A
presidente da Câmara Municipal de Cantanhede enviou à Ministra da
Saúde uma carta onde manifesta “a
sua profunda preocupação relativamente a vários problemas”
que, neste setor, “se
arrastam há demasiado tempo no concelho”,
desde a situação de impasse que se vive nos serviços hospitalares
até à falta de médicos nas Unidades de Saúde Familiares (USF) e
nas extensões de saúde.
O
teor da missiva foi dado a conhecer à Assembleia Municipal em 27 de
setembro, mas Helena Teodósio fez questão de só o tornar pública
depois das eleições. Nela a autarca começa por alertar para “o
incompreensível e inaceitável desinvestimento do Ministério da
Saúde no Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro
(CMRRC) – Rovisco Pais, o que se está a traduzir no esvaziamento
dos serviços e a consequente perda de capacidade de resposta para
cumprir aquela que devia ser a sua missão em benefício de doentes
que estão sujeitos a sofrimentos e limitações terríveis”.
Além
de referir “ter
havido, nos meses de verão, necessidade em diminuir o número
internamentos devido à escassez de recursos humanos, problema que se
arrasta sem perspetiva de ser resolvido”, a
interpelação a Marta Temido enfatiza o facto de
“continuar por iniciar, desde há muito tempo, a anunciada
empreitada de requalificação e adaptação do edifício do Hospital
de Hansen”.
A
líder do executivo camarário cantanhedense assinala igualmente que
“estão também
por iniciar as
obras na lavandaria do SUCH
– Serviço
de Utilização Comum dos Hospitais
que funciona nos edifícios do Rovisco Pais, ao mesmo tempo que se
avolumam os indícios da intenção de a deslocalizar para Montemor o
Velho, o que, a confirmar-se, irá reverter na perda de massa crítica
do CMRRC – Rovisco Pais, eventualmente para justificar o
desinvestimento noutros serviços e o esvaziamento das funções
desta que já foi uma unidade hospitalar de referência”.
Por outro lado, Helena Teodósio
insiste em que deve ser equacionada
“uma plataforma de cooperação que permita avançar com soluções
para os graves problemas identificados nos serviços de saúde do
concelho”, entre os quais
“a necessidade, urgente,
de estabilizar o quadro de pessoal do Hospital Arcebispo João
Crisóstomo, em Cantanhede, sobretudo do corpo clínico, de modo
melhorar os serviços e otimizar o bloco operatório, devendo ainda
ser rapidamente adotadas medidas que ponham cobro à escassez de
valências cirúrgicas e à oferta limitada de consultas de
especialidades”.
Segundo a autarca, “é
preciso melhorar significativamente a capacidade de resposta da
consulta aberta no Centro de Saúde, através da implementação de
um atendimento de urgência com mais médicos e um horário mais
alargado com disponibilidade de meios complementares de diagnóstico”,
bem como
“resolver urgentemente a falta de médicos nas Unidades de Saúde
Familiares (USF) e nas extensões de saúde, situação que tem
deixando muitos munícipes sem assistência médica, o que se afigura
particularmente grave para os mais idosos”.
Por último, Helena Teodósio lamenta
de a ARS – Administração Regional de Saúde do Centro não
responda ao pedido para que sejam criados mais três Postos de
Atendimento de Cuidados de Enfermagem onde realmente fazem falta. E
sublinha: “Esta resposta
social criada e financiada pela autarquia ao abrigo de um protocolo
que envolve também as juntas das freguesias que não possuem
extensões de saúde, tem proporcionado, desde há vários anos, um
atendimento de proximidade às populações mais distantes dos
serviços de saúde, o que se tem revelado da maior utilidade na
resposta às necessidades das pessoas, sobretudo das mais idosas”.
Por isso, diz a presidente da Câmara Municipal, “surpreende-nos
muito que a ARS Centro esteja a inviabilizar a criação de mais três
Postos de Atendimento de Cuidados de Enfermagem em localidades que
manifestamente carecem deste serviço e persista em não assinar o
protocolo relativo ao funcionamento dos sete já existentes”.
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