistas de Macau e Hong Kong denunciam proibição da entrada em Macau de mais três repórteres de Hong Kong

Soldados do Exército de Libertação Popular durante trabalhos de limpeza das ruas de Macau
TYRONE SIU /REUTERS
O governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) negou a entrada de quatro jornalistas de Hong Kong que queriam fazer fazer reportagens sobre os efeitos devastadores da passagem do tufão Hato, que causou pelo menos cinco mortos e 153 feridos, deixando um rasto de caos e destruição em todo o território.
A denúncia é feita pelo South China Morning Post (SCMP), um dos jornais visados por este barramento que compromete a liberdade de imprensa. Num texto assinado por Jeffie Lam, o Post conta como o [seu] repórter fotográfico Felix Wong foi detido pelas autoridades quando entrou no casino.
Os serviços de imigração de Macau entregaram uma intimação a Wong, dizendo que ele “coloca em risco a estabilidade e segurança interna” do território, relata o artigo do South China Morning Post.
Para além de Wong, três outros repórteres estrangeiros foram objeto de notificações semelhantes de acordo com South China Morning Post: dois jornalistas da Apple Daily e um do portal HK01.
O editor-executivo do Post, Tammy Tam, expressa a “forte oposição” do jornal “à detenção de Wong pelas autoridades de Macau; este encontrava-se a cumprir a sua “missão de infromar o público”.
Citado pelo Post, Ryan Law Wai-kwong, do Apple Daily, lamenta o barramento das autoridades de Macau à entrada dos repórteres, classifando a detenção e a a alegada ameaça dos jornalistas à segurança interna do território de “absolutamente ridícula”.

REPÓRTERES DETIDOS NO DIA EM QUE ERA ESPERADA TEMPESTADE PAKHAR

Os três jornalistas de Hong Kong foram detidos sábado, dia em Macau estava em alerta devido à aproximação do tufão Pakhar.
O Hato foi o tufão mais violento que atingiu o território de Macau nos últimos 18 anos, e fez pelo menos 20 mortos e cerca de 200 feridos. Não há vítimas portuguesas a lamenta, de acordo com o cônsul de Portugal no território.
Os jornalistas que trabalham em Macau já manifestaram o seu desagrado pela posição das autoridades da Região Administrativa Especial. A Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM), num comunicado divulgado este domingo na sua página do Facebook, “lamenta profundamente a decisão das autoridades da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) de recusar a entrada na região de quatro repórteres de Hong Kong, que, segundo as publicações para as quais trabalham, se deslocavam à região, no dia 26 de Agosto, para fazer reportagem sobre o impacto do tufão Hato”.
“A AIPIM considera incompreensíveis e insatisfatórias as justificações dadas pelas autoridades locais para a decisão e alerta que esta atitude, tal como outras semelhantes no passado, prejudica a imagem internacional da RAEM no que diz respeito ao respeito pela liberdade de imprensa”.


Em Coloane tenta-se perceber por onde começar a reconstrução
Em Coloane tenta-se perceber por onde começar a reconstrução
FOTO GONÇALO LOBO PINHEIRO

A agência Lusa diz que o coordenador do Centro de Operações da Proteção Civil (COPC) de Macau, Ma Io Kun, “questionado sobre o assunto numa conferência de imprensa no mesmo dia, admitiu que houve pessoas que foram impedidas de entrar na cidade, mas não confirmou que eram os jornalistas: Em princípio, proibimos a entrada de pessoas que possam causar perigo à ordem pública e à ordem da sociedade. É de acordo com a lei que proibimos a entrada dessas pessoas", disse Ma lo Kun, sublinhando não saber se os barrados' eram ou não jornalistas”.
A Associação de Jornalistas de Hong Kong e a Associação de Fotojornalistas de Hong Kong também lamentaram o incidente e instaram Macau a respeitar a liberdade de imprensa, De acordo com o South China Morning Post, estas duas associações “defenderam que Macau tem uma política de imigração arbitrariamente restritiva e que vários de jornalistas de Hong Kong foram impedidos de entrar na cidade nos últimos anos”, escreve a Lusa.

Fonte: Expresso

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