O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Moçambique até ao fim do ano. “As projecções para 2019 foram revisadas, no caso do crescimento do PIB, em alta de 1,8 por cento para 2,1 por cento” indicou nesta quarta-feira (13) o chefe da equipa do FMI que visitou o nosso país, Ricardo Velloso, que no entanto rebaixou as expectativas para o próximo ano “espera-se que o crescimento do PIB real venha a atingir 5,5 por cento em 2020”.
Em Maio último o Fundo Monetário rebaixou o crescimento do PIB, que fora estimado em 3,8 por cento, prevendo o impacto dos ciclones Idai e Kenneth na economia nacional porém agora: “As projecções para 2019 foram revisadas, no caso do crescimento do PIB, em alta de 1,8 por cento para 2,1 por cento e a razão é que a agricultura tem estado um pouco melhor do que esperávamos”.
“A projecção de inflação foi revisada em baixa, de 8,5 por cento para 3 por cento este ano, e essa foi uma grande surpresa. Normalmente quando há um choque de oferta tão grande, quanto o que aconteceu em Março e em Abril se nota uma aceleração muito grande da inflação, isso não aconteceu, a inflação de Maputo é muito baixa, por exemplo”, revelou o chefe da equipa do FMI que desde 6 de Novembro esteve em Maputo para analisar os desenvolvimentos económicos recentes e actualizar as projecções macroeconómicas.
No entanto estas estimativas revistas do FMI continuam a ser muito conservadoras comparativamente às projecções do Governo de Filipe Nyusi que incluindo o impacto dos dois ciclones que em Março e Abril fustigaram o Centro e o Norte de Moçambique reviu o crescimento este ano para 2,5 por cento e espera que a inflação cresça para 7 por cento.
Entretanto a missão do Fundo Monetário rebaixou as expectivas de um crescimento de 6 por cento no próximo ano. “As perspectivas para 2020 são de uma forte recuperação da actividade económica e de uma inflação baixa. Espera-se que o crescimento do PIB real venha a atingir 5,5 por cento em 2020, suportado pelos esforços de reconstrução pós-ciclones, uma recuperação na agricultura, e pelo estímulo económico de um relaxamento gradual adicional das condições monetárias e da regularização dos pagamentos internos em atraso aos fornecedores. O sector da construção e outras actividades deverão também ser impulsionadas pelos investimentos nos megaprojectos de gás natural liquefeito (GNL)”, declarou Velloso que projectou que a “inflação deverá permanecer baixa, com uma ligeira subida para 5 por cento no final de 2020”.
“Consistente com as recomendações da última consulta ao abrigo do Artigo IV, a missão recomenda uma consolidação fiscal gradual a médio prazo, com vista a eliminar o défice fiscal primário até 2022, salvaguardando ou aumentando, simultaneamente, despesas sociais bem direccionadas. O financiamento deve continuar a apoiar-se em donativos externos e empréstimos altamente concessionais, dado o elevado nível da dívida pública. A missão saúda os progressos significativos na regularização dos pagamentos internos em atraso aos fornecedores e sublinha que, apesar de alguns progressos, são necessários esforços adicionais para regularizar os reembolsos do IVA em atraso”, recomendou o FMI.
Al Shabaab ainda não representa um risco para a economia moçambicana
Entretanto, e embora o Comité de Política Monetária (CPMO) do banco central tenha interrompido a descida das suas taxas de referência para o sistema financeiro, a missão do Fundo Monetário Internacional avalia “que há amplo espaço para o Banco de Moçambique continuar a relaxar a política monetária face às expectativas de inflação bem ancoradas, desde que este relaxamento seja suportado por uma política fiscal prudente”.
Instado pelo @Verdade a clarificar os motivos que teriam levando o CPMO a não baixar a Taxa Mimo, as taxas da Facilidade Permanente de Depósitos e da Facilidade Permanente de Cedência, assim os coeficientes de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira, Ricardo Velloso explicou que: “Se você relaxa a Política Monetária muito rápido e esses riscos se materializam há a possibilidade do Banco de Moçambique ter que aumentar as taxas de referencia e eles querem evitar isso”.
“Então o jeito é a Política Fiscal, nós esperamos que 2020 seja um ano de consolidação fiscal, um ano pós-eleitoral, mas há riscos. O Orçamento (de Estado) vai ser preparado um pouco mais adiante, o Banco de Moçambique não tem hoje esses elementos para julgar. Mas há outros riscos como o processo de paz, está a caminhar bem mas não se sabe se ele vai continuar a caminhar bem. Há um risco que vem da economia internacional, há uma guerra comercial em andamento, se as coisas se resolverem bem óptimo, se não se resolverem bem é um problema e Moçambique é parte da economia internacional e por isso o banco de Moçambique tem que ser cauteloso”, argumentou.
Relativamente a insurgência protagonizada há mais de 2 anos por grupos apelidados de “Al Shabaab” na Província de Cabo Delgado o Fundo Monetário Internacional considerou que ainda não representa um risco para a economia moçambicana. “No Norte do país há sim problemas de violência que precisam de ser enfrentados, mas para a economia eu acho que o processo de paz (com a Renamo) talvez seja um pouco mais importante, uma parte importante do país fica sem acesso aos produtos”.
“No Norte do país o risco é para execução dos megaprojectos, no momento não aconteceu nada, os megaprojectos seguem, a informação que temos é que é possível protege-los e continuar com os investimentos, mas o risco é que essa violência se escale, tomamos muito boa nota dos esforços que o Governo está fazer para controlar a situação”, concluiu Ricardo Velloso.
Fonte: Jornal A Verdade, Mçambique
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