As autoridades moçambicanas pretendem criar uma política de segurança rodoviária – a primeira no país – numa altura em que o drama resultante dos acidentes de viação deixa a todos com as mãos à cabeça e viajar – seja em carro particular ou transportado por alguém – gera sempre uma incerteza que só acaba após chegar salvo ao destino.
Dos vários factores que concorrem para a carnificina de que a sociedade tem vindo a se queixar, o homem continua sendo aquele a quem se aponta o dedo: protagonista cerca de 2.900 acidentes/ano, os quais resultam em 1.800 óbitos.
Apesar de as estimativas do Instituto Nacional dos Transportes Terrestres (INATTER) e de outras entidades privadas indicarem que a sinistralidade rodoviária tem estado a decrescer, o seu impacto prevalece preocupante. Dados divulgados por aquela instituição do Estado, nas auscultações públicas realizadas no país, indicam que, em média, pelo menos cinco pessoas morrem/dia vítimas de carros e a cada ano os traumas chegam a 5.000, o que representa 13 feridos graves e ligeiros por dia.
Os atropelamentos constituem a principal causa de morte e trauma, afectando sobretudo crianças em idade escolar, cujo grosso se faz à rua sem o acompanhamento de adultos.
Na tentativa de encontrar formas de inverter esta situação, o INATER ouviu, na quarta-feira (30), em Maputo, a opinião de algumas entidades públicas e privadas sobre o que e como deve ser uma política de segurança rodoviária. Iolanda Cintura, governadora da cidade de Maputo, disse que o debate sobre os acidentes de viação “merece uma atenção especial minuciosa e franca”, porque “tira sonos a todos nós”.
Entretanto, a sala que acolheu o evento, numa das estâncias turísticas na zona baixa da capital do país, esteva às moscas. A grande ausência foi das escolas de condução, dos operadores de transportes público e privado de passageiros, do povo em geral, entre outras entidades a quem o assunto sobre a sinistralidade rodoviária interessa.
No primeiro semestre do corrente ano, 45 cidadãos pereceram e outros 327 contraíram lesões graves e ligeiros, devido a 172 acidentes de viação em Maputo.
Segundo Iolanda Cintura, o essencial na política de segurança rodoviária, ora em forja, deve ser a “preservação da vida humana, a concordância entre as políticas de segurança e os planos governativos”, entre outros.
O instrumento deve permitir tirar Moçambique da lista dos países com maior índice de acidentes de carros no mundo.
O alcance desse desiderato depende de automobilistas que não façam ao volante embriagados, que observem, rigorosamente, os limites de velocidade impostos pelo Código da Estrada e as regras elementares de trânsito, que se abstenham de fazer manobras perigosas e que as viaturas não estejam num estado mecânico que não oferece segurança, afirmou a governante.
Por sua vez, Amílcar Pacule, director de Regulação Técnica e Segurança Rodoviária, disse que o país regista, em média, nove acidentes de viação por dia.
Este mal já matou 515 pessoas e feriu outras mais de mil no primeiro semestre deste.
Só nos últimos seis anos, ao menos 10.099 pessoas morreram e outras 28.969 contraíram ferimentos, das quais 13.079 com gravidade, em consequência de 39.068 sinistros. Estes números levaram a que o problema fosse considerado de saúde pública.
Para a redução desta chacina nas estradas “é necessário que a política de segurança rodoviária e a respectiva estratégia de implementação tenham uma abrangência multidisciplinar (...)”, sugeriu o dirigente.
Fonte: Jornal A Verdade. Moçambique
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