Num ano bem mais “atípico” dos que os anteriores, onde a crise continua a apertar e poderá ser exacerbada pelo Ciclone IDAI e cheias, enfim os moçambicanos poderão obter algum alento com o anúncio das Decisões Finais de Investimento (DFI) no gás natural do Rovuma: em Abril será do projecto da Anadarko e em Julho o megaprojecto da ExxonMobil. O gás da Bacia do Rovuma pode gerar receitas de 232 biliões de Dólares para Moçambique até 2040.
Mergulhados no pântano das dívidas ilegais da Proindicus, EMATUM e MAM que precipitaram a crise económica que desde 2016 teima em piorar a sempre difícil vida os moçambicanos que sentem de certa forma que até Deus não os ouve, quiçá por isso o Papa Francisco venha trazer a sua palavra.
Em 2018 contra todas expectativas a economia desacelerou, a paz continua adiada, o terror não dá tréguas em Cabo Delgado, a seca perdura no Sul e um ciclone arrasou o Centro. Mas se o calvário não tem data prevista para terminar algum alento trarão as ansiadas Decisões Finais de Investimento dos megaprojectos que pretendem explorar os mais de 150 triliões de pés cúbicos de gás natural existentes na Bacia do Rovuma.
O @Verdade apurou de fonte da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) que o projecto da Área 1 liderado pela norte-americana Anadarko, cuja DFI é ansiada desde 2015, poderá anunciar até ao final deste mês a sua decisão final de investir em Moçambique 26,5 biliões de Dólares norte-americanos para a partir de 2024 começar a extrair e liquefazer os 75 triliões de pés cúbicos de gás natural na concessão que possui em Palma.
De acordo com a ENH essa Decisão Final de Investimento vai acontecer independentemente do terrorismo que continua a fazer sentir na Província de Cabo Delgado, que ditou mesmo a interrupção da construção da vila de reassentamento há várias semanas, e os primeiros desembolsos substanciais em divisas deverão começar a acontecer em finais de Setembro.
Para Julho está prevista a DFI de outro megraprojecto, ainda maior que da Anadarko, que é liderado pela também norte-americana ExxonMobil e se propõe a investir 25 biliões de Dólares norte-americanos para explorar os 75 triliões de pés cúbicos de gás natural existente nos campos combinados de Mamba (na Área 4) e Prosperidade (na Área 1). Segundo a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos o fecho financeiro poderá acontecer até Outubro e os investimentos em Dólares poderão começar a entrar na economia antes do fim de 2019.
Moçambique pode arrecadar 232 biliões de Dólares até 2040
Estes biliões de Dólares em investimentos que vão entrar na economia moçambicana poderão contribuir para a fortificação do Metical, que continua em derrapagem face as divisas e nesta quinta-feira (11) esteve cotado a 64,85 por Dólar, e equilibrar a deficitária Balança de Pagamentos e quiçá reanimar o Produto Interno Bruto no último trimestre de 2019.
Números a que o @Verdade teve acesso indicam no projecto integrado da Área 1 – partilhado pela Anadarko que tem 26,5 por cento, a japonesa Mitsui tem 20 por cento, a indiana ONGC tem 16 por cento, a ENH tem 15 por cento, a indiana Barhat Petro Resources tem 10 por cento, a tailandesa PTT Exploration & Production tem 8,5 por cento e a também indiana Oil India detém 4 por cento – o Estado moçambicano deverá ganhar um total de 63,4 biliões de Dólares norte-americanos dos Royalties que serão pagos, do Impostos sobre o Rendimento de Pessoa Colectiva, do lucro petróleo e dos lucros da ENH.
Entretanto no megaprojecto On-Shore da Área 4 – onde estão a italiana Eni com 35,71 por cento, a norte-americana Exxon Mobil com participação de 35.71 por cento e a Chinese National Petroleum Corporation com 28,57 por cento, a portuguesa Galp com 10 por cento, a sul-coreana Kogas com 10 por cento e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos com os restantes 10 por cento – as expectativas de receitas elevam-se para 154,5 biliões de Dólares norte-americanos.
No global com a exploração do gás existente na Bacia do Rovuma, além destes dois existe ainda a fábrica flutuante de gás natural liquefeito que está a ser construída para operar no campo de Coral Sul, o nosso país projecta arrecadar aproximadamente 232 biliões de Dólares em receitas até a década de 2040.
No entanto não é certo que essas receitas bilionárias resolvam o calvário dos moçambicanos e concretizem o adiado “Futuro Melhor”. Muitos desafios impõem-se, particularmente no que respeita as opções políticas que serão tomadas pelo partido que Governa o nosso país desde 1975.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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