Enquanto dormia...
... o OE foi aprovado (de madrugada), após mais de 14 horas de reunião, e é apresentado hoje (não se sabe ainda a hora). A nota dominante das notícias tem sido"Governo cede...", o que mostra como as reivindicações da esquerda (com manifestações a pararem ontem Lisboa) marcam este documento, ainda que o efeito de muitas das medidas só se faça sentir em 2019 (ou depois) e que algumas delas só cheguem a meio do próximo ano. Para não se perder com tudo o que já foi noticiado, leia o guia das principais medidas que já se conhecem e o que ainda falta saber, do Nuno André Martins e da Rita Tavares.
Destacando algumas das decisões mais importantes:
- O aumento extraordinário das pensões chega a todos, mas só em Agosto e custará 35 milhões
- As progressões na carreira vão ser mesmo feitas em dois anos, como pedia a esquerda, mas o Governo só quer pagar 33% dos aumentos dos salários em 2018.
- As horas extraordinárias vão ser repostas na íntegra já a partir de janeiro.
- Mais 3.500 professores vão ser integrados nos quadros da Administração Pública, parte deles de forma extraordinária. Mas isso não travou a ameaça de greve para 6 de novembro.
Antes do OE devem ser conhecidas as tarifas de eletricidade: o anúncio de cortes à EDP criou a expectativa de que os preços podem baixar em 2018. Já a tarifa social é certo que manterá um desconto de 33,38%.
Outra informação importante
Falhou o SIRESP. Falhou o comando da Proteção Civil. Falhou o plano dos Bombeiros. Falhou a GNR. Falharam os donos dos terrenos. Falhou quem tomou as decisões políticas. Na prática, falhou quase tudo em Pedrógão, segundo orelatório da comissão técnica independente criada para avaliar os incêndios. Mas não há nomes para os culpados, ou melhor, há dois ou três sem relevância. Aponta-se o dedo à Proteção Civil, admite-se interferência política, mas ninguém assume a culpa da tragédia que matou 68 pessoas (é ler). Costa admite tirar responsabilidades (incluindo políticas), mas não diz quando; oPSD fala em "dose massiva de incompetência".
O furacão Ophelia subiu para categoria 2 e aproxima-se dos Açores. Há avisos amarelo e laranja para as ilhas, mas ainda não é possível saber se o continente será apanhado pela rota dos ventos (se o for, só domingo).
No PSD, dois apoios sem surpresa. O de Miguel Relvas a Santana e o de Ferreira Leite a Rio.
Sobraram 2.569 vagas por preencher nas Universidades, depois da terceira e última fase de candidaturas ao Ensino Superior. Este ano foram colocados 46.544 alunos.
Em Espanha, depois de um dia de quase tréguas para comemorar a festa nacional, a questão catalã voltou em força. A CUP, partido de extrema-esquerda independentista, exigiu por carta a Puigdemont que declare já a independência. Depois, podem surgir mais casos como este.
Nos EUA, Trump deve anunciar hoje o fim do acordo nuclear com o Irão, mas não pedirá sanções, segundo o The Guardian. O presidente americano deu ainda mais um rude golpe no plano de saúde de Obama.
Polémica na UNESCO. Primeiro foram os Estados Unidos, seguiu-se Israel. Os dois países decidiram abandonar a organização por causa do que dizem ser uma tendência anti-israelita.
Nunca um incêndio tinha provocado tantas mortes e destruído tantas casas na Califórnia. E o fogo está longe de estar controlado. A Carolina Branco conta a tragédia através dos relatos dos jornais americanos. Os mortos são já 31.
No futebol, o Sporting arrancou a terceira eliminatória da Taça de Portugal com uma vitória fácil em Oleiros por 4-2. Destacou-se Podence (segundo a crónica do Tiago Palma) mas também outro Leão: melhor que Rafael na estreia só Ronaldo. Hoje joga o FC Porto (com o Lusitano) e amanhã o Benfica (com o Olhanense).
Chama-se Liga das Nações e é a nova prova de seleções: parece que serve para levar os jogos particulares mais a sério e o modelo já está (quase) decidido.
