A Uber está sendo investigada pelo governo dos Estados Unidos mais uma vez, desta vez pelo suposto suborno de autoridades de fora do país durante suas expansões internacionais. O inquérito foi aberto nesta semana pelo Departamento de Justiça e conta, inclusive, com a cooperação da própria empresa de transportes, que disse estar auxiliando na apuração do caso.
As autoridades querem avaliar se a Uber infringiu o Ato Contra Práticas Corruptas no Exterior (FCPA, na sigla em inglês), uma lei do país que tenta combater a corrupção de empresas americanas fora do território dos EUA. Fazem parte do conjunto, por exemplo, normas quanto à transparência contábil, prestação de contas e, principalmente, suborno.
É justamente essa última categoria o alvo da investigação que está sendo realizada, com as autoridades avaliando se a Uber fez promessas de ganhos, financeiros ou não, a funcionários públicos de outros países. Esse é um dos principais dispostos no FCPA, que, inclusive, proíbe até mesmo o uso de ferramentas de comunicação ou de transferência de mercadorias como o método não apenas para repassar fundos em prol de ganhos próprios, mas também para a realização da própria oferta de suborno.
Apesar da revelação da investigação, não anunciada oficialmente, mas confirmada por fontes ligadas à Uber, não se sabe ao certo qual a situação que o governo norte-americano está investigando. Também é desconhecido o escopo da operação, se se trata apenas de um país ou se o inquérito abrange a operação da companhia em diferentes territórios.
Não se sabe, também, se o caso está ligado a outro processo movido pelo governo dos EUA contra a Uber e relacionado a uma ferramenta chamada Greyball. Usada no coração dos sistemas do serviço de transportes, a funcionalidade era utilizada como forma de evadir fiscais e reguladores em cidades onde a atuação da plataforma ainda era motivo de polêmica ou onde ela funcionava sem as devidas autorizações.
Desde o começo de sua expansão internacional, a Uber vem trabalhando com autoridades internacionais de forma a obter as regulamentações adequadas para seu funcionamento. Às vezes atuando lado a lado, mas em outras em cantos opostos, a companhia de transporte enfrenta a oposição de serviços convencionais, além da lentidão dos processos internos das prefeituras em todo o mundo.
Promulgado nos anos 1970, o FCPA veio da revelação de que, naquela década, mais de 400 empresas americanas haviam pago um montante maior do que US$ 300 milhões a estrangeiros como forma de obterem vantagens ou regulações favoráveis em expansões internacionais. Para o governo, foi uma forma de proteger a própria soberania e saúde financeira, além de frear o ímpeto de companhias atuando de forma irregular em países com legislação mais branda.
É mais uma responsabilidade para a lista crescente de atribuições do novo CEO da Uber, Dara Khorowshahi, que foi anunciado oficialmente nesta quarta-feira (30) e assume o posto ainda nesta semana. Ele é apontado como controlador da companhia em um momento crítico e de virada, no qual ela tenta melhorar as relações com motoristas, ampliar a confiança dos usuários e resolver intrigas internas, além de modificar completamente sua cultura.
Fonte: Forbes
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