Nota ainda para a investigação ao milionário do Qatar que é dono do PSG (esse, o clube que pagou 222 milhões por Neymar): é suspeito de corrupção por subornos na FIFA. O Bruno Roseiro conta quem é Nasser Al-Khelaïfi, o ex-tenista medíocre nascido numa família de classe média que agora domina o futebol.
Caso Sócrates
Com a acusação do caso José Sócrates surge um novo livro muito a propósito. "A Sangue Frio", de Fernando Esteves, expõe os principais interrogatórios do processo. No capítulo de que fizemos a pré-publicação, está a defesa de Ricardo Salgado: o banqueiro justificou as ligações a Sócrates, Bava, Granadeiro ou Bataglia como coincidências do Diabo.
Por falar em Ricardo Salgado (que ontem negou todas as acusações), o Luís Rosa leu o processo e descobriu uma ligação poderosa entre o Grupo Espírito Santos e a PT. Em 14 anos, o GES ganhou 8,4 mil milhões (mil milhões sim, não é gralha) com a relação entre as empresas.
"Era uma vez em Portugal" é o nosso minidocumentário sobre o escândalo que abalou o regime. Nesta primeira parte estão as primeiras dúvidas sobre a fortuna de José Sócrates, a vida em Paris do ex-primeiro-ministro e a amizade com Carlos Santos Silva.
Para analisar o caso, o Miguel Pinheiro, o Luís Rosa e eu bebemos uma BICA. Debatemos a alegada premeditação de Sócrates e dos outros arguidos para ganharem dinheiro quando ele chegasse a primeiro-ministro e questionamos porque ninguém à volta dele no Governo deu por nada.
Os nossos especiais
No último dia das celebrações do Centenário das Aparições, deixo-lhe dois grandes trabalhos para uma leitura demorada e um belo debate:
- No ensaio "Fátima: 100 anos de uma história mal contada", Rui Ramos diz que durante o último século o que se fez em Fátima foi manipular um acontecimento até fazer desaparecer toda a surpresa e complexidade.
- No livro "O Milagre do Sol segundo testemunhas oculares", Bernardo Motta reuniu 150 testemunhos sobre os acontecimentos de 13 de outubro de 1917 e nós transcrevemos um deles.
- Tem ainda o Conversas à Quinta, onde o José Manuel Fernandes debate com Jaime Gama e Jaime Nogueira Pinto não só o Milagre do Sol como também o anticlericalismo da I República.
A nossa opinião
- Rui Ramos escreve sobre o caso Sócrates: "Tivemos um primeiro ministro cujas despesas pessoais eram pagas secretamente por um dos empresários com mais contratos com o Estado. Quando é que os políticos nos vão dizer o que pensam disto?"
- Diana Soller escreve sobre a Catalunha: "O referendo deixou de ser um instrumento muito esporádico para se tornar numa arma de arremesso e/ou de sobrevivência política. O que é, em si só, uma mudança profundamente antidemocrática".
Notícias surpreendentes
Bem vinda a Portugal, Madonna. A rainha da pop já não parece andar tão feliz com os cavalos na praia, a culinária nacional ou as ruelas de Alfama. Além de não conseguir encontrar casa na capital (nem com visto especial passado num encontro com a própria ministra), parece que está a chocar de frente com a burocracia lusitana. E mostrou-nos a língua.
Vêm aí dias de descanso e provavelmente o adeus ao tempo quente. Mas estas sugestões valem para qualquer que seja a temperatura: tem comida saudável no Príncipe Real e um hotel boutique com um belo restaurante em Santa Catarina, se estiver por Lisboa; e muitas novidades para provar no velhinho Café Progresso, se andar pelo Porto.
Para ficar com a cabeça à roda antes do fim de semana, é ver os vídeos das melhores ilusões óticas do ano.
Vamos ter mais um dia movimentado, com a apresentação do Orçamento do Estado (e ainda muito por descobrir na acusação do caso José Sócrates): vai ter tudo isso e muito mais no Observador
